‘A Casa do Dragão’: quem é o verdadeiro responsável pelo início da guerra entre os Targaryen?

André Luiz Fernandes

‘A Casa do Dragão’: quem é o verdadeiro responsável pelo início da guerra entre os Targaryen?

A crescente expectativa pela 3ª temporada de A Casa do Dragão reacende um debate que atravessa toda a série: quem realmente desencadeou a guerra civil Targaryen, conhecida como A Dança dos Dragões?

Embora acontecimentos como a morte de Lucerys Velaryon ou as últimas palavras confusas do rei Viserys tenham marcado a disputa entre Verdes e Negros, um episódio específico da 1ª temporada ganhou nova relevância entre fãs e analistas. A cena envolvendo Alicent Hightower e a jovem Dyana, empregada no castelo, aponta para um divisor de águas que ajudou a fraturar a família mais poderosa de Westeros.

O crime de Aegon

Em um dos momentos mais sensíveis de A Casa do Dragão, Dyana procura a rainha para relatar, em desespero, que Aegon a havia violentado. A reação de Alicent, inicialmente acolhedora, muda de tom conforme a conversa avança.

A rainha conforta a jovem e afirma — na cena original — “não foi sua culpa”. No entanto, o gesto rapidamente se transforma em uma tentativa de silenciar o caso. Alicent oferece chá-da-lua e uma bolsa de ouro, reforçando que a garota deveria manter o episódio em segredo. A rainha ainda alerta a empregada de que ninguém acreditaria em sua palavra, especialmente por estar sozinha com o príncipe.

Os gestos, embora aparentassem proteção, funcionaram como táticas de intimidação que reforçaram a impunidade de Aegon, comportamento que já vinha sendo encoberto desde sua juventude.

Alimentando o problema

O episódio destaca como Alicent internalizou normas rígidas sobre poder e gênero. Criada pelo pai, Otto Hightower, que a orientou desde cedo a agradar figuras masculinas de autoridade — inclusive incentivando o relacionamento com o rei Viserys — a rainha cresceu acreditando que seu papel era gerir crises silenciosamente e proteger a reputação dos homens ao seu redor.

Essa visão moldou não apenas sua relação com o marido e seus filhos, mas também sua postura política. Ao ignorar o desejo claro de Viserys de ver Rhaenyra no Trono de Ferro, Alicent seguiu uma lógica tradicionalista ao defender a ascensão de Aegon por ser homem, argumento reforçado por ela própria na série.

A divisão de Verdes e Negros

A tomada do trono por Aegon, após a morte de Viserys, foi o ponto sem retorno na crise. Alicent apoiou a coroação alegando ter entendido mal as últimas palavras do rei. No entanto, o conteúdo da cena deixa claro que a motivação principal era manter o controle político dentro de sua linhagem.

A atitude apagou qualquer chance de reconciliação com Rhaenyra, que buscava negociações pacíficas desde o início da disputa entre os conselhos, ainda na primeira temporada de A Casa do Dragão.

Alicent: criminosa e vítima

Mesmo após sacrificar alianças e relações pessoais, Alicent perdeu poder quando Aegon ficou ferido. Nessa ocasião, personagens como Criston Cole, Larys Strong e até seu próprio filho Aemond afirmam que ela não poderia atuar como regente por ser mulher, apesar de já ter desempenhado essa função.

A própria rainha sofreu as consequências do sistema que ajudou a sustentar — sendo afastada exatamente pelo motivo que usou para justificar a destituição de Rhaenyra.

Ruptura definitiva

A interação com Dyana representa um microcosmo da lógica que guiou Alicent ao longo de toda a história: proteger homens poderosos, silenciar vítimas e preservar tradições que excluem mulheres do poder. O choque entre a rigidez da rainha e a postura insurgente de Rhaenyra ecoa diretamente na eclosão da guerra civil.

Mesmo com momentos de dúvida mostrados na 2ª temporada, o estrago já estava feito. O comportamento de Alicent ao longo dos anos, aliado a decisões políticas determinantes, consolidou o caminho que levaria ao conflito devastador retratado na próxima temporada da série.

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