Desenvolvedores de Blue Prince nega uso de IA

Vinicius Miranda

Blue Prince se tornou alvo de acusações repentinas envolvendo o suposto uso de inteligência artificial generativa em seu desenvolvimento, levando a editora Raw Fury a se manifestar publicamente para negar qualquer envolvimento da tecnologia no jogo. O posicionamento ocorre dias após a polêmica envolvendo ‘Clair Obscur: Expedition 33’, que teve seus prêmios revogados no The Indie Game Awards por conta do uso de elementos gerados por IA.

A discussão sobre IA generativa em videogames ganhou ainda mais força recentemente, especialmente após casos de grande repercussão no cenário independente. A situação se intensificou quando o The Indie Game Awards decidiu retirar os prêmios de Melhor Jogo Independente e Melhor Jogo Indie de Estreia de ‘Clair Obscur: Expedition 33’, alegando violação das regras do evento. Com isso, o prêmio de Melhor Jogo Independente foi transferido para ‘Blue Prince’, um puzzle rogue-like que figura entre os títulos mais bem avaliados de 2025.

Pouco tempo depois do anúncio oficial, surgiram acusações nas redes sociais afirmando que Dogubomb, criador de ‘Blue Prince’, teria utilizado IA generativa durante o desenvolvimento do jogo. As alegações ganharam visibilidade após uma publicação do site The Escapist, que apontava o uso da tecnologia, embora o conteúdo tenha sido posteriormente editado. Diante da repercussão, tanto o estúdio quanto a editora decidiram se posicionar.

A Raw Fury, responsável pela publicação do jogo, divulgou um comunicado oficial negando de forma direta qualquer uso de IA no desenvolvimento de ‘Blue Prince’. A declaração foi publicada nas redes sociais do estúdio e buscou esclarecer a situação após a disseminação das acusações.

“Para quem precisa de confirmação: não há nenhuma IA usada em Blue Prince”, diz o comunicado. “O jogo foi construído e desenvolvido com total instinto humano por Tonda Ros (Dogubomb) e sua equipe. Ele é o resultado de oito anos de desenvolvimento, movido por imaginação e criatividade, e estamos extremamente orgulhosos do que Tonda alcançou.”

Segundo a editora, o projeto passou por um longo ciclo de produção totalmente conduzido por profissionais humanos, sem o uso de ferramentas de inteligência artificial generativa em nenhuma etapa. A empresa reforça que o desenvolvimento respeitou os critérios exigidos por premiações e eventos do setor.

No caso específico do The Indie Game Awards, uma das regras estabelecidas era que nenhum jogo inscrito poderia utilizar IA, exigindo que os próprios desenvolvedores confirmassem essa condição no processo de submissão. De acordo com a Raw Fury, as acusações contra ‘Blue Prince’ não apresentaram provas concretas e não foram acompanhadas de evidências técnicas que sustentassem as alegações iniciais.

O debate sobre o uso de IA generativa em jogos independentes já vinha sendo ampliado após outras manifestações do setor. Recentemente, a Larian Studios confirmou ter utilizado ferramentas de IA apenas na fase de pré-produção de ‘Baldur’s Gate 3’, o que também gerou reações diversas dentro da comunidade. Desde então, o tema passou a ser tratado com maior rigor por premiações e organizadores de eventos.

A posição adotada pelo The Indie Game Awards ao retirar prêmios após a cerimônia reforçou a atenção em torno do assunto e ampliou o escrutínio sobre outros títulos reconhecidos. Nesse contexto, a manifestação da Raw Fury buscou afastar qualquer dúvida sobre a integridade do processo criativo de ‘Blue Prince’.

Até o momento, não houve qualquer revisão oficial dos prêmios concedidos a ‘Blue Prince’, que segue reconhecido como vencedor após a redistribuição das categorias. A expectativa é que, nos próximos anos, critérios relacionados ao uso de IA generativa se tornem ainda mais claros e detalhados, especialmente com a proximidade das premiações previstas para 2026.

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