Laboratórios de química. Lojas de quadrinhos. Códigos de programação de computadores. É popular assumir que estes são os domínios de caras nerds – do tipo péssimo em futebol, mas que tiveram sua vingança, fundando empresas de tecnologia, onde fazem seus ex-colegas atletas varrerem o chão.
Mas essa noção está rapidamente se tornando uma lembrança, limitada a filmes como Mulher Nota 1000 e A Vingança dos Nerds da década de 80. E isso está desaparecendo, francamente, afinal, essas ideias estão simplesmente erradas.
Enquanto a Cultura Pop tem investido muito no estereótipo do homem branco nerd, as mulheres na cultura geek foram invisíveis por um bom tempo. Mas isso não quer dizer que elas não existissem. Embora histórias em quadrinhos, tecnologia e indústrias de games tenham historicamente servido aos homens, as mulheres sempre foram uma parte desse Universo, tanto como consumidoras, quanto como criadoras fora dos holofotes.
Anita Sengupta cresceu como grande fã de Doctor Who e Star Trek; ela é agora uma dos líderes da equipe responsável pra aterrissagem do rover Curiosity da NASA em Marte. A atriz Ashley Eckstein viu fangirls de Star Wars serem ignoradas por comerciantes, o que a motivou a fundar sua própria empresa de moda pra mulheres geeks – como ela. Jillian Venters emergiu essencialmente entre fãs de sci-fi, onde jogou Dungeons & Dragons por 10 anos e agora opera uma comunidade online pra góticos.
Então nós estamos aqui pra dizer de uma vez por todas que sim, existem muitas meninas geeks e nerds por aí, e elas estão fazendo contribuições impressionantes pro mundo.
Aqui estão 11 mulheres que devem servir como modelos pra próxima geração de meninas geeks:
1. Lindsey Stirling – Violinista do YouTube
Seus vídeos têm mais de 675 milhões de visualizações no YouTube, seu primeiro álbum ganhou disco de platina na Alemanha, seu follow-up chegou ao número 2 na Billboard Top 200 Album Chart em abril deste ano e Lindsey Stirling conseguiu tudo isso por tocar violino enquanto dança.
Ela pode ter sido eliminada do America’s Got Talent em 2010 – talvez por confundir Piers Morgan, que não ver o valor em uma violinista de Dubstep, um gênero musical londrino -, mas Sterling transformou sua sensibilidade improvável e talento em uma carreira muito legítima. Quando não está em turnê ou em gravação, ela gasta seu tempo livre como palestrante motivacional pra adolescentes.
Como é ser nerd?
Ser humano, tropeçar de vez em quando, ficar afobada quando falo com um menino bonito, só porque eu quero ser capaz de ser boba e não me importar com o que as pessoas estão pensando.
Quem são seus heróis?
Isso pode soar clichê, mas honestamente meus pais me ensinaram que estava tudo bem ser eu mesma e ir atrás dos meus sonhos. Eles sempre apoiaram e me ajudaram em tudo o que eu sempre quis alcançar e realmente acreditavam que eu poderia fazê-lo. Quer dizer, eu olho pra trás e algumas das coisas que eu tentei e imagino se eu seria tão inspiradora pra minha filha, se ela tentasse fazer as mesmas coisas (risos). Eu certamente não seria quem eu sou hoje sem a minha mãe e meu pai, com certeza. E eles certamente se enquadram na categoria de “nerds legais”.
Que conselho você daria pra próxima geração de meninas nerds?
Ser nerd é incrível, não deixe ninguém lhe dizer o contrário! Seja você mesma e tenha orgulho disso.
2. Oni Hartstein – Mãe das Convenções de Fãs
Um marketing profissional por dia, Oni Hartstein é uma criadora de webcomic, uma das fundadoras e organizadora de convenções de fãs e uma aficionada por casas mal-assombradas. Resultado de seus cinco anos de trabalho: The Premier Showcase of Online Creativity é uma convenção e uma incubadora de DIY – uma abreviação de Do It Yourself, Faça Você Mesmo -, artistas independentes e tecnologia. Ela também fundou (Re)Generation Who – a convenção de Doctor Who pra todas as gerações.
Como é ser geek?
Significa que você não está necessariamente no que as pessoas chamam de mainstream. Eu sempre fui uma pessoa deslocada, que gosta de livros, sempre gostei de criar coisas. Eu li O Senhor dos Anéis e O Hobbit muito cedo, quando outras crianças estavam lendo The Baby-Sitters Club. Você é mais deslocado, mas existem outras pessoas como você. Você encontra pessoas que entendem o seu estilo, entendem seu amor pelos livros, seu amor por casas assombradas e teatro imersivo, seu amor por coisas que exigem um pouco mais pensamento.
Quem são seus heróis?
Ele faleceu quando eu tinha 12 anos, mas eu gostaria de dizer que foi meu pai. Ele era um veterano da 2ª Guerra Mundial, fui criada pelo meu avô biológico. Ele sempre ensinou todas as suas filhas a se defender. Entre os heróis do mundo da arte, eu realmente amo o trabalho de Mary Blair. É tão óbvio, pois meu trabalho artístico é muito parecido com o dela. Ela projetou o passeio It’s a Small World, na Disney. Ela foi uma das primeiras artistas do sexo feminino que ficaram realmente famosas. Ela teve uma grande carreira nos livros infantis e sua arte é muito legal.
Que conselho você pode dar pra próxima geração de meninas nerds?
Seja positiva e se concentre nos seus objetivos, não importa quais sejam. Você vai ter um monte de altos e baixos na vida. Não se desvie de seus objetivos, tentando corrigir tudo ou lutando todas as lutas. Lute as lutas que importam em cinco anos. No final, você vai ganhar, porque você vai ter conseguido e os resultados não mentem. Além disso, nunca deixe ninguém lhe dizer o que é importante na vida. Faça o que você ama tanto quanto for fisicamente possível. Isso é o que vai ser o motor que irá alimentá-la durante todo o caminho.
3. Catherine Lewis – Cosplay Svengali
Catherine Lewis administra “God Save the Queen Fashions”, uma empresa que cria fantasias pra cosplays. Quando ela diz às pessoas o que ela faz pra ganhar a vida, as reações variam de olhares estranhos pra interesses despertados. “Normalmente, uma vez que eu menciono Dragon Con ou San Diego Comic-Con, as pessoas dizem ‘Ooooooooh’.” Às vezes as pessoas não acreditam que, pra Lewis, cosplay é uma trabalho e não apenas um hobby. “Então eu explico que tenho uma loja em Doraville – Geórgia -, e eu mesma gerencio o negócio”, disse ela. “Tecnicamente, eu poderia dizer que trabalho com vendas.”
Como é ser geek?
Isso significa que quando eu estou em pé na fila do supermercado, estou olhando pra jaqueta da pessoa na minha frente e pensando como foi costurado e estudando com o que ela combina. Isso significa que quando as pessoas me perguntam sobre algum tipo de questão de costura, 99% do tempo eu vou ter uma resposta muito detalhada pra lhes dar. Quando você tem conversas normais com as pessoas, elas balançam a cabeça e dizem algo como “legal”. Quando falo com as pessoas sobre costura, elas saem de seus telefones ou seu notebook e começam a escrever.
Quem são seus heróis?
Mais do que um herói, eu realmente gosto de olhar pros amigos que também possuem seus próprios negócios. Quando eu preciso de esclarecimentos sobre o meu negócio, como lidar com ele e ter algumas perspectivas de fora, eu vou falar com esse cara chamado Steve Dengler. Steve administra o xe.com, que é um website de Câmbio. Sempre que eu estou me sentindo um pouco frustrada ou estressada, eu posso me lembrar dessas conversas, onde ele dá tanta clareza e inspiração. Ele sempre me faz sentir melhor. Eu diria que o Superman é meu herói, mas todo mundo diz Superman, então…
Que conselho você pode dar pra próxima geração de meninas nerds?
O melhor conselho que eu poderia dar é concentrar-se no trabalho. Isso, em última análise, é o que importa. Se você quiser fazer bons cosplays, foque nas fantasias. É muito fácil mergulhar no drama, no estresse desnecessário. Se você pode gerenciar seu trabalho, seu dinheiro e seu tempo, e se você quer ter a profissão de cosplay de alta costura, você provavelmente vai ficar bem. E papelada! Ajuda se você é bom em papelada. Executar um negócio dentro da sua casa é difícil. A falta de espaço comercial é incrivelmente esmagadora. Você tem que obter uma autorização residencial, certificado de ocupação, inspeção dos bombeiros, tenho que fazer folhas de pagamento a cada duas semanas, impostos trimestrais. Quer dizer, há um monte de coisas que as pessoas não percebem, mas tem que ser feitas.
4. Ashley Eckstein – Fangirl Fashionista
Ashley Eckstein percebeu a necessidade de mercadorias pra fãs enquanto dublava a amada personagem Ahsoka da série animada Star Wars: Guerrass Clônicas. As únicas camisetas de Star Wars que ela via em convenções eram masculinas e sem forma, estampadas com imagens que ignoravam as personagens e a sensibilidade feminina. Em 2009, ela fundou Her Universe, uma marca de roupas femininas global pra fãs de ficção científica jovens e adultos. “O que a maioria das pessoas não percebe é que cerca de metade de todos os fãs de ficção científica, fantasia e geeks são mulheres. E isso é uma estatística difícil “, disse Eckstein.
Como é ser geek?
Pra mim, é bater seu próprio tambor, ser confortável e confiante e estar consigo mesma. É definitivamente um desafio às vezes, especialmente quando você é mais jovem, porque a sociedade ainda está dizendo que você tem que se conformar. Mas eu sinto que há toda uma geração de meninas geeks que agora são adultas, que agora percebem que está tudo bem. Que nós podemos ser meninas geeks e ter orgulho disso.
Quem são seus heróis?
Meus pais sempre me disseram que eu podia fazer qualquer coisa. Se eu tivesse um sonho louco, eles nunca me diriam “não”. Era sempre: “Sim, você pode conseguir isso.” Meu marido também. Fora da família, eu estava tão inspirada por Sandra Day O’Connor, a primeira mulher juíza da Suprema Corte dos Estados Unidos. Como uma mulher, ela poderia sentar-se em uma das maiores cadeiras, a cadeira mais poderosa da terra. Se ela podia, eu senti que uma mulher como eu poderia conseguir algo tão grande quanto.
Que conselho você pode dar pra próxima geração de meninas nerds?
Meu conselho pras geeks da próxima geração é que você não está sozinha. É difícil, quando você é jovem e pensa diferente da sua escola ou da sua classe ou do seu grupo de amigos. Muitas dessas meninas são as únicas em sua classe que preferem correr pra casa e assistir os episódios de Star Wars do que o estereótipo do que as garotas deveriam assistir. Na verdade, há um exército de fangirls por aí que gostam das mesmas coisas que elas fazem. Às vezes, a Internet pode ser um lugar perigoso pras crianças. No entanto também pode ser um lugar incrível onde as meninas podem descobrir comunidades online de mulheres que gostam das mesmas coisas que elas.
5. Kimberly Bryant – A Grande Equalizadora da Computação
Kimberly Bryant é a fundadora e diretora-executiva da Black Girls CODE, uma organização sem fins lucrativos de alto crescimento e impacto. “Trabalhamos pra dar acesso à tecnologia pra meninas negras de 7 a 17 anos”, disse ela. A organização começou a tentar reduzir a exclusão digital das meninas negras na área da Baía de São Francisco em 2001. Black Girls CODE agora serve meninas em sete cidades dos Estados Unidos e de Joanesburgo, África do Sul.
Como é ser nerd?
Eu cresci como um garota nerd, sempre com livros de literatura, matemática e ciências. Eu não estava profundamente interessada em codificação, jogos ou na tecnologia quando criança, mas de forma mais ampla, em atividades intelectuais em geral. Eu acho que o fenômeno Geek se identifica com cientistas da computação, gamers e aqueles interessados em tecnologia e ferramentas tecnológicas em geral. Minha filha é certamente mais geek do que eu e tem sido uma gamer desde os 7 anos de idade. Ela é a “verdadeira cientista da computação” em nossa família.
Quem são seus heróis?
Eu tenho muitos heróis e pessoas que me inspiram. Enquanto crescia, meus heróis eram pessoas como Martin Luther King, Oprah, e Thurgood Marshall. Inicialmente eu pensei que seria uma advogada, em vez de uma engenheira, eu era muito inspirada por Thurgood Marshall. Todos eles desempenharam um papel significativo em termos da formação dos meus pontos de vista, tanto da liderança, quanto da justiça social. Hoje, estou mais inspirada por minha filha, Kai, e as muitas garotas como ela que frequentam nossos programas. Essas divas jovens da tecnologia são brilhantes, apaixonadas por tecnologia e estou certa de que elas vão causar um impacto duradouro sobre o futuro da tecnologia.
Que conselho você pode dar pra próxima geração de meninas nerds?
Seja ousada e tenha personalidade. Sobreviver em campos dominados por homens não é um caminho fácil pras mulheres, mas eu acredito que as mulheres têm muito a oferecer com suas habilidades e talentos. É importante ser ousada e assumir riscos calculados na prossecução das nossas paixões nerds e geekys. E, claro, pra sobreviver no campo, uma boa quantidade de coragem também é importante.
Então galera, antes de acabar o post, gostaria de dizer que todos estão abertos a dizer o que acharam, se gostaram, se não gostaram, se sentiram falta de alguma curiosidade além de debater sobre os tópicos.
E os criadores do Ei Nerd! (Ruan e Peter) pediram pra avisar que o melhor conteúdo de todos está no nosso canal no Youtube e na nossa comunidade fechada no Facebook! Por isso não deixe de dar uma conferida neles para novas listas e curiosidades incríveis.
Seja o primeiro a comentar