Durante a 82ª edição do Globo de Ouro, Brady Corbet fez um discurso marcante ao receber o prêmio de Melhor Filme Dramático por seu trabalho em O Brutalista.
O diretor norte-americano usou a ocasião para fazer um alerta sobre a importância da liberdade criativa no cinema, destacando o direito do cineasta de manter o controle sobre sua obra.
Corbet, que também venceu o prêmio de Melhor Diretor na noite, fez uma afirmação ousada e provocadora: “Final-cut tiebreak vai para o diretor”.
A frase, que gerou discussões, defende que, em caso de desacordo entre o diretor e o financiador, a visão do cineasta deve prevalecer.
Esse direito, conhecido como “direito de corte final”, é frequentemente concedido a diretores consagrados, como Martin Scorsese e Steven Spielberg, mas não é uma prática comum para todos os realizadores, principalmente em produções independentes.
Corbet usou o momento para refletir sobre sua experiência com O Brutalista, um filme com orçamento inferior a 10 milhões de dólares e lançado pela distribuidora A24.
Durante a produção, o diretor enfrentou ceticismo de críticos e produtores, que afirmavam que o filme não teria público.
Me disseram que o filme não seria distribuído, que ninguém iria assistir, que ninguém pedia um longa de 3 horas e meia sobre um designer da metade do século XX em 70mm. Mas deu certo. Então, por favor, pensem sobre isso.
A história de O Brutalista aborda temas de poder e controle, com Adrien Brody interpretando um arquiteto que trabalha sob a tutela de um industrialista abusivo vivido por Guy Pearce.
O filme reflete parte da trajetória de Corbet e sua esposa, a cineasta norueguesa Mona Fastvold, com quem coescreveu o roteiro. O diretor falou sobre como o filme foi inspirado por experiências pessoais e como ele se sentiu desafiado em projetos anteriores devido à falta de autonomia criativa.
Corbet também revelou que o filme passou por diversas mudanças durante sua produção, incluindo uma tentativa frustrada de montar o elenco inicial, que contava com nomes como Joel Edgerton, Mark Rylance e Marion Cotillard, antes de ser refeito com um novo elenco em Hungria e Itália, com Brody e Pearce.
Eu não tenho problema com o orçamento. Posso fazer um filme com um carrinho de compras, um pedaço de corda e dois copos. Mas não quero que me digam como mover a areia na caixa.
Apesar de sua abordagem firme, Corbet enfatizou o apoio que recebeu dos produtores de O Brutalista, que incluiram Brookstreet Pictures, Kaplan Morrison e Proton Cinema, e garantiu que o ambiente de trabalho foi positivo, sem antagonismos.
Meus parceiros foram incrivelmente solidários, e não tive inimigos nesse processo. Não tínhamos muito dinheiro, mas tínhamos muita fé.
Esse discurso reflete a luta contínua de muitos cineastas independentes por mais controle criativo, especialmente em uma indústria que muitas vezes prioriza interesses financeiros em detrimento da visão artística.
A repercussão de suas palavras no Globo de Ouro é um lembrete sobre a importância da autonomia no processo criativo no cinema moderno.
FONTE: THR
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