Por André Luiz Fernandes
Adaptar a obra de George R.R. Martin para a TV não é das tarefas mais fáceis. Muitos detalhes e até personagens acabam tendo que ficar pelo caminho e se foi assim com Game of Thrones, não está sendo diferente com A Casa do Dragão. No entanto, há um indivíduo muito importante no livro Fogo e Sangue que está fazendo falta no seriado.
Trata-se de um homem que era conhecido apenas como “o Pastor”, que vivia pelas ruas de Porto Real na época da Dança dos Dragões. Extremamente pobre, de aparência e cheiro desagradáveis (que lhe renderam o apelido de “Pastor Morto”) e sem uma das mãos, a estranha figura era um seguidor da Fé dos Sete e possivelmente membro da ordem dos Pobres Companheiros, um grupo religioso fundamentalista criminalizado pelos reis Targaryen.
O Pastor se aproveitou da instabilidade em Westeros causada pela guerra civil entre as duas facções dos Targaryen e começou a pregar nas ruas contra a dinastia. Chamava os dragões de demônios e dizia que as pessoas com sangue valyriano eram “sem deuses”. Em suas pregações, afirmava que os dragões da família real destruiriam a cidade, matando a todos sem distinção de classe.
Em um período de medo crescente, o Pastor conseguiu um bom número de seguidores, na casa das centenas. Inflamados pela morte da querida rainha Helaena Targaryen – que tirou a própria vida, mas segundo o Pastor, foi assassinada a mando de Rhaenrya -, o “rebanho” atendeu então à reivindicação mais insana de seu mestre: tomou de assalto o Fosso dos Dragões.
É difícil dizer o número de pessoas mortas durante a invasão, mas o fato é que a turba enfurecida matou quatro dos dragões abrigados no fosso. A rebelião e a revolta crescente contra Rhaenyra, que controlava a capital naquele momento, fez com que ela fugisse de Porto Real, dando início a um período chamado pelos historiadores de Westeros como a Lua dos Três Reis. A cidade ficou dividida entre facções, uma delas comandada pelo Pastor, de dentro do Fosso dos Dragões.
A queda do Pastor
Enquanto o rei Aegon II não retornava, as tropas do lorde Borros Baratheon foram enviadas a Porto Real para colocar ordem na bagunça. O exército de mendigos do Pastor tentou intervir, mas já em menor número, foi facilmente derrotado. Seu líder ficou preso até o retorno de Aegon II e, quando confrontado pelo rei, o amaldiçoou.
O monarca Targaryen ordenou que a língua do Pastor fosse removida com pinças quentes, mas suas últimas palavras foram importantes: o homem prometeu que encontraria Aegon II e Borros Baratheon no inferno ainda antes do ano acabar – dito e feito, ambos morreram ainda naquele ano.
Os 241 seguidores restantes do Pastor foram queimados vivos em Porto Real, com o próprio Aegon II queimando seu líder no Fosso dos Dragões. Mas o estrago já estava feito: o Pastor e sua seita causaram um golpe grande aos Targaryen, que ele tanto odiava. E seu legado permaneceu.
O legado do Pastor
Depois da morte do Pastor original, outros dois indivíduos surgiram em Westeros alegando ser o Pastor Renascido. O primeiro apareceu logo após o fim da Dança dos Dragões, enquanto lord Cregan Stark e os exércitos do Norte ajudavam a conter os danos em Porto Real. O homem ameaçou os nortenhos por acreditarem nos deuses dos Primeiros Homens e não nos Sete, e logo foi morto
O segundo Pastor Renascido apareceu alguns anos depois e durou ainda menos tempo, já que ninguém o levou a sério e ele não conseguiu reunir seguidores. O fato é que o Pastor original foi decisivo na guerra e até hoje não se sabe se ele agia por pura insanidade e fanatismo religioso, ou por vingança, já que a ordem dos Pobres Companheiros havia tentado derrotar os Targaryen algumas vezes antes – mas não há certeza de que ele era parte do grupo. Trata-se de uma das figuras mais misteriosas e controversas da história de Westeros.
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