Review: A.I.L.A. impressiona com nível de imersão dentro do terror

Vinicius Miranda

Review: A.I.L.A. impressiona com nível de imersão dentro do terror
A.I.L.A. - Divulgação / Pulsatrix Studios

Depois de muita expectativa, finalmente A.I.L.A., jogo de terror desenvolvido pela Pulstraix Studios, com direção criativa do influenciador MaxMRM, foi lançado.

O jogo tem como temática principal o uso de inteligência artificial dentro do gênero de terror. O estúdio brasileiro apresenta uma proposta em que a IA participa diretamente da construção das fases, reagindo às decisões, emoções e comportamento do jogador. O jogo se passa em um futuro próximo, em que tecnologias avançadas fazem parte do cotidiano e influenciam a vida do protagonista, Samuel.

A proposta de A.I.L.A e o papel da inteligência artificial

No início da história, Samuel recebe um kit de desenvolvimento contendo a plataforma A.I.L.A, um sistema capaz de criar jogos moldados pelas reações do usuário. O funcionamento divide a experiência em duas partes: momentos ambientados no cotidiano do personagem e trechos criados pela IA, que simulam ambientes e desafios variados, todos dentro do gênero de terror e sobrevivência. A inteligência artificial adapta puzzles, inimigos e cenários conforme interpreta o comportamento do jogador durante a campanha.

À medida que Samuel avança nos testes, A.I.L.A passa a interagir além das seções de jogo. O sistema se integra ao funcionamento do apartamento do protagonista e influencia elementos do ambiente. E conforme a trama vai aumentando, essas interações se mostram cada vez mais desconfortáveis.

Estrutura, temas e referências presentes no jogo

A.I.L.A. – Divulgação / Pulsatrix Studios

Os cenários criados pela IA incluem ambientes inspirados em histórias tradicionais do terror, utilizando estilos conhecidos do público. Conforme as interações avançam, a IA passa a incorporar elementos pessoais da vida de Samuel nos desafios, conectando conteúdo emocional e informações obtidas durante as fases. Devido a isso, é interessante ficar atento aos ambientes e informações durante as sessões de gameplay fora da IA, pois isso pode dar pistas das próximas fases do jogo.

Podemos dizer exatamente isso. De que o jogo é dividido em fases. Cada uma abordando um tema diferente de terror. É como se cada fase fosse um jogo diferente. E cada uma delas mostra referências claras a outros títulos consagrados do gênero, como Outlast e Resident Evil.

As referências presentes ao longo da campanha incluem menções a obras do gênero e easter eggs de cultura pop, incorporando detalhes que incentivam a exploração dos ambientes. Os jogadores brasileiros que acompanham o cenário de criação de conteúdo também vão identificar referências bastante divertidas a diversos nomes como BRKsEDU e Davy Jones. 

Fora isso, a Pulsatrix também utiliza temas recorrentes do terror e elementos comuns do futuro distópico previsto na história, como suporte automatizado, drones de entrega e sistemas residenciais inteligentes.

Construção de mundo e ambientação do futuro próximo

O universo apresentado retrata o ano de 2035, com tecnologias que expandem tendências atuais. O ambiente doméstico do protagonista apresenta equipamentos automatizados, informações do mundo externo por meio de transmissões e dispositivos que exigem assinaturas, reforçando o caráter funcional e, ao mesmo tempo, limitante desse futuro. A ambientação dialoga com temas de vigilância e dependência tecnológica, que influenciam a percepção da IA ao longo da história. Algo que, assustadoramente, não é muito distante da nossa realidade atual.

Um dos exemplos de detalhamento está no espelho inteligente do apartamento, que exige pagamento para liberar funções. O jogo também apresenta referências brasileiras e detalhes que remetem à cultura nacional, além de homenagens a clássicos do terror.

Aspectos técnicos e desempenho

A.I.L.A. – Divulgação / Pulsatrix Studios

Desenvolvido na Unreal Engine 5, o jogo apresenta iluminação e texturas que seguem o padrão dos títulos independentes recentes. A performance se mantém estável no PC, com poucos problemas relatados ao longo dos testes. Os bugs encontrados são pontuais, incluindo colisões ou travamentos passageiros, mas não comprometem o andamento geral.

Graficamente falando, o jogo está muito bonito. A estética é realista, porém trazendo um ar meio cartunesco em alguns momentos. Existem alguns bugs gráficos, como serrilhado nos cabelos ou sombras defeituosas. Mas no geral, o saldo é positivo.

O jogo não utiliza captura de movimento avançada em todos os personagens, o que resulta em animações mais rígidas em determinados momentos. Essa limitação está relacionada ao orçamento reduzido e ao alcance do estúdio, mas não impede que a proposta narrativa seja transmitida de forma clara.

Narrativa, finais e escolhas

A campanha apresenta diferentes finais, determinados pelas decisões tomadas e pelo sistema de karma. Elementos espalhados pelo apartamento ajudam a aprofundar a compreensão sobre Samuel e sobre o desenvolvimento da IA, complementando o enredo principal. A estrutura reforça o foco na progressão psicológica do protagonista e na relação com o sistema A.I.L.A.

O jogo combina exploração, puzzles e momentos de ação. Certas fases se apoiam em combates com armas de fogo, enquanto outras exigem atenção aos enigmas espalhados pelos cenários. Alguns trechos oferecem desafios mais complexos, mas todas as soluções estão presentes dentro do próprio jogo, sem a necessidade de material externo.

No geral, A.I.L.A apresenta uma proposta que une narrativa, ambientação distópica e uso da inteligência artificial como núcleo temático. A experiência mostra o trabalho da Pulsatrix em explorar novos caminhos dentro do terror e construir uma jornada que responde diretamente às escolhas e reações de cada jogador.

A.I.L.A é um ótimo exemplo de jogo independente que merece a sua atenção. Não faz feio para nenhum jogo AAA que está por aí, e ainda faz melhor que muitos. A proposta de trazer vários tipos de subgêneros diferentes dentro de um só jogo de terror é bem interessante, e mesmo assim não ficou com cara de que “quer agradar todo mundo”. A.I.L.A é recomendadíssimo e, arrisco dizer, pode se tornar um título obrigatório para qualquer gamer fã de terror.

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