Assassin’s Creed Shadows salvou a Ubisoft?

Vinicius Miranda

Assassin’s Creed Shadows salvou a Ubisoft?
Assassin's Creed Shadows - Divulgação / Ubisoft

A Ubisoft colocou grandes expectativas em Assassin’s Creed Shadows. Desde que foi anunciado, o título carregou nas costas uma pressão injusta: ser o jogo responsável por salvar toda a empresa. O estúdio francês enfrenta há anos uma sequência de decisões criativas questionáveis, produtos abaixo do esperado e polêmicas corporativas. O resultado disso foi uma queda brusca no valor de mercado e uma crise interna que deixou a publisher em alerta constante.

Com tantos tropeços recentes, Assassin’s Creed Shadows acabou virando o centro das atenções. No entanto, antes mesmo do lançamento, o jogo enfrentou inúmeras controvérsias. Desde acusações de ser “woke” por causa do Yasuke até problemas envolvendo o governo japonês, a imagem do projeto ficou comprometida. A recepção polarizada criou a impressão de que Shadows nasceria fracassado. Mas não foi isso que aconteceu.

Shadows é um sucesso — mas não um milagre

Segundo a Ubisoft, o jogo ultrapassou a marca de 3 milhões de jogadores simultâneos em seu lançamento. Isso não significa necessariamente 3 milhões de cópias vendidas, já que muitos acessam via Ubisoft+, disponível no PC e Xbox. Mesmo assim, o número indica que Shadows ou vendeu bem, ou impulsionou assinaturas — e das duas formas é positivo para a empresa.

A publisher também comentou que Shadows estabeleceu “um novo padrão” quando comparado aos títulos lançados entre Assassin’s Creed Origins e Mirage. Eles pedem para não comparar ao desempenho de Assassin’s Creed Valhalla, já que o jogo de 2020 é descrito internamente como “uma tempestade que talvez nunca mais veremos”, impulsionado pela pandemia e pela virada de geração.

Posteriormente, Shadows chegou a disputar o posto de jogo mais vendido do início de 2025, rivalizando com Monster Hunter Wilds e alcançando o topo das vendas da Steam por um período.

Mas se Shadows é esse sucesso todo… por que ele não salvou a Ubisoft?

Porque um jogo não apaga anos de fracassos

Assassin’s Creed Shadows – Divulgação / Ubisoft

A verdade é que um único título não sustenta uma empresa que vem acumulando erros. Antes de Shadows, a Ubisoft colecionou decepções comerciais com Star Wars Outlaws, Skull and Bones, Avatar: Frontiers of Pandora e Prince of Persia: The Lost Crown. Somando isso a projetos mal geridos — como o primeiro remake anunciado de Prince of Persia: The Sands of Time, o cancelamento do multiplayer Ghost Recon: Frontline e o desligamento dos servidores de XDefiant — o cenário é preocupante.

Hoje, a Ubisoft carrega mais de 880 milhões de euros em dívidas.

Essa situação é frequentemente comparada à “fase pré–Resident Evil 7” da Capcom, mas existe uma diferença importante. Resident Evil 7 não “salvou” a Capcom sozinho — ele marcou apenas o começo de uma sequência de acertos que incluíram Devil May Cry 5, Mega Man 11, Resident Evil 2 Remake e, principalmente, Monster Hunter World. Além disso, nunca houve confirmações de que a Capcom estivesse em grande crise ou até mesmo próxima de falência, ao contrário do que muitos temem hoje sobre a Ubisoft.

O futuro depende de uma sequência — não de um salvador

Assassin’s Creed Shadows – Divulgação / Ubisoft

O que pode realmente mudar o cenário da Ubisoft é sua nova parceria estratégica com a Tencent. A gigante chinesa deve atuar mais diretamente na produção dos próximos Assassin’s Creed, Rainbow Six e Far Cry, possivelmente mudando o padrão de qualidade das franquias e deixando para trás a tão criticada “fórmula Ubisoft”.

Por outro lado, o destino de IPs como Splinter Cell, Ghost Recon, Rayman e Prince of Persia continua incerto. Elas podem ser reduzidas, pausadas ou até desaparecer por um tempo.

Apesar disso, parece que essa nova parceria não está gerando frutos tão bons quanto o imaginado. É preciso esperar pra ver se a Ubisoft realmente está segura, assim como suas IPs.

No fim das contas, Assassin’s Creed Shadows foi um passo na direção certa — mas ainda é só um passo. O que vai salvar a Ubisoft não é um único sucesso, mas uma sucessão deles. A não ser que a empresa viva outra tempestade perfeita como Valhalla… e tempestades, como sabemos, sempre passam.

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