Por anos, fãs mantiveram a esperança de que Agent, o jogo de espionagem da Rockstar Games, finalmente seria lançado. Anunciado oficialmente em 2009, o título prometia transportar jogadores para os anos 1970, durante a Guerra Fria, colocando-os no papel de um espião envolvido em tensões políticas globais. Porém, após 11 anos de desenvolvimento, o projeto foi cancelado oficialmente.
Recentemente, em uma conversa de três horas com o apresentador Lex Fridman, Dan Houser, cofundador da Rockstar, falou de forma inédita sobre o estúdio e revelou detalhes sobre o fracasso de Agent.
Por que Agent não deu certo
Segundo Houser, o problema não estava apenas no enredo ou na ambientação da Guerra Fria. O jogo passou por 5 iterações diferentes, tentando encontrar a melhor forma de combinar uma narrativa de espionagem com um mundo aberto, mas nenhum modelo funcionou:
Trabalhamos muito em múltiplas versões de um jogo de espião em mundo aberto, e nunca deu certo. Concluí que não funciona. Às vezes penso nisso antes de dormir e chego à mesma conclusão: o que faz uma boa história de filme não funciona como videogame, ou precisaria repensar completamente a abordagem para transformar em jogo.
Houser explicou ainda que o público conheceu apenas uma das versões do projeto, ambientada nos anos 70. Havia também versões modernas, mas todas enfrentaram desafios semelhantes de design e narrativa.
Essa foi uma das versões. Tínhamos outra ambientada nos dias atuais… trabalhamos em tantas versões, com equipes diferentes.
O cofundador concluiu de forma incisiva:
Eu questiono se é possível fazer um bom jogo de espião em mundo aberto.

Dan Houser no “Lex Fridman Podcast #484” – Imagem/Reprodução
O desafio dos jogos de espionagem em mundo aberto
O comentário de Houser levanta um ponto interessante. Narrativas de espionagem geralmente exigem ritmo intenso, tensão constante e histórias de corrida contra o tempo, elementos que nem sempre se adaptam bem a um mundo aberto, onde o jogador tem liberdade quase total para explorar.
Um exemplo recente é 007 First Light, thriller de espionagem da IO Interactive que ainda não foi lançado. Embora não seja um jogo de mundo aberto completo, ele apresenta seções semiabertas, mostrando o desafio de equilibrar a liberdade do jogador com narrativa de alta tensão — exatamente o problema que Houser apontou.
A história de Agent mostra que, mesmo para um estúdio gigante como a Rockstar, nem todo conceito ambicioso sobrevive à realidade do desenvolvimento de games. Embora os fãs ainda sonhem com um dia ver o espião da Guerra Fria em ação, o próprio criador reconhece que certos desafios de gameplay e narrativa podem ser impossíveis de conciliar, deixando o título como uma das maiores promessas não cumpridas da indústria.






Seja o primeiro a comentar