Há uma crença comum de que um protagonista excessivamente poderoso pode prejudicar a capacidade de uma história de manter o interesse do público. Superman, por exemplo, é frequentemente citado como um personagem cuja força descomunal diminui a tensão nos conflitos, tornando-o, para alguns, desinteressante. No entanto, o mangaká ONE, criador de One-Punch Man e Mob Psycho 100, desafia essa noção ao utilizar personagens extremamente poderosos como base para suas histórias, conseguindo manter esses protagonistas envolventes e cativantes.
Mob Psycho 100 apresenta Shigeo “Mob” Kageyama, o personagem mais poderoso de seu universo, que raramente se encontra em situações de perigo físico. Contudo, o verdadeiro foco de sua jornada não é vencer inimigos, mas sim lidar com seus próprios conflitos internos, que estão intrinsecamente ligados aos seus poderes psíquicos. Ao longo das três temporadas, Mob aprende a aceitar suas habilidades e a utilizá-las para ajudar os outros, culminando em uma aceitação completa de si mesmo como uma pessoa com emoções e poderes que não devem ser reprimidos.
Por outro lado, One-Punch Man subverte completamente o arquétipo do protagonista superpoderoso com Saitama, cuja habilidade é derrotar qualquer oponente com um único soco. Embora não haja tensão em suas batalhas, o anime ainda consegue oferecer arcos narrativos interessantes e emocionantes. Isso é feito ao desenvolver personagens secundários, como Genos e Garo, que seguem o modelo mais tradicional de protagonistas de mangás de batalha, com lutas difíceis e motivações claras para se tornarem mais fortes. Saitama, apesar de sua força, enfrenta desafios emocionais ao lidar com a falta de propósito em sua vida, o que o leva a buscar um significado maior em ser um herói.
Ambos os protagonistas, Mob e Saitama, mostram que o poder esmagador não precisa ser sinônimo de falta de tensão ou de conflitos interessantes. Suas histórias exemplificam como é possível escrever personagens com força descomunal de maneira que ainda criem uma conexão profunda com o público. O poder avassalador, em vez de ser um elemento que enfraquece a narrativa, pode ser uma característica que enriquece a trama e aprofunda o desenvolvimento dos personagens.
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