“Os super-heróis, geralmente, não tentam mudar o mundo para fazê-lo melhor”. O comentário é do escritor norte-americano Ted Chiang, em uma rápida entrevista para o Ei Nerd (veja mais abaixo) durante a passagem do premiado escritor por São Paulo.
O Ei Nerd estava lá e, pouco antes do evento, perguntou ao premiado autor de ficção científica qual o filme sci-fi preferido dele. A resposta? Matrix (1999), de Lana e Lilly Wachowski.
“É por causa do monólogo que Neo (Keanu Reeves) apresenta no fim do filme”, justifica Ted Chiang, antes de recitá-lo de memória:
Eu sei que vocês estão com medo… com medo de nós. Com medo da mudança. Eu não sei como isso vai terminar, mas eu posso dizer como vai começar. Eu vou lá fora e mostrar a essas pessoas o que vocês não querem que elas vejam. Vou mostrar a elas um mundo sem regras, sem fronteiras, sem limites. E mostrá-las um mundo onde tudo é possível. O que acontece depois? É uma escolha que deixo para vocês.
Chiang elogia o discurso de Neo e argumenta:
Esse discurso é a essência do que é ficção científica
Super-heróis
Ao ser perguntado se, além de filmes de ficção científica, ele também gostava de filmes de super-heróis, Ted Chiang, respondeu um tanto reticente e criticou o excesso de produções:
Eu gosto de filmes de super-heróis, mas acho que já tivemos muitos deles.
Em seguida, justificou:
Eu acho que o problema com a maioria dos filmes de super-heróis é que são sobre indivíduos que têm superpoderes incríveis, e usam esse poder para manter o mundo exatamente igual. Os super-heróis, geralmente, não tentam mudar o mundo para fazê-lo melhor. Eu acho que isso é uma grande limitação no gênero de super-heróis.
Para encerrar, o Ei Nerd quis saber de Ted Chiang se ele tinha alguma HQ de super-herói favorita. De pronto, ele respondeu Miracleman, de Alan Moore (Watchmen, V de Vingança):
Eu acho que é uma análise muito interessante sobre quais são as reais implicações dos superpoderes e o papel de um indivíduo.
Entrevista concedida à Valentina Camargo, da equipe Ei Nerd.
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