Daniel Craig, conhecido por interpretar James Bond por mais de uma década, compartilhou em uma recente entrevista como sua visão sobre os papéis mudou ao longo dos anos, revelando que ele não teria aceito o papel no filme Queer enquanto ainda interpretava o espião 007.
Em conversa com o Sunday Times, Craig explicou que, no início de sua carreira como Bond, ele acreditava que precisava se envolver em projetos diversificados para mostrar sua versatilidade.
Eu não teria feito isso enquanto fazia Bond. Pareceria reacionário, como se eu estivesse tentando mostrar meu alcance
Ele se referia ao drama Queer, ambientado nos anos 1950, no qual interpreta William Lee, um expatriado americano que se envolve romanticamente com um homem mais jovem, enquanto viaja pela América do Sul.
O filme, dirigido por Luca Guadagnino e baseado na obra semi-autobiográfica de William S. Burroughs, apresenta Craig em um papel completamente diferente de Bond, com um personagem marcado por emoções intensas, dependência de drogas e atitudes mais ousadas. Para ele, essa mudança de estilo é uma grande transformação comparada ao papel do agente secreto.
Craig refletiu sobre sua experiência ao longo da carreira, especialmente durante seus anos como James Bond, e como isso afetou sua abordagem aos projetos cinematográficos.
“No começo de Bond, eu achava que precisava fazer outros trabalhos, mas não precisava”, revelou Craig. “Eu estava me tornando uma estrela, e as pessoas queriam me ver em seus filmes. Incrível.”
Entretanto, o ator admitiu que esses papéis paralelos não trouxeram a satisfação esperada, deixando-o emocionalmente vazio após cada filme. “Me deixavam vazio. No fim das contas, eu fui pago. Estava tão exausto ao final de um filme de Bond que demorava seis meses para me recuperar emocionalmente.”
Após sua jornada de sucesso em Skyfall (2012), Craig se viu em uma posição onde a fama de Bond estava consolidada, mas ele ainda não se sentia à vontade para fazer filmes como Queer, que poderiam gerar debates sobre sua escolha de papel.
Eu não teria feito isso. Eu estava tão envolvido com Bond e o que ele representava, teria ficado com medo de fazer algo assim.
O ator também abordou a ideia de que sua interpretação de um personagem gay poderia ser vista como uma declaração política. Para Craig, isso nunca foi relevante.
“Essa conversa não me interessava. Eu já tinha que lidar com isso durante todo o tempo em que fui Bond”, disse ele, referindo-se às constantes especulações sobre uma possível reinvenção do personagem. “Qualquer coisa que inflamasse essa conversa? Não, a vida é curta.”
Em relação ao filme, Craig destacou que a sexualidade de seu personagem é o menos importante para ele. “A sexualidade é a coisa menos interessante para mim neste filme. Quero dizer, todos nós fazemos sexo. Tem uma manchete: ‘Todos nós fazemos sexo!’ Vamos ser adultos.”
Para o ator, o foco está na jornada emocional de William Lee e dos outros personagens, que ele acredita ser o aspecto central do enredo de Queer.
Daniel Craig reforçou que, apesar do impacto de seu papel como Bond, sua escolha por Queer reflete uma mudança em sua carreira, onde a prioridade agora é a profundidade emocional dos personagens, em vez de apenas surpreender a audiência com papéis inusitados.
FONTE: EW
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