Quando os créditos de Covil de Ladrões 2: Pantera começaram a rolar, a primeira coisa que falei foi um “legalzinho, pô” sem nem perceber. Não é uma obra que vai mudar sua vida ou redefinir o cinema, mas entrega exatamente o que promete: um entretenimento divertido, descomplicado e com algumas surpresas no meio do caminho. Se o primeiro Covil de Ladrões era basicamente um festival de testosterona com tiros, explosões e brucutus suados, Pantera dá uma respirada e resolve mudar um pouco o foco. E, olha, funciona melhor do que eu esperava.
A história pega os eventos do primeiro filme e dá uma esticada. Big Nick, o policial mais brucutu e descompensado de Los Angeles (vivido com gosto por Gerard Butler), agora está no fundo do poço. A esposa foi embora, ele perdeu o emprego, só vê os filhos em feriados e, como cereja no bolo, tá morando no carro. Enquanto isso, Donnie Wilson (O’Shea Jackson Jr.), o ladrão esperto que fugiu no primeiro filme, tá de volta, liderando um novo grupo de criminosos conhecido como Pantera. Eles começam o filme roubando um avião cheio de diamantes, em uma cena que já mostra que Gudegast, o diretor, não economizou na criatividade do assalto.
O que torna Pantera diferente é que ele não fica só naquela vibe “machões dando tiro em tudo que se mexe”. Claro, tem isso também (não seria Covil de Ladrões sem uma dose de testosterona), mas o foco aqui é o assalto, o planejamento e, curiosamente, a amizade estranha que se forma entre Nick e Donnie. O bromance é inesperado, mas funciona muito bem. O que poderia ser uma trama básica de “polícia versus ladrão” vira uma amizade inesperada entre os dois. Eles dividem histórias, planejam juntos e até andam bêbados de scooter elétrica pelas ruas de Nice. Parece bobo — e é —, mas é aquele tipo de bobagem que dá charme ao filme.
Agora, vamos ao que importa: o assalto. Se você veio por causa da promessa de um filme de roubo cheio de tensão, pode ficar tranquilo. Pantera entrega. O planejamento do ataque ao Centro Mundial de Diamantes é bem detalhado, com todas aquelas engrenagens clássicas de filmes do gênero: sistemas de segurança complexos, infiltrações arriscadas e conexões internas que podem ou não dar errado. A sequência final é tensa e bem orquestrada, sem exageros desnecessários, e o diretor Christian Gudegast sabe exatamente quando soltar a adrenalina. É um dos pontos mais fortes do filme.
Por outro lado, os vilões aqui são um problema. Na verdade, eles são tão esquecíveis que eu precisei dar um Google pra lembrar quem eram. Não têm carisma, não assustam, e nem parecem uma ameaça real. Eles só existem pra justificar o conflito, e é isso. Enquanto você se diverte vendo Nick e Donnie planejando o roubo, os vilões mal fazem cócegas na narrativa.
Outro ponto que deixa a desejar é a trilha sonora. Parece que alguém colocou “músicas genéricas” no FreeSound e escolheu as primeiras opções que apareceram. Não adiciona nada ao filme, e chega a ser meio frustrante em cenas que poderiam ser muito mais marcantes. Dá vontade de pedir para colocarem um pop ou até um rockzinho básico, só pra ver se dava mais vida.
Mas vamos dar crédito onde é devido: Gerard Butler e O’Shea Jackson Jr. carregam o filme nas costas (ou nos ombros, no caso do Butler). A química entre eles é o que torna Pantera diferente do original. Butler, em especial, surpreende com algumas camadas a mais no seu personagem. Ele ainda é aquele “machão à moda antiga”, mas agora carrega um peso emocional que o torna mais humano. Quando ele reflete sobre os erros do passado e as consequências de suas escolhas, você até consegue sentir um pouco da dor dele — o que, sinceramente, é um avanço gigante comparado ao Nick do primeiro filme.
Por mais que o filme tenha seus tropeços, ele entende seu lugar no mundo. Pantera não tenta ser um épico do cinema ou reinventar a roda. Ele é bobo, divertido, e sabe exatamente o que o público quer: cenas de assalto tensas, momentos engraçados, e aquela amizade improvável que te faz torcer pelos personagens.
Tenho certeza que, caso você decida ir ao cinema assistir Covil dos Ladrões 2, que estreia no dia 30 de janeiro nos cinemas brasileiros, vai soltar um “legalzinho, pô”. E, sinceramente? Às vezes, isso é tudo que você precisa.
Nota: 3/5
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