As crianças cresceram – review do sexto episódio de ‘Alien: Earth!’

Cheyna Corrêa (Texto: William Prado)

As crianças cresceram – review do sexto episódio de ‘Alien: Earth!’
Imagem: Divulgação / FX Networks

O sexto episódio de Alien: Earth’ chegou carregado de revelações e mudanças que prometem impactar os próximos capítulos da série. 

O roteiro mostrou o amadurecimento forçado dos híbridos, a escalada da disputa entre corporações e o avanço das ameaças alienígenas. Tudo aconteceu ao mesmo tempo, sem nem ao menos dar chances para o telespectador piscar. 

O fim da infância dos híbridos

A referência a Peter Pan voltou a ganhar destaque na trama. Quem achou que esse tema seria deixado de lado depois do 5° episódio, se enganou. O episódio começou com a frase: “Todas as crianças crescem, menos uma. Elas logo sabem que vão crescer, assim como a Wendy descobriu…”.

A intertextualidade entre os Garotos Perdidos de Peter Pan e o destino dos híbridos em Alien: Earth’, embora óbvia, foi bem executada. Aarush teve que lidar com responsabilidades inesperadas para salvar a vida da própria mãe; Nibs foi dominada por lembranças traumáticas que o episódio não quis aprofundar, mas que, só de pensar, já causam enjoo; e Wendy passou a romper os laços com a Prodigy ao se identificar com a condição dos alienígenas. Nem todos, porém, resistiram ao processo de maturidade: Isaac foi uma das vítimas dessa transição, reforçando que amadurecer, nesse universo, pode custar a própria vida.

A tensão entre Weyland-Yutani e Prodigy

Paralelo ao drama dos híbridos, o conflito entre as corporações só ficou mais pesado. A Dra. Sylvia não teve dúvida sobre de que lado estava e virou as costas para o próprio marido, Arthur, quando ele se recusou a apagar parte da memória de Nibs.

A cena levantou uma questão que pega pesado: será que é aceitável apagar lembranças traumáticas sem a permissão de alguém, mesmo que esse alguém nem seja humano? No caso de Wendy e dos outros híbridos, ficou escancarado que eles nunca foram vistos como pessoas de verdade, só como experimentos — mesmo carregando memórias e sentimentos bem humanos. 

O poder acima do dinheiro

Em outra parte da história, Kavalier roubou a cena numa negociação com a Weyland-Yutani. O personagem, que carrega todo aquele ar de Peter Pan, simplesmente recusou uma oferta de 50 bilhões de dólares pela carga da USCSS Maginot. Dinheiro não move esse sujeito — o que ele quer mesmo é controle e poder.

Aliás, vale lembrar: desde Alien, o 8º Passageiro’ (1979), os verdadeiros vilões da franquia sempre foram as Mega Corporações

Kirsh e Morrow: rivais ou aliados?

A relação entre Kirsh e Morrow ficou ainda mais confusa. Os dois chegaram a se ameaçar dentro de um elevador, mas no fim parece que suas ações caminham para o mesmo objetivo.

O detalhe é que Kirsh, responsável por lidar com os híbridos e as pesquisas científicas, ignorou riscos e deixou passar falhas graves que abriram espaço para o caos na Terra do Nunca. Isso levanta a suspeita de que nada foi acidental, trazendo dúvidas sobre o verdadeiro lado de Kirsh. A negligência de Kirsh com os eventos recentes, como o acidente com o Isaaac, ou o Aarush infectando o Arthur com o facehugger, cria a suspeita de que existe uma conexão dele com os interesses da Yutani.

O avanço das criaturas

O episódio também intensificou a presença das ameaças alienígenas. Moscas com trombas, capazes de corroer metais e circuitos, escaparam do controle, abrindo caminho para a possível libertação de outros espécimes. Parece um elemento narrativo perfeito para o caos, levando em conta que essas moscas são capazes de devorar as trancas e computadores que mantêm os outros alienígenas presos.

Essa conveniência aumenta a suspeita de que até mesmo o erro de Isaac, pode ter sido manipulado por alguém, talvez um certo sintético que busca vingança ou que simplesmente nutre ressentimento pela existência dos novos híbridos. 

Enquanto isso, o Olho segue observando em silêncio, reforçando toda a sua postura enigmática e a influência que parece ter nos acontecimentos. Já o xenomorfo surgiu em transformação acelerada: começou como um filhote no início e, no final do capítulo, já estava em uma forma bem mais avançada. Mas, curiosamente, não representou nenhuma ameaça direta — tirando, claro, o histórico assassino que a sua espécie carrega.

Wendy chegou a afirmar que “o xenomorfo é bom”, sinalizando um dilema que pode mudar os rumos da trama. O elo entre ela e a criatura pode colocá-la diante de uma escolha decisiva: aproximar-se de vez dos alienígenas ou retomar algum vínculo com os humanos, em especial, seu irmão Hermit.

O sexto episódio de Alien: Earth levantou questões decisivas para o futuro da série, abrindo espaço para diferentes interpretações e suspeitas. Afinal, quem realmente assume o papel de vilão ou herói nesse momento? Ou será que esses conceitos já não se aplicam mais, dando lugar a uma questão de perspectiva dentro da narrativa?

Independente do título, Wendy se aproxima cada vez mais do Xenomorfo, sugerindo uma possível aliança entre os dois. A grande questão é: será que o Xenomorfo pode ser domesticado ou até mesmo humanizado? Espero que não. 

 Alien: Earth’ é lançado toda terça-feira, no Disney+.

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