8 curiosidades sobre O Doutrinador que você não sabia

Igor Miranda

8 curiosidades sobre O Doutrinador que você não sabia

O Doutrinador é, talvez, a primeira produção de herói brasileira com o orçamento e a projeção que o gênero merece. O projeto ganhou filme, com estreia nos cinemas em 1° de novembro de 2018, e série de TV, com lançamento previsto para 2019 no canal pago Space.

Na história, Miguel (Kiko Pissolato) é um agente federal que percorre a fictícia metrópole de Santa Cruz, junto à sua equipe e ao parceiro Edu (Samuel de Assis), investigando e tentando prender políticos e empresários corruptos. Sua vida muda após uma tragédia pessoal. Tomado pelo sentimento de vingança, ele elege os responsáveis por seu sofrimento: os corruptos que desviam o dinheiro público, com seus próprios interesses em mente. O justiceiro, então, se torna o Doutrinador e encontra ajuda na jovem hacker Nina (Tainá Medina), que tem um olhar crítico sobre o sistema judicial brasileiro, também fruto de uma experiência pessoal.

Os envolvidos com a produção conversaram com o Ei Nerd e apresentaram algumas curiosidades ligadas ao Doutrinador. Veja, abaixo, alguns fatos interessantes sobre o quadrinho, o filme e a série do anti-herói:

1) Projeto rejeitado

O Doutrinador foi criado em 2008, em meio à indignação do quadrinista Luciano Cunha com o cenário político brasileiro. Apesar da boa ideia por trás do personagem vigilante, o projeto foi enviado para diversas editoras brasileiras, mas nenhuma delas aceitou publicá-lo – talvez, pelo teor polêmico que o assunto tinha à época. O conceito foi engavetado e só foi retomado em 2013, cinco anos depois.

“O Doutrinador é de 2008, mas, praticamente, não mudou nada. Não tinha a Operação Lava Jato, mas os escândalos eram diários como continuam sendo hoje. A revolta e a indignação são as mesmas”, diz Luciano.

2) Filho das manifestações de 2013

O momento para a retomada do Doutrinador foi bastante feliz: Luciano Cunha começou a publicar páginas das aventuras do anti-herói pelo Facebook, de forma independente, em março de 2013. Meses depois, em junho do mesmo ano, aconteceram as manifestações chamadas de “Jornadas de Junho”, que tomaram o Brasil.

Inicialmente, a população se mobilizou para protestar contra o aumento nas tarifas de transporte público. No entanto, a manifestação agregou diversas causas e passou a ser contra o sistema político vigente no Brasil.

“Não tenho dúvidas de que o Doutrinador é filho das manifestações de 2013. São coisas que só acontecem uma vez na vida. Eu retomei o personagem em março (de 2013), comecei a postar na rede social sem compromisso, só para externar, e, em junho, começa esse período em que o personagem surfou totalmente naquela onda dos protestos”, afirmou Luciano Cunha.

“Foi nessa época em que ele cresceu demais: em curtidas, audiência, várias matérias aqui e lá fora. Devo tudo, praticamente, não só à rede social (já que o personagem foi negado lá atrás pelas editoras brasileiras e eu acabei me autopublicando) e também às manifestações. Sem isso, nada estaria acontecendo”, completou.

3) Contra qual partido?

Seja na HQ, no filme ou na série, o Doutrinador não toma partido. O personagem exprime sua revolta contra o sistema político, no geral, já que sua tragédia pessoal poderia ter sido evitada se o dinheiro público fosse utilizado de forma mais consciente.

“Politicamente falando, o filme não toma partido político – é neutro, apenas contra a corrupção, que é parte de nós e não pertence a nenhum partido”, afirmou o ator Kiko Pissolato, que interpreta o anti-herói.

4) Justiceiro brasileiro?

Foto: Aline Arruda

A comparação mais fácil para situar o fã de quadrinhos com relação ao Doutrinador é chamá-lo de “o Justiceiro brasileiro”, em menção ao icônico personagem da Marvel. A inspiração é evidente: ambos são anti-heróis, não têm poderes e tomam decisões impulsivas com base em tragédias pessoais.

Apesar disso, há nuances que diferenciam o Doutrinador do Justiceiro. “A melhor definição veio de um fã que escreveu: ‘o Doutrinador pensa como o V, age como o Punisher e fala como Rorschach. Foi um grande elogio, porque ele pegou três ícones de anti-heróis. É bem isso mesmo: ele tem esse ideal libertador como o V, age por meios violentos como o Justiceiro e a fala dele é bem ácida, como Roschearch”, afirmou Gabriel Wainer, editor-chefe de Guará Entretenimento e co-criador do projeto de cinema e TV do personagem.

5) Filme tem protagonista diferente da HQ

Há algumas diferenças entre as versões de Miguel, o Doutrinador, dos quadrinhos e dos projetos audiovisuais (filme e série). A principal está relacionada à idade: na HQ, o protagonista é bem mais velho, pois ostenta cerca de 60 anos e é oriundo do cenário da ditadura militar, que governou o Brasil entre as décadas de 1960 e 1980.

Há várias explicações para essa mudança, segundo Luciano Cunha. “No quadrinho, o cenário de ditadura seria bem distante da galera que vai ao cinema hoje. A molecada não ia estar ligada nesse cenário. Além disso, principalmente, não temos um ator com esse perfil no Brasil, entre 62 e 63 anos. Não temos um ator nessa idade e aptidão física para atuar como vigilante de quadrinhos em uma produção do tamanho que ficou”, disse.

Gabriel Wainer completou: “Até se fizéssemos um filme de origem, teríamos que fazer um corte temporal gigantesco, com um flashback enorme. O personagem principal do Doutrinador é a máscara, a ideia que representa. Então, fizemos uma adaptação ou outra para ganhar história sem perder o que a máscara representa.”

6) O treinamento do anti-herói para o filme

Como os atores se preparam para dar vida a heróis de quadrinhos em filmes e séries? Dá para ter uma noção do que é necessário quando se analisa o que Kiko Pissolato fez para dar vida ao Doutrinador.

A escolha de Kiko Pissolato para o papel teve influência direta em sua notável aptidão física. “No caso específico do Kiko, além de sua capacidade, ele tem o físico do personagem: tem a cara de super-herói e o porte físico que combinava com o que tínhamos em mente. Além disso, é um ator que gosta de fazer as coisas mesmo: fez luta, treinou… o sonho dele era fazer um filme estilo Van Damme”, disse o diretor Gustavo Bonafé.

“A preparação física é paralela à minha trajetória, mas precisei me preparar porque vim de um acidente. Fui atropelado, perdi 10 quilos e precisei voltar à ativa. Tive um período muito curto para recuperar e mergulhei de cabeça, treinei muito forte”, disse Kiko Pissolato, que, em seguida, especificou o que fez: “Treinei luta militar especificamente para o filme, aprendi a lidar com armas, fiz curso com policiais para aprender a fazer os procedimentos e me movimentar… acho que foi a preparação de toda uma vida que me trouxe até aqui.”

7) Doutrinador vs. Justiceiro

Foto: Aline Arruda

A Batalha Mortal é um dos quadros mais famosos do nosso canal no YouTube. E qual seria o resultado de uma batalha entre o Doutrinador e sua maior influência, o Justiceiro, em condições iguais de embate?

“Vou puxar para o meu filho, né?”, disse Luciano Cunha, antes de explicar o motivo pelo qual o Doutrinador venceria. “Talvez, pelo pouco de nossa malemolência, porque o Doutrinador tem um pouco de capoeira. Então, de repente iria surpreender o Justiceiro na mão, assim como o jiu jitsu. Acho que o Justiceiro iria se ferrar na mão”, afirmou

“Na bala, vai ser fogo, literalmente. Mas quando vier para a mão, acho que o nosso Doutrinador dá um pau no Frank”, completou Gabriel Wainer.

8) Série ‘aprofundada’

A série do Doutrinador será exibida no canal de TV pago Space a partir de 2019, ainda sem data estabelecida. E a proposta do seriado não é dar continuidade aos acontecimentos do filme, mas, sim, aprofundar a história apresentada.

“O filme e a série foram produzidos juntos. Então, não vai ter diferença técnica nenhuma. Na série, vamos nos aprofundar mais em outros personagens. Há, também, personagens que existem na série, mas não no filme. E há personagens na série cujos destinos são diferentes dos apresentados no filme”, explicou Gustavo Bonafé.

“Em duas horas, é impossível verticalizar uma relação ou um personagem. A semente fica plantada. Mas nós temos a série, esse é o diferencial. E o filme não é resumo da série: há novos conflitos e outros personagens que vão aparecer”, pontuou Kiko Pissolato. “Abre para outras nuances dos personagens em outros sistemas. A história da série é outra”, completou Tainá Medina, que interpreta a personagem Nina.

Outro diferencial da série, segundo Gabriel Wainer, é a presença ainda mais intensa de cenas de ação. “A série destrincha os acontecimentos e aprofunda as questões dos personagens. Na série, terão consequências maiores e dilemas diferentes. Vamos aprofundar com seis vezes mais ação”, afirmou.

* A convite da produção, a reportagem viajou para São Paulo e acompanhou ao lançamento para imprensa.

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