Crítica: Mortal Kombat impressiona no visual, mas não na história

André Luiz Fernandes

Crítica: Mortal Kombat impressiona no visual, mas não na história

Os games de Mortal Kombat eram o maior pesadelo dos pais nos anos 90. E o terror só aumentou quando a franquia ganhou uma adaptação cinematográfica, lançada em 1995.

Visualmente, o longa é limitado pelos recursos da época, assim como os próprios games. A história tem suas falhas, mas é honesta e muito superior à de Mortal Kombat: Aniquilação, sequência de 1997.

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Em 2021, a franquia ganha um reboot no cinema com o longa dirigido por Simon McQuoid. Com a tecnologia atual, o resultado esperado era conseguir fazer o que a obra de 1995 não conseguiu e – pelo menos isso – o longa entrega em altíssimo nível.

Desde que o primeiro trailer foi divulgado, isso fica bem claro em lutas coreografadas, CGI de qualidade e trajes que bebem bastante da fonte dos games mais recentes. A receita para um grande acerto estava pronta.

Mortal Kombat entregou o que prometeu?

Infelizmente, não é tão simples assim. Se a parte gráfica foi totalmente resolvida, o filme de 1995 ainda tem seus méritos quanto ao roteiro, que é o grande “calcanhar de Aquiles” desse novo Mortal Kombat.

Ter a rivalidade histórica entre Scorpion (Hiroyuki Sanada) e Sub-Zero (Joe Taslim) como plano de fundo foi um grande acerto, mas a execução da ideia deixa a desejar. A introdução de um personagem original para o filme, Cole Young (Lewis Tan), não compromete, mas não acrescenta muita coisa.

O principal problema com o roteiro de Mortal Kombat é a “correria”. Em 1995, mesmo quem não era familiarizado com os games foi apresentado ao universo da franquia com calma e uma dedicação maior.

Desta vez, quem chegar sem conhecer nada a respeito de Outworld, dos Deuses Antigos e mesmo o básico sobre os personagens mais importantes, pode terminar o filme sem ter entendido muita coisa.

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Tudo acontece muito rápido e a falta de contextualização acaba esvaziando muitos elementos, principalmente em relação ao protagonista. As lutas realmente entregam o prometido, embora alguns dos melhores momentos de todo o filme tenham aparecido já no primeiro trailer.

Há uma urgência em mostrar os principais personagens em ação, sem muito tempo para desenvolvimento. Isso leva a lutadores importantes sendo relegados a um segundo plano, enquanto confrontos muito aguardados e até destacados no trailer acabam sequer acontecendo.

O “fan service” já era esperado, mas parece ter sido priorizado em detrimento de um melhor andamento para o longa.

cole young mortal kombat

Mortal Kombat: tem algo de bom?

Se Scorpion e Sub-Zero são o fio condutor, dá para dizer que ambos fazem sua parte.

Desde o início do filme, que mostra a rivalidade de séculos entre os clãs Shirai Ryu e Lin Kuei, os atores entregam uma boa performance, com destaque para Joe Taslim, que se revela o grande vilão da trama e tem possivelmente a melhor atuação do filme.

Havia uma boa expectativa para o Shang Tsung de Chin Han, mas o feiticeiro acaba sendo pouco aproveitado, assim como o Raiden vivido por Tadanobu Asano.

Entre os heróis, Cole Young é um personagem raso e seu grande segredo é facilmente dedutível a partir dos primeiros minutos do filme. Jessica McNamee e Mehcad Brooks têm boas performances como Sonya Blade e Jax, mas Josh Lawson acaba destoando um pouco com Kano.

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O mercenário da organização Black Dragon é um conhecido falastrão e mal-educado, mas na maioria das vezes acaba sendo apenas um cara chato.

Os Fatalities, prometidos pelo elenco durante a divulgação, definitivamente estão lá, algo que faltou nas produções dos anos 90.

O mais brutal deles talvez seja protagonizado por Kung Lao (Max Huang), que ao lado de Liu Kang (Ludi Lin), entrega uma boa adaptação de um dos personagens mais importantes de toda a franquia.

mortal kombat

O novo Mortal Kombat peca no roteiro simplista, que tenta entregar muito em pouco tempo, algo que pode ser corrigido em eventuais sequências – que o filme deixa em aberto.

No visual, o longa é muito bem feito e as cenas de ação até compensam algumas falhas da história, mas temos aqui um caso típico onde o mais indicado é não ver o trailer.

Isso tem se tornado um problema recorrente em Hollywood nos últimos anos e acaba prejudicando demais as produções.

No mais, o filme termina deixando o espectador com vontade de pegar seu console – antigo ou de nova geração – e esmurrar alguns inimigos, finalizando-os da forma mais violenta possível, o que é bom, embora não soe nada bem.

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Porém, quem espera ver uma boa adaptação da rica história da franquia criada por Ed Boon e John Tobias, deve se decepcionar um pouco, talvez até mais do que com o filme dos anos 90.

Mortal Kombat já está disponível na plataforma HBO Max.

Ei nerd, não deixe de conferir:

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