Como o Grinch se tornou o ícone mais amado (e rabugento) do Natal

Cheyna Corrêa

O Natal é tradicionalmente associado a luzes, presentes, banquetes e à figura benevolente do Papai Noel. No entanto, nas últimas décadas, uma criatura verde, peluda e decididamente mal-humorada conquistou um lugar inabalável no pódio das festas de fim de ano. O Grinch é um caso fascinante na cultura pop: um vilão que odeia a data, mas que se tornou essencial para ela.

Para entender como um personagem que rouba brinquedos de crianças se tornou tão amado, é preciso olhar para a evolução de sua história. O Grinch preenche uma lacuna emocional específica: ele é o anti-herói que nos permite desabafar sobre o estresse das festas. Ele se tornou icônico não apesar de ser rabugento, mas exatamente por causa disso.

A origem humana e a crítica ao consumo

O personagem nasceu de uma crise pessoal do autor Dr. Seuss em 1957. Na manhã de 26 de dezembro, o escritor olhou-se no espelho e viu um rosto cansado e irritado com a festividade. Foi ali que ele percebeu que havia perdido o espírito natalino.

O livro “Como o Grinch Roubou o Natal” foi escrito não apenas como uma fábula infantil, mas como uma crítica direta ao consumismo desenfreado da época. A mensagem central de que “o Natal não vem de uma loja” ressoa até hoje, dando ao monstro uma profundidade moral que o diferencia de vilões comuns.

A virada visual: Por que ele é verde?

Se você fechar os olhos e imaginar o Grinch, provavelmente vê a versão verde. Mas, no livro original, ele era desenhado em preto e branco com olhos vermelhos. A cor que se tornou sua marca registrada surgiu apenas na animação clássica de 1966.

O diretor da animação decidiu pintá-lo de verde simplesmente porque achava a cor feia e ela lembrava os carros alugados da época. Foi nessa produção que o personagem ganhou sua identidade visual definitiva e também sua trilha sonora inesquecível, “You’re a Mean One, Mr. Grinch”, que deu a ele um charme sarcástico.

A humanização por Jim Carrey

O salto definitivo para o estrelato global veio no ano 2000, com o filme live-action estrelado por Jim Carrey. O roteiro transformou o Grinch de um vilão simples em uma vítima de bullying e solidão. Ao dar a ele um passado traumático e motivos para seu isolamento, o filme fez com que o público torcesse por ele, e não contra ele.

Por que nos identificamos?

Psicologicamente, o Grinch é um símbolo de alívio. Diferente do Papai Noel, que representa uma bondade inatingível, o Grinch valida os sentimentos reais de cansaço e ansiedade que muitos enfrentam em dezembro. A chamada “Síndrome de Grinch” virou sinônimo para quem se sente sobrecarregado com a obrigação social de ser feliz, comprar presentes e lidar com barulho.

No fim, a história dele é sobre redenção. Ele não odeia o Natal em si; ele odeia se sentir excluído. Ver o coração dele “crescer três tamanhos” é a prova de que qualquer um pode mudar e ser amado, uma mensagem poderosa de esperança que garante que, todo ano, ele desça da montanha para fazer parte das nossas celebrações.

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