Quando falamos de Metroidvania, muitos títulos chamam atenção, como Axiom Verge, Guacamelee, Ori and the Blind Forest e outros. Mas poucos conseguem atingir o nível de Hollow Knight, lançado em 2017 pela Team Cherry.
Não é exagero chamar o jogo de obra-prima: ele representa um ponto alto do gênero, refinando conceitos de Metroid e Castlevania com uma elegância rara e uma jogabilidade profundamente envolvente.
Um mundo que ensina sem mãos invisíveis
Hollow Knight não depende de tutoriais explícitos. Desde o começo, ao sair da cidade de Dirtmouth com apenas a orientação de “siga em frente”, o jogador é guiado por sutis sinais visuais: folhas verdes sugerem o caminho do Green Path, enquanto cristais rosas indicam a direção do Crystal Peak. Esses detalhes ajudam o jogador a se situar, sem quebrar a sensação de descoberta.
Ao se deparar com o primeiro inimigo blindado, você ainda não tem as ferramentas para derrotá-lo. Depois de explorar, conseguir o primeiro upgrade — o ataque Vengeful Spirit — e completar a primeira missão, aquele inimigo que antes parecia invencível pode finalmente ser derrotado. Essa sensação de conquista cria um vínculo único entre jogador e mundo.
Exploração e liberdade com inteligência
O jogo é composto por quinze áreas distintas, cada uma com cores, inimigos e desafios próprios. Desde a melancólica City of Tears até o árido Ancient Basin, o design de cores e a arquitetura ambiental não apenas encantam visualmente, mas ajudam na orientação do jogador.
O mapa do jogo complementa essa experiência: você pode marcar pontos de interesse e planejar seu caminho, promovendo uma sensação de agência rara em jogos modernos.
Hollow Knight entende a psicologia do jogador. A liberdade de explorar, tentar diferentes rotas e descobrir segredos cria um ciclo viciante, onde o jogador sente que o progresso é fruto de sua própria inteligência e curiosidade. É uma experiência que lembra o impacto inicial de Dark Souls em termos de exploração e agência.
Combate desafiador e construções de personagens profundas
O sistema de combate é refinado, equilibrando dificuldade e recompensa. Mais de 160 inimigos diferentes exigem atenção e estratégia. Com o avanço do jogo, novas habilidades e builds podem ser desbloqueadas por meio de pinos e notches, permitindo personalizar o estilo de luta do seu personagem. O jogo também introduz mecânicas únicas, como a forma espectral/dream, que altera significativamente a dinâmica da exploração e das batalhas.
Cada decisão de progressão, escolha de habilidade ou rota alternativa reforça a sensação de autonomia e agência do jogador. É um jogo que desafia não apenas reflexos e habilidades, mas também inteligência e paciência, tornando cada vitória emocionalmente gratificante.
Narrativa sutil e atmosfera imersiva
Hollow Knight não se destaca apenas por sua jogabilidade. A narrativa, entregue de forma discreta, rivaliza com títulos de grandes estúdios como FromSoftware. Pequenos detalhes, como a música, o uso de leitmotifs e a ambientação visual, transmitem sensações de perda, solidão e desolação, tornando o jogador parte integrante do mundo de Hallownest.
Cada área, inimigo e NPC contribui para a sensação de um mundo vivo e em declínio. É essa harmonia entre jogabilidade e narrativa que eleva Hollow Knight acima da média e cria uma experiência memorável, reforçando a expectativa em torno de Silksong, a sequência que promete expandir ainda mais a complexidade e beleza do universo de Team Cherry.
Um legado que inspira e envolve
Hollow Knight é muito mais que um bom jogo de Metroidvania: é uma experiência sensorial e emocional. A combinação de exploração, combate estratégico, progressão inteligente e narrativa atmosférica o torna um dos jogos mais importantes da última década.
E agora com Silksong, o mundo de Hallownest está prestes a se tornar ainda mais fascinante, mantendo o mesmo toque delicado e desafiador que tornou o primeiro título inesquecível.
Para fãs do gênero e novatos curiosos, Hollow Knight não é apenas uma recomendação — é uma experiência obrigatória, um exemplo de como videogames podem envolver, desafiar e emocionar ao mesmo tempo.
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