Dan Houser afirma que pessoas que recorrem a IA não são humanas ou criativas

Vinicius Miranda

Dan Houser afirma que pessoas que recorrem a IA não são humanas ou criativas
Dan Houser - Reprodução

Dan Houser, ex-roteirista da Rockstar e um dos nomes responsáveis por franquias como Grand Theft Auto, voltou a comentar publicamente sobre o avanço da inteligência artificial generativa. Em entrevista ao programa The Chris Evans Breakfast Show, o autor reforçou sua visão de que parte das vozes que conduzem esse movimento não compreende plenamente as áreas que pretendem transformar.

Durante a conversa, Houser divulgava seu novo livro, “A Better Paradise Volume One: An Aftermath”, obra que acompanha o desenvolvimento de um projeto de videogame que perde o controle quando a IA criada para ele se torna poderosa demais.

Ao ser perguntado sobre a ideia de que a IA não consegue reproduzir o espírito humano, Houser concordou e acrescentou que muitos dos responsáveis por impulsionar a tecnologia não possuem ligação direta com criatividade ou comportamento humano.

Segundo ele, há uma tentativa de definir o futuro da criatividade por pessoas que “não são plenamente desenvolvidas”, o que, em suas palavras, gera uma distorção sobre o que significa ser humano. Para Houser, isso reforça que o rumo atual está sendo guiado por grupos que não representam a complexidade do próprio indivíduo.

Quando questionado sobre a possibilidade de a IA alcançar o sucesso prometido por seus defensores, Houser afirmou que acredita em um limite estrutural. Ele explicou que modelos dependem de dados coletados na internet, mas que essa base tende a se saturar com conteúdo produzido pelas próprias IAs. O autor comparou o fenômeno ao processo que levou ao surgimento da doença da vaca louca, em referência a sistemas que se retroalimentam sem renovação real de informação.

O roteirista afirmou que a tecnologia continuará executando algumas tarefas com eficiência, mas não deverá se expandir para todas as áreas. Ele pontuou que modelos já demonstram capacidade em determinadas funções, mas que o avanço futuro pode ser diferente do que é apresentado ao público.

Na semana anterior, Houser havia comentado o tema durante o programa Sunday Brunch, ressaltando que parte das ferramentas disponíveis não corresponde ao que é prometido comercialmente. Ele destacou que sua empresa, Absurd Ventures, utiliza IA em alguns experimentos, embora considere que muitos processos ainda reproduzem funções que computadores já realizavam.

Para ele, grandes inovações costumam apresentar um avanço inicial rápido, seguido por um estágio final bem mais complexo. Houser acredita que esse último trecho — tornar um sistema realmente comparável a processos do mundo real — deve ser o maior desafio para as IAs que aprendem de maneira distinta do desenvolvimento tradicional.

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