A expressão “Booyah” definitivamente é o grande bordão da animação de Os Jovens Titãs, clássico da DC lançado em 2003. 10 anos mais tarde, ficou ainda mais popular graças ao sucesso de Os Jovens Titãs em Ação. Mesmo adorando o jargão, muita gente não sabe qual a origem do termo.
Não tem problema! Para explicar temos o próprio Khary Payton, que além de interpretar o Rei Ezekiel em The Walking Dead, também é o dublador oficial do Ciborgue nas duas versões animadas dos Jovens Titãs.
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O que significa o “booyah” do Ciborgue?
Em uma entrevista em 2019, quando foi questionado sobre quantas vezes já teria repetido a icônica expressão na vida, Khary caiu na gargalhada e só conseguiu responder que o número exato seria “incontável”. Entretanto, ele se lembra exatamente quando foi a primeira vez que a palavra surgiu no roteiro.
O ator contou que a história é que, a princípio, um dos produtores do programa estava preocupado que “booyah” fosse alguma referência ou alusão ao uso de drogas (o que, de fato, não seria nada apropriado numa animação voltada para o público infantil).
Depois de o ator ter explicado que a expressão nada mais é do que um tipo de “Oh Yeah!”, a questão se resolveu e ele foi liberado pra soltar o bordão sempre que precisasse – e isso ocorreu, realmente, incontáveis vezes!
Vale reforçar que essa é a história do nascimento da expressão, tendo sido dita pela primeira vez em 2003. Até então, a palavra não tinha uma origem nos quadrinhos e o Ciborgue nunca foi visto falando isso desde que foi criado, em meados dos anos 1980.
A controvérsia do “booyah” do Ciborgue
Como já explicamos, a expressão “booyah” tem um significado tão inocente a ponto de ter sido incluído em animações voltadas para o público infantil. Até aí nenhum problema de fato, mas segure essa ideia.
Na versão original de Liga da Justiça, com a direção de Joss Whedon, o “booyah” foi incluído em uma das cenas como um easter egg e um jeitinho de fazer fan service aos simpatizantes das versões animadas. Novamente, tudo certo até aqui.
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No entanto, em meados de 2021, o bordão voltou a ser polêmico. Isso porque, após o lançamento do aclamado SnyderCut de Liga da Justiça, o ator Ray Fisher foi questionado pelos seguidores sobre a ausência do “booyah” e decidiu abrir o coração sobre o assunto.
Ele, que vive o Ciborgue desde Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016), desabafou ao The Hollyood Reporter e também no Twitter sobre a controvérsia envolvendo o “booyah”.
Ray comentou sobre as alegações de que ele estava chateado por ter sido, digamos, “pressionado” a dizer o bordão “booyah” do Ciborgue no filme, reprisando o que o personagem faz apenas na animação.
O ator contou que tal bordão do personagem se tornou um tópico de discussão na época das gravações originais, quando o produtor Geoff Johns procurou o diretor Zack Snyder para incluir a fala no filme.
Um representante do Geoff Johns disse que a Warner achou que esse bordão soaria como “um momento divertido de sinergia”, mas Snyder não quis incluir nenhum bordão no longa. Em vez disso, colocou a palavra “booyah” no fundo de certas cenas, na forma de easter egg.
Afinal, o bordão “booyah” é racista?
Na época, Zack Snyder compartilhava da mesma opinião do ator Ray Fisher: eles acreditavam que o bordão não se encaixaria no tom do filme em live-action, que é BEM mais sério do que as animações dos Jovens Titãs na TV.
A coisa fica ainda mais séria quanto Fisher explica porque a situação seria considerada uma forma de racismo: “parecia estranho ter o único personagem negro do filme dizendo um bordão”.
Trocando em miúdos, o ator explica que, enquanto nenhum outro personagem do filme tinha um bordão, o único negro da produção ser obrigado a utilizar um soa depreciativo.
Na entrevista, ele chega a citar outros casos de clássicos do cinema e da TV onde personagens negros ficaram lembrados apenas por bordões de tom cômico – mesmo quando a produção nem sequer é uma comédia.
“Não entendo porque vocês não estão questionando os outros personagens do filme também não usarem bordões clássicos dos quadrinhos”, ele escreveu, também, pelo Twitter.
E o ator não é o único a ter essa opinião! Após a polêmica vir à tona, ele ganhou um endosso de peso. O escritor David F. Walker trabalhou em HQs da DC Comics depois que o bordão já era um sucesso.
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Pelo Twitter, ele relatou que também foi obrigado pelo alto escalão a incluir o “booyah” em histórias do Ciborgue e também se sentia muito mal com isso. “Cada vez que escrevi, isso destruiu minha alma”, ele disse.
For the record: I had no problem with Luke Cage saying "Sweet Christmas," but every time I wrote "Booyah" for Cyborg, it crushed my soul. My objections feel upon deaf ears, and in the end I souled out. Pun intended. #IStandWithRayFisher
— David F Walker (@DavidWalker1201) April 6, 2021
Não teve jeito…
Como todos sabem, no decorrer da produção, Zack Snyder precisou sair de cena graças a uma tragédia em sua vida pessoal. Foi Joss Whedon quem assumiu o posto e ele aproveitou pra recuperar a questão com o bordão.
Nessa época, mais uma vez, Ray Fisher ainda não estava disposto a fazê-lo.
Então, entrou na jogada o co-presidente e produtor da DC Films Jon Berg. Segundo contou Ray, o produtor tentou persuadi-lo a aceitar o bordão com uma verdadeira “carteirada” durante um jantar.
“Este é um dos filmes mais caros que a Warner já fez. E se alguém importante tiver um filho ou filha e esse filho ou filha quiser que ciborgue diga ‘booyah’ no filme e nós não tivermos uma cena dessa? Eu poderia perder meu emprego”, ele teria dito.
Além disso o ator também declarou que o produtor havia ameaçado a sua carreira caso não se rendesse a dizer “booyah” no filme conforme o diretor queria.
Pressionado, Ray Fisher gravou a cena.
Anos depois, em 2020, Ray Fisher não aguentou mais segurar e começou uma série de denúncias contra o comportamento abusivo do diretor Joss Whedon e o encobrimento dessas práticas por parte dos produtores da Warner.
Vale lembrar que, aqui, estamos falando de situações muito maiores e a história do “booyah” era apenas a ponta do iceberg.
A repercussão foi tanta que chegou ao ponto de a própria Warner divulgar um comunicado oficial, acusando Ray Fisher de mentir e ainda não cooperar com a investigação das denúncias que ele mesmo fez.
Dá pra acreditar que uma única expressão no roteiro tenha dado tanto problema?
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