O Universo Estendido da DC (UEDC) ainda está enfrentando alguns problemas para conseguir se estabelecer, após três longas que ficaram longe de ser unanimidade. Portanto, é um sopro de ar fresco ver que Mulher-Maravilha foi bem recebido pela crítica. Uma ótima história de origem para a heroína mais famosa de todos os tempos.
O filme também pode ser considerado um marco, já que filmes protagonizados por heroínas carregam o peso de serem considerados péssimos. Assim, Mulher-Maravilha pode mudar o jogo, nesse sentido.
O filme tem alguns pequenos problemas, mas eles parecem quase irrelevantes, se levarmos em conta os empecilhos dos últimos títulos do UEDC. No geral, Mulher-Maravilha é um bom divertimento e uma grata supresa.
Confira abaixo quatro pontos negativos e sete positivos de Mulher-Maravilha. E pode ler com tranquilidade, pois não há spoilers no texto:
Pontos Negativos
4) Os vilões não são muito interessantes
Em filmes de super-heróis, parece ser um problema geral o fato de vilões não terem o mesmo tratamento dos heróis, e muitas vezes, se tornam “sem graça”. E Mulher-Maravilha não fugiu deste ponto.
Existem três antagonistas no filme, e a mais interessante é a Doutora Veneno (Elena Anaya), mesmo que ela não seja devidamente explorada. O General Ludendorff, interpretado por Danny Huston, não chega a ser muito convincente e é uma figura ausente em certas partes do filme. E por fim, o principal vilão é Ares, o Deus da Guerra. Sua forma final é uma mistura de CG que não funciona muito bem.
Isso não chega a atrapalhar o filme, mas é um pouco frustrante ver que ele caiu no velho problema de vilões pouco aproveitados ou subutilizados.
3) Muita câmera lenta
Se há algo que os fãs não gostaram muito de ver nos trailers do filme foram várias sequências em câmera lenta. E, sim, elas estão presentes em Mulher-Maravilha.
Apesar de a diretora Patty Jenkins fazer um bom trabalho com as cenas de ação, ela também pecou um pouco ao utilizar muita câmera lenta, o que fez parecer um filme dirigido por Zack Snyder.
Um pouco de câmera lenta em alguns momentos faria sentido, por conta da velocidade em que Diana luta, mas Jenkins exagerou um pouco no tom.
2) Muitos efeitos especiais
Efeitos especiais é uma regra em filmes de super-heróis, e não há como fugir disso. Muitos efeitos especiais de Mulher-Maravilha funcionam bem, mas também houve um pouco de exagero em alguns momentos, ao ponto de fazer os movimentos da heroína parecerem estranhos e até mesmo nos distraírem.
Isso sem contar a luta final contra Ares, na qual parece que a produção gastou boa parte de seu orçamento para cria-la. Se assemelhou um pouco com a bagunça que se tornou o duelo contra o Apocalypse em Batman vs Superman.
Às vezes, menos é mais, e assistir uma luta que foi gravada em um cromaqui não é tão envolvente quanto um duelo contra um oponente físico e real.
1) O final é bem genérico
Os primeiros 90 minutos do filme são fortes e divertidos, mas o tom da parte final deixou um pouco a desejar, por ser algo bem genérico, após a revelação de partes do enredo que eram bem previsíveis.
A reviravolta de enredo da parte final já era conhecida por meses, então tirou um pouco do clima. Existe também um pouco do famoso drama, mas que até funciona bem, nesse caso.
Como dito no item anterior, a batalha climática entre Diana e Ares é um festival de efeitos especiais, e seu desfecho chega a ser exagerado e hilário. Mas como o filme, no geral, é muito bom, isso é fácil de ser perdoado.
Ponto Positivos
7) Gal Gadot provou seu valor
Mesmo que Gal Gadot tenha sido um dos poucos pontos positivos de Batman vs Superman, muita gente ainda duvidava de sua capacidade no papel da Mulher-Maravilha.
Para nossa sorte, Gadot mostrou aos céticos e seus críticos que eles estavam errados. Sim, partes de seu diálogo possuem algumas falhas, mas seu desempenho é extremamente carismático e encantador. E o mais importante: foi convincente.
6) O tom de esperança
O tom do filme da Mulher-Maravilha é único entre o gênero de super-heróis. É um ponto fora da curva entre o sombrio da DC e o sarcasmo da Marvel, e possui um espírito semelhante com o filme do Superman de 1978 ou Capitão América: O Soldado Invernal.
A inocência e o otimismo com a humanidade de Diana dá ao filme um estilo meio “antigo”, o que é um sopro de ar fresco entre os atuais filmes do gênero. O título possui um ótimo equilíbrio entre mostrar o lado mais sombrio do ser humano e seus momentos de descontração. Uma grata surpresa.
5) A maior parte de ação é ótima
Sim, há alguns problemas com o uso excessivo de câmera lenta e uma luta final muito genérica, mas a maior parte da ação do filme é ótima.
Desde a abertura em Themyscira com as Amazonas lutando contra os alemães, até um dos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial, existe uma ação muito dinâmica e convincente, que com certeza, se destaca entre os demais filmes do gênero.
Seria ótimo se a Warner Bros. renovasse com Patty Jenkins para uma sequência, que já parece inevitável, também por conta de suas ótimas cenas de ação. Ela só precisa maneirar na câmera lenta.
4) Ritmo perfeito
Alguns filmes de super-heróis parecem longos e inchados até demais, e por conta disso, houve uma preocupação com os 141 minutos de Mulher-Maravilha. Mas pode ignorar isso, pois o ritmo do título é muito bom, e justifica seu longo período de duração.
O filme introduz a Ilha de Themyscyra para o público antes de jogar Diana no mundo, e por conta de uma combinação de um roteiro forte e ação convincente, o ritmo funciona perfeitamente, e o longa parece até passar rápido, em alguns momentos.
Sim, ele tem seus momentos de calmaria e sua parte final é um pouco monótona, mas seu ritmo é tão bom que ele parece passar rápido até nos momentos em que não há ação. Jenkins fez bom uso do tempo do filme e respeitou o público.
3) O romance é atraente
Até mesmo a Marvel parece ter dificuldades em colocar um pouco de romance em seus filmes, pois fica parecendo algo forçado e desnecessário. Mas Mulher-Maravilha soube trabalhar com esse aspecto.
O romance entre Diana e Steve Trevor é surpreendentemente natural (mesmo considerando o quão absurdo ele é), por conta da ótima química entre Gal Gadot e Chris Pine.
Até mesmo quando eles passam cinco minutos conversando e dançando, a cena funciona muito bem e parece natural, ao invés de ser algo forçado pelo estúdio, por exemplo. É, com certeza, um dos melhores romances entre os títulos recentes do gênero de super-heróis.
2) O elenco é excelente
Apesar de não terem um grande destaque, os demais membros do elenco também possuem seu valor, e são ótimas adições para o filme.
Podemos destacar Connie Nielsen como a Rainha Hipólita, Robin Wright na pele da General Antíope, Elena Anaya no papel de Doutora Veneno, Lucy Davis interpretando Etta Candy e Said Taghmaoui e Ewen Bremner como Sameer e Charlie, amigos de Steve.
Não é coincidência que os principais papéis ficaram reservados para mulheres, e seu elenco diverso mostrou como elas podem ser belas, espertas, poderosas e até mesmo intimidadoras.
1) É independente do UEDC
Após Batman vs Superman funcionar como um espécie de plataforma para o filme da Liga da Justiça, é ótimo saber que Mulher-Maravilha é um título próprio e separado dos demais.
É basicamente um filme de guerra com poucas referências ao UEDC, e não há qualquer referência a Liga da Justiça. Não existem cenas pós-crédito, que se tornaram um costume no gênero, e nem mesmo qualquer menção do que aconteceu após a luta contra o Apocalypse.
Os filmes de super-heróis parecem estar muito presos ao universo do qual fazem parte, então é um alívio ver que a aventura da Mulher-Maravilha foi independente e confiou bastante em si própria. Especialmente se considerarmos que o UEDC ainda está lutando para conquistar seus fãs. Não é coincidência que é o único filme da série avaliado positivamente pela crítica.
Fonte: WhatCulture
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