Kawara Welch foi presa no início do mês por “stalking” (perseguição), prática considerada crime desde 2021. A história chama a atenção pelas coincidências com a série Bebê Rena, sucesso da Netflix baseado também em um caso real.
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Identificada nas redes sociais como artista plástica, ela desenvolveu uma obsessão por um médico em Minas Gerais, na expectativa de estabelecer um relacionamento amoroso. A história se desenrolou em Ituiutaba, no Triângulo Mineiro.
O “stalking” é caracterizado pela perseguição de uma pessoa, seja pessoalmente ou através de telefonemas e mensagens. A pena para esse crime pode variar de seis meses a dois anos de prisão.
Kawara, de 23 anos, foi acusada por um médico, que preferiu não ser identificado, de persegui-lo desde 2019. Ele relata que conheceu Kawara em 2018, quando ela estava enfrentando problemas de depressão.
Após outros dois atendimentos, Kawara procurou a clínica onde o médico trabalhava, iniciando o comportamento obsessivo.
“Ela teve acesso ao meu celular e começou a mandar mensagens e fotos perturbadoras, amarrando lençol, corda no pescoço, se despedindo de mim. Eu entrei em pânico“, conta o médico.
A situação piorou quando Kawara passou a enviar mensagens ameaçadoras. O médico decidiu parar de atendê-la na clínica, mas ela persistiu. Nos plantões no hospital particular, ele pedia que outros profissionais a atendessem. Mesmo evitando contato, a perseguição se intensificou.
“Ela chegou a me mandar 1.300 mensagens em um dia e fez mais de 500 ligações num único dia. Troquei de número de celular várias vezes, mas ela sempre encontrava meu novo número”, afirma o médico.
Kawara também ligava insistentemente para a esposa e o filho do médico. Além das mensagens e ligações, a polícia descobriu montagens feitas por ela nas redes sociais para sugerir que os dois tinham um relacionamento.
O médico relata que ela começou a persegui-lo nas ruas, quando chegava ao trabalho e até em congressos de Medicina.
Em 2022, Kawara invadiu o consultório onde ele atendia uma paciente e entrou em confronto com a esposa do médico. Um ano depois, ela atacou novamente no mesmo local, com xingamentos e acusações de roubo.
“Tinha momentos de horrores, que eu entrava em pânico, porque ou ela aparecia ou fazia algo inesperado”, descreve o médico.
A polícia prendeu Kawara em flagrante, mas ela ficou detida por apenas uma semana. Pagou fiança de R$ 3,5 mil e passou a responder ao processo em liberdade.
Em março de 2023, a Justiça determinou a prisão preventiva dela por violar medidas cautelares. Kawara ficou foragida por mais de um ano até ser presa na semana passada, em uma faculdade em Uberlândia, onde estudava Nutrição.
O advogado de Kawara alega que houve um envolvimento entre ela e o médico. No entanto, o médico nega qualquer tipo de relacionamento.
“Acreditamos que não houve esse relacionamento. E, mesmo se houvesse, não justifica de forma alguma esse tipo de ação, esse tipo de conduta da Kawara”, afirma o delegado Rafael Faria.
O psiquiatra Daniel Barros, entrevistado pelo ‘Fantástico’ (TV Globo), diz que a prática de stalking pode ou não estar associada a transtornos psíquicos. No processo, não há nenhum laudo sobre as condições mentais de Kawara.
O médico e sua esposa estão em tratamento há um ano para controlar o pânico causado pela perseguição.
Confira imagens exibidas pelo Fantástico, da TV Globo, neste domingo (19):
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Similaridade com Bebê Rena
O caso de Kawara lembra a trama da série Bebê Rena, da Netflix, que está fazendo sucesso atualmente, onde o protagonista também enfrenta uma perseguição obsessiva que vira sua vida de cabeça para baixo, criando um clima de tensão e suspense ao lidar com um perseguidor implacável.
A série Bebê Rena, um dos maiores sucessos da Netflix, retrata, ao longo de sete episódios, a saga de um homem que é perseguido por uma mulher.
Inspirada em fatos reais – que aconteceram com o próprio ator protagonista, Richard Gadd, a história, que causa estranheza, não é nada incomum. Afinal, todos (anônimos ou famosos) estão sujeitos à ação de stalkers (ou perseguidores).
Filipe Colombini, psicólogo, explica que os perseguidores, normalmente, possuem transtornos psiquiátricos e déficits em habilidades sociais e de regulação emocional.
É comum também que o fenômeno aconteça em pessoas com transtorno de personalidade narcisista, que gera um sentimento elevado de autoestima e um desejo obsessivo de que outras pessoas os admirem e reverenciem.
“Existe também a dependência extrema, em que a pessoa precisa da constante atenção e aceitação dos outros, e o transtorno de personalidade limítrofe, em que o indivíduo tem emoções imprevisíveis e uma alta sensibilidade à rejeição e ao abandono”, diz o especialista.
Ainda segundo Colombini, as situações envolvendo stalking são complexas do ponto de vista emocional.
“Ao mesmo tempo em que importuna a pessoa com centenas de mensagens, por exemplo, o perseguidor pode repentinamente enviar um ramalhete de flores para a vítima, com um bilhete acolhedor, o que naturalmente gera sentimentos conflituosos, ambivalentes”, explica.
Por isso que é difícil a vítima conseguir sair da “teia” do stalker.
Evitando o stalking
Como citado anteriormente, a maioria dos perseguidores é portador de algum transtorno mental (que em sua maioria traz um enorme sentimento de vazio existencial).
Portanto, os grupos de habilidades têm valor imenso na prevenção desse tipo de comportamento, conforme explica Colombini.
Iniciativas como o QG do Rolê (@qgdorole), grupo de habilidades da Equipe AT, têm justamente o objetivo de treinar, avaliar e implementar repertórios, ampliando o autoconhecimento de cada indivíduo, que, ao participar dos encontros promovidos pelo QG, tem seus potenciais trabalhados.
“A pessoa com habilidades sociais desenvolvidas consegue manter relacionamentos saudáveis, ser empática e resolver conflitos com maior facilidade, gerando impactos positivos em todos a seu redor”, diz o especialista.
Buscando ajuda
“O medo e ansiedade constantes provocados pela perseguição podem causar estresse emocional, depressão, transtorno de ansiedade generalizada, traumas psicológicos e até mesmo levar ao surgimento de doenças físicas nas vítimas”, diz Filipe.
Por isso, é muito importante buscar ajuda se você se encontrar em uma situação como a retratada em Bebê Rena. Segundo Colombini, três passos são fundamentais:
- Conte com a rede de apoio: compartilhe informações sobre a situação de perseguição com sua família, amigos, colegas ou qualquer pessoa em quem você confie. Eles podem prestar um suporte valioso.
- Procure ajuda profissional: a terapia ajuda a lidar com a turbulência emocional causada pela perseguição. Em alguns casos o acompanhamento com o psiquiatra também pode ser altamente recomendado.
- Entre em contato com as autoridades: se você se sentir ameaçado ou em situação de perigo, entre em contato com a polícia.
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