O processo de homicídio culposo contra o ator Alec Baldwin foi arquivado na última sexta-feira (12) em Santa Fé, Novo México (EUA).
A decisão foi tomada pela juíza Mary Marlowe Sommer após descobrir que a promotoria não forneceu um lote de balas à defesa, um erro considerado grave pela magistrada.
Alec Baldwin, acusado de disparar contra a diretora de fotografia Halyna Hutchins no set do filme Rust em 2021, não poderá ser julgado novamente pelo mesmo crime, conforme o princípio do duplo risco.
Durante a audiência, a juíza Sommer declarou: “O estado é altamente culpado por sua falha em fornecer descoberta ao réu. A demissão com preconceito é justificada”.
Ela ainda destacou que a falha da promotoria foi chocante e criticou a conduta como quase má-fé: “Se essa conduta não chega ao nível de má-fé, certamente chega tão perto da má-fé que mostra sinais de chamuscamento”.
No tribunal, Baldwin recebeu abraços e felicitações de seus familiares e apoiadores, incluindo sua esposa Hilaria. Eles deixaram o tribunal sem se dirigir à imprensa. Ao ouvir a decisão da juíza, o ator veterano caiu no choro.
Assista:
O advogado e comentarista jurídico local, John Day, comentou sobre o caso: “Isso foi um desastre para o sistema judicial do Novo México. Eles receberam uma enorme alocação de fundos públicos para processar esse caso. E foi isso que aconteceu”.
A defesa argumentou que os promotores deliberadamente esconderam balas entregues aos investigadores em março, sendo essas relevantes para o caso. Em meio à turbulência, uma das promotoras especiais, Erlinda Johnson, renunciou ao caso.
Kari Morrissey, a promotora principal, disse que, embora respeite a decisão do tribunal, discorda da interpretação das evidências pela defesa: “Estou decepcionado, porque acredito que a importância da evidência foi mal interpretada pelos advogados de defesa”.
O julgamento de Alec Baldwin começou na quarta-feira, com o júri programado para ouvir o depoimento do detetive principal.
Contudo, a juíza Sommer decidiu se aprofundar na falha de entrega das balas, perguntando incisivamente à Cabo Alexandria Hancock sobre a razão das balas estarem registradas sob um número de caso separado.
Hancock respondeu que a decisão foi tomada em consulta com seus supervisores e Morrissey.
Morrissey, em um movimento incomum, se chamou ao banco das testemunhas para relatar os eventos, defendendo que as balas não tinham valor probatório.
Ela também argumentou que, mesmo se fossem compatíveis, apenas apoiariam a teoria da promotoria, não afetando a culpa ou inocência de Baldwin.
Jennifer Burrill, presidente da Associação de Advogados de Defesa Criminal do Novo México, criticou Morrissey: “É o trabalho dela garantir que tudo seja divulgado. Não é o trabalho dela decidir o que é relevante para a defesa ou não”.
No tribunal, Morrissey chamou a questão de “perseguição inútil” e argumentou que os investigadores decidiram anos antes que as balas não eram compatíveis.
Brian J. Panish, advogado do viúvo de Halyna Hutchins, afirmou que Baldwin ainda pode enfrentar um julgamento civil:
“Respeitamos a decisão do tribunal. Estamos ansiosos para apresentar todas as evidências a um júri e responsabilizar o Sr. Baldwin por suas ações.”
O xerife do Condado de Santa Fé, Adan Mendoza, cuja agência investigou o caso por mais de um ano, também comentou:
“Respeito a decisão do Juiz Marlowe Sommer. Este tem sido um caso difícil desde o começo. Nosso foco sempre foi trazer justiça para Halyna Hutchins e sua família”.
O caso ainda pode ter desdobramentos no tribunal civil, mas a decisão no âmbito criminal marca um capítulo significativo no complexo caso envolvendo a morte trágica de Halyna Hutchins no set de Rust.
FONTE: Variety
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