Quarta versão do clássico Nasce uma Estrela, com Bradley Cooper e Lady Gaga, está entre os destaques das estreias de cinema da semana. Confira outros filmes que chegam às salas do País.
Nasce Uma Estrela
Crises políticas e econômicas podem estar pipocando em todo o mundo, mas em Hollywood os magnatas do cinema estão rindo à toa. A indústria teve seu maior faturamento do mês de fevereiro em toda a história, graças ao megassucesso de Pantera Negra. Está tendo agora seu melhor outubro em anos, graças ao sucesso da nova versão de Nasce Uma Estrela e de Venom. O segundo estreou no Brasil na semana passada. O primeiro estreia nesta quinta-feira (11).
É a quarta versão da história que Dorothy Parker (sim!), Alan Campbell e Robert Carson adaptaram parcialmente de Hollywood, de George Cukor, de 1932, um dos primeiros filmes a abordar os bastidores do cinema. A primeira, de William Wellman, de 1937, tinha Fredric March como o astro decadente que toma garota talentosa – Janet Gaynor – sob sua proteção e, ao sentir que está empatando a carreira dela, resolve sair de cena de forma radical. Em 1954, George Cukor refilmou a história no formato musical, com James Mason e Judy Garland.
É a melhor de todas, mas o próprio Cukor sempre se queixou da remontagem feita à sua revelia pelos produtores. O filme tinha 181 min. no original e foi cortado – “De qualquer jeito”, dizia Cukor – para 170 min. e , depois, 154 min. Alguns números, de qualquer maneira, tornaram-se clássicos – The Man That Got Away e Born in a Trunk. Em 1973, Frank Pierson dirigiu Kris Kristofferson e Barbra Streisand, e ela ganhou o Oscar de canção, por Evergreen.
A nova versão assinala a estreia do astro Bradley Cooper na direção. Tem o pé no universo country e faz uma mudança importante – o foco está no astro decadente (o próprio Cooper), mais do que na estrela em ascensão (Lady Gaga, em seu primeiro grande papel). É filme de Oscar, com certeza, e muita gente já aposta se Gaga vai quebrar a escrita, levando a estatueta que nenhuma de suas antecessoras ganhou.
Goosebumps – Halloween Assombrado
Filme de Ari Sandel e continuação do primeiro da série, de 2015. Dois amigos entram em uma casa abandonada e lá encontram um livro mágico. Inadvertidamente, resolvem abri-lo.
Ao fazê-lo despertam o boneco Slappy, o que é apenas o início dos problemas. A história é baseada nos livros do norte-americano R.L. Stine.
Tudo Por Um Popstar
É claro que você sabe quem é Thalita Rebouças, com seus livros para adolescentes. Ela não só é autora como roteirista de Tudo Por Um Popstar.
O filme é sobre três garotas que enfrentam tudo – pais, ingressos esgotados, etc. – para assistir ao show de sua banda favorita. Conseguirão? Pode apostar!
Minha Filha
Tem gente que até hoje não se conforma. Em 2015, concorrendo no Festival de Berlim, nem a diretora italiana Laura Bispuri nem sua excepcional atriz, Alba Rohrwacher, foram premiadas por Virgem Juramentada. Novamente unidas, Laura e Alba voltaram à Berlinale em fevereiro. De novo, não levaram nada, e não foi por falta de merecimento.
Estreia Minha Filha, o novo longa de Laura Bispuri, interpretado por Alba e também por Valeria Golino. É forte. Alba faz a mulher perdida do lugarejo. Leva a vida como uma festa. Dá à luz garota que Valeria cria. O tempo passou e agora a menina está virando mulher, e parece seguir o instinto da mãe biológica. Se o caos do mundo é inevitável, por que resistir? Alba vive como uma selvagem. Bebedeiras, sexo. A garota, sem saber que ela é sua mãe, é atraída por seu comportamento libertário.
Bispuri aborda a questão da maternidade, e não apenas. No filme anterior, fundado sobre a recusa da protagonista de levar uma vida de mulher, casada e com filhos, ela já discutia a identidade feminina. Em fase de empoderamento, Minha Filha é imperdível. Perturbador.
Cinderela e o Príncipe Secreto
Variante da história clássica de Cinderela nesta animação em 3D. Na história, os ratinhos, amigos da moça, a convencem a ir ao baile.
Na festa, o grupo descobre uma terrível ameaça e precisa agir para desfazer um poderoso feitiço. Claro que há uma bruxa malvada e também, como inovação, um príncipe fake.
Djon África
Miguel é um rapaz meio perdidão, sem grandes objetivos. Seu cotidiano é visto no prólogo de Djon África, de Filipa Reis e João Miller Guerra. Miguel fala com as garotas, deambula, tenta furtar roupas em uma loja. É um estroina, vive com a avó, não conhece os pais. Um dia, a avó lhe diz que, quando criança, ele foi conhecer o pai na prisão, mas os guardas não o deixaram entrar. Logo em seguida, o homem foi expulso de Portugal e repatriado a Cabo Verde.
Miguel adulto, agora com 25 anos, resolve ir em busca do pai e embarca para Cabo Verde. Nesse momento, Djon África toma seu rumo e sua embocadura. Trata-se, para o personagem, de encontrar o pai, referência biológica, mas também simbólica do centro a partir do qual se adquire identidade até então faltante. É também “reencontro” com o país que jamais conheceu, e onde estão fincadas suas raízes. O filme é divertido sem ser leviano; profundo na medida certa, sem se perder em teorias ou teses prontas. Não faz proselitismo nem discursos moralizantes. Já é muito.
Amanhã Chegou
Amanhã Chegou. E veio cobrando a conta. O filme de Renata Simões mostra, em detalhes, o grande beco sem saída em que nos metemos. Sempre se fala que a economia precisa crescer. Se não cresce, é o caos, como acontece no Brasil atual. Acontece que o planeta já não suporta mais o “crescimento” indiscriminado. A humanidade, sob o primado de um capitalismo desvairado e (em aparência) sem alternativas, tornou-se autofágica.
A catástrofe aí está, chegando sob a forma de aquecimento global, mares invadindo cidades, anarquia climática, etc. Não existe alternativa a não ser pisar no freio. Mas vá dizer isso a Trump ou à China. Portanto, a palavra de ordem do nosso tempo é “sustentabilidade”.
Não podemos nos comportar como novos-ricos diante de um planeta exaurido e comprometer as novas gerações. Ouvindo um grande número de pessoas, o filme é realista em sua dura advertência. Apresenta alternativas de vida. Sente-se falta do “outro lado”, a versão dos que acham que podemos continuar a gastança que a conta nunca chegará. Mas estes não costumam falar. Agem e contabilizam lucros.
Um Dia
Esqueça o não tão velho Um Dia, de 2011, com Anne Hathaway e Jim Sturgess. Há agora outro filme com o mesmo título brasileiro. No húngaro Um Dia, de Zsófia Szilágyi, o que a diretora propõe é um dia na vida de uma mulher. É um filme que dialoga muito bem com Filha Minha, de Laura Bispuri – leia mais acima.
De novo a maternidade, o casamento. Anna está vivendo apenas mais um dia do que parece uma existência opaca, banal. Em crise no casamento, e dividindo a atividade doméstica com a função de professora, a rotina desse dia parece estar tentando arrancar alguma coisa dela. Anna gostaria de levar a vida familiar – o marido, a filha –, mas faltam-lhe forças. Seu desejo é sumir. E, como professora, ela também tem todas aquelas crianças sob sua responsabilidade.
A angústia parece que vai engolir Anna, e transparece na interpretação nuançada de Zsófia Szamozi. A atriz é a alma do filme. Faz um trabalho discreto, de pequenos gestos. É um filme sobre o tempo. Um dia que parece a súmula de todos os dias. A particular prisão que oprime Anna.
Nasce Uma Estrela: Lady Gaga agradece Bradley Cooper por acreditar nela
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