Cofundador do Clube da Esquina, Lô Borges deixa rastro luminoso na MPB

Andre Cananea

Morreu, aos 73 anos, o cantor e compositor Lô Borges, um dos fundadores do icônico movimento Clube da Esquina. A notícia foi confirmada pela família do artista nesta segunda-feira, 3 de novembro de 2025. Ele estava internado em Belo Horizonte desde o mês passado tratando um quadro de intoxicação medicamentosa. A causa da morte divulgada foi falência múltipla de órgãos.

Salomão Borges Filho, o Lô, deixa um rastro luminoso na música popular brasileira, com composições que se tornaram verdadeiros hinos geracionais e entraram para a memória afetiva do país. Sua obra é um pilar da riqueza e diversidade da produção musical nacional. Entre suas criações mais celebradas estão:

  • “Paisagem da Janela” (com Fernando Brant)
  • “O Trem Azul” (com Ronaldo Bastos)
  • “Tudo Que Você Podia Ser” (com Márcio Borges)
  • “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo” (com Márcio Borges)
  • “Para Lennon e McCartney” (com Márcio Borges e Fernando Brant)
  • “Clube da Esquina nº 2” (com Márcio Borges e Milton Nascimento)
  • “Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor” (com Márcio Borges)

A história de Lô Borges se entrelaça com a de Milton Nascimento e a criação do Clube da Esquina. Ainda jovem, Milton se mudou para um prédio no centro de Belo Horizonte onde conheceu os irmãos Borges: Marilton, Márcio e o então garoto Lô. Desse encontro, nasceu uma amizade e uma parceria musical que revolucionaria a música brasileira. 

Dos encontros na esquina das ruas Divinópolis com Paraisópolis, no bairro de Santa Tereza, surgiram as canções que dariam origem ao lendário álbum Clube da Esquina, de 1972, assinado por Milton e Lô. O movimento musical que ali se formou misturava influências de bossa nova, rock (sobretudo Beatles), jazz e música folclórica.

Milton Nascimento, certa vez, comentando sobre o talento precoce de , que aos dez anos já se arriscava no violão, disse ao amigo Márcio Borges: 

Leva jeito? Tá brincando. Ele já é. A gente só tem que cuidar.

Milton e Lô (Reprodução/Instagram)

Em postagem no Instagram de Milton Nascimento na manhã desta segunda-feira (3), a seguinte legenda acompanha um carrossel de imagens dos dois músicos:

Lô Borges foi – e sempre será – uma das pessoas mais importantes da vida e obra de Milton Nascimento.
Foram décadas e mais décadas de uma amizade e cumplicidade lindas, que resultaram em um dos álbuns mais reconhecidos da música no mundo: o Clube da Esquina.
Lô nos deixará um vazio e uma saudade enormes, e o Brasil perde um de seus artistas mais geniais, inventivos e únicos.
Desejamos muito amor e força à família Borges, a qual acolheu Bituca em sua chegada a Belo Horizonte, lá nos anos 60 e, principalmente, ao seu filho Luca.
Descanse em paz, Lô 🖤

Lô Borges era conhecido por seu processo criativo intenso e prolífico. Sobre a gravação de seu primeiro disco solo, também de 1972, conhecido como o “Disco do Tênis”, ele revelou a urgência que o movia: 

Eu pegava meu violão, fazia música de manhã, meu irmão Márcio Borges fazia a letra à tarde e, à noite, a gente ia pro estúdio e já gravava. Já gravava valendo. 

Essa frase traduz não apenas a genialidade, mas a paixão e a entrega de um artista que viveu intensamente para a música e pela música.

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