Nas séries processuais americanas, principalmente as que lidam com crimes, normalmente sabe-se muito sobre os casos e pouco sobre a vida pessoal dos investigadores. Coroner, que estreia sua primeira temporada de 8 episódios nesta sexta-feira (5), às 23h, no canal Universal TV, pretende ser diferente, colocando a personagem principal, a médica legista Jenny Cooper (Serinda Swan), em primeiro plano.
“Jenny Cooper não é uma médica legista que, por acaso, é um ser humano; ela é um ser humano que, por acaso, é uma médica legista”, disse a atriz ao jornal O Estado de S. Paulo, no set da série em Toronto.
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No primeiro episódio, Jenny está tentando recomeçar, depois de perder o marido repentinamente e ficar cheia de dívidas. Sofrendo de ansiedade, precisa segurar as pontas em casa, com o filho adolescente Ross (Ehren Kassam), ao mesmo tempo que inicia uma nova carreira, deixando o atendimento em pronto-socorro para investigar as mortes suspeitas.
“É como se entrássemos na vida de uma pessoa, que está tentando conciliar tudo, o filho, as dívidas, um potencial novo amor, com o caso de dois adolescentes mortos em aparente suicídio num centro de detenção para menores infratores”, afirmou a produtora e diretora Adrienne Mitchell, referindo-se à investigação do piloto.
Coroner é baseada numa série de livros do inglês M.R. Hall, mas não os segue fielmente. “Queríamos abordar o que está acontecendo no mundo agora, e a audiência vai perceber isso”, contou a showrunner e roteirista Morwyn Brebner.
“Por exemplo, existe um grande debate hoje em Toronto sobre como as mortes violentas de pessoas de minorias são investigadas, em oposição aos crimes sofridos por brancos”, completou.
A canadense Serinda Swan, que faz 35 anos no dia 11, assistiu a uma autópsia e conversou com uma legista tão jovem quanto sua personagem.
“Ela me contou como, no começo, era olhada de cima a baixo pelos detetives e policiais mais velhos, mas que chegava e mostrava que sabia o que estava fazendo”, lembrou a atriz. “Acho incrível ser uma mulher nesse papel, porque precisamos de mais séries lideradas por mulheres.”
Sem clichês em Coroner
Sendo escrita por uma mulher e tendo vários dos episódios dirigidos por mulheres, Coroner evita alguns clichês, como passar episódios e episódios mostrando como Jenny é boa no que faz. “É como na vida, com homens presumimos que são competentes, as mulheres têm de provar. Aqui, já supomos que ela é”, disse Brebner.
A série também tenta não explicar demais as atitudes da personagem. “É impulsiva, e em geral quando se trata de uma mulher é preciso detalhar para que ela não pareça louca ou incompetente – com os homens, tudo bem, se eles são impulsivos, são ousados. Ela faz coisas que não deveria! Mas não vamos explicar por que ela agiu daquela forma”, continuou Mitchell.
O objetivo, porém, não é levantar bandeiras. O elenco é bastante diverso, com um detetive veterano (Roger Cross), mais um legista negro (Lovell Adams-Gray), uma detetive de origem asiática (Alli Chung), e uma assistente de autópsias (Kiley May) indígena. Ross, o filho adolescente, é homossexual. “Mas isso não é uma questão na trama”, explicou o ator Ehren Kassam. “Já está estabelecido, e é apenas uma das coisas que o personagem é.”
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