por Cheyna Corrêa
Em meio à crescente adoção de tecnologias de inteligência artificial na indústria do entretenimento, a união britânica de atores, Equity, lançou uma carta aberta direcionada à Pact (Producers Alliance for Cinema and Television). De acordo com a Deadline, o documento, que já conta com quase 1.500 assinaturas, acusa que milhares de atores no Reino Unido foram digitalmente escaneados em sets de filmagens sem o consentimento informado necessário. Segundo Equity, nada justifica a utilização dos dados, imagem e desempenho desses profissionais de forma tão invasiva e sem transparência.
Falta de transparência e os riscos do AI
A carta enfatiza que os atores não têm conhecimento claro de como suas performances e semelhanças estão sendo registradas, armazenadas e processadas tanto durante as produções quanto posteriormente. “Nós não aceitaremos nenhum contrato que não garanta proteções fundamentais para o uso de nossos dados pessoais na criação de sistemas de IA e performances geradas artificialmente”, afirma o documento. Essa demanda surge em um cenário onde a tecnologia está cada vez mais presente nos bastidores, ameaçando os direitos e a privacidade dos artistas.
Negociações e possíveis ações legais
A carta foi publicada justamente um dia antes de uma reunião crucial entre Equity e Pact, marcada para 25 de junho, onde a questão do uso de inteligência artificial será um dos tópicos centrais das novas negociações coletivas. Com a declaração enérgica de que os atores estão “prontos para a ação industrial” caso não haja avanços significativos, Equity também indicou a possibilidade de recorrer ao sistema judiciário, mencionando os riscos de eventuais abusos contratuais que possam afetar grandes nomes e organizações do setor, como a BBC, ITV e Disney.
Uma chamada para um futuro responsável
Com sua proposta construtiva, Equity busca estabelecer um novo padrão para a utilização de IA em produções audiovisuais. O objetivo é criar um framework que regulamente o uso dos dados dos atores de forma justa e legal, garantindo que os profissionais não sejam apenas vítimas de uma “roubada em escala industrial”, mas sim participantes ativos em um acordo que respeite seus direitos de propriedade intelectual e privacidade.
A iniciativa de Equity representa um marco na discussão sobre os limites éticos do uso de inteligência artificial na indústria do entretenimento. Ao exigir consentimento e transparência, a união dos atores não apenas protege os direitos dos profissionais, mas também estabelece um precedente que pode influenciar futuras negociações e a forma como os estúdios lidam com tecnologias emergentes. O desfecho dessas negociações promete definir novos padrões e garantir que a inovação caminhe lado a lado com o respeito aos direitos individuais.
Seja o primeiro a comentar