Antes de se tornar mundialmente conhecido como o chefe de polícia Jim Hopper no fenômeno da Netflix, David Harbour possuía uma visão muito clara e distinta de seu futuro profissional.
Durante 16 anos, o ator construiu um currículo respeitável, alternando entre produções da Broadway e papéis de suporte em filmes como ‘007 – Quantum of Solace’ e ‘O Protetor’.
Em entrevista recente à Variety, Harbour abriu o jogo sobre a transformação radical que a série trouxe para sua vida, o fim da produção e os desafios de lidar com o sucesso massivo de ‘Stranger Things’.
O Salto de Coadjuvante para Estrela Global
Para Harbour, a vida antes da fama estrondosa não era ruim; pelo contrário, era plenamente satisfatória. Ele se via como um ator de caráter, confortável longe do peso do protagonismo.
Eu realmente gostava de ser o número 7 na lista de chamada de, digamos, um filme de ação do Denzel Washington, e também ser protagonista em peças no Public Theater em Nova York”, revelou o ator. “Era uma vida adorável, uma vida fantástica, uma vida de aluguel de um quarto no East Village.
Tudo mudou em 2016, quando foi escalado para atuar ao lado de Winona Ryder. A série, que inicialmente não tinha grandes expectativas de marketing comparada a outros títulos da plataforma, tornou-se um blaster cultural instantâneo. Essa virada inesperada alterou profundamente a identidade profissional de Harbour.
“Simplesmente destruiu toda a concepção do que eu seria”, admite ele, refletindo sobre como a série abriu portas inimagináveis para sua carreira.
A Metamorfose de Jim Hopper: Evitando o “Efeito Gilligan”
Um dos maiores receios de Harbour ao assumir um papel em uma série de longa duração era a estagnação criativa.
Ele trabalhou diretamente com os criadores, os irmãos Duffer, para garantir que Hopper evoluísse constantemente, evitando cair na repetição.
“O problema com a TV é que você é sempre o Gilligan na ilha com a camisa vermelha e o chapéu de pescador por 10 temporadas. Eu fico entediado e queria que Hopper fosse diferente”, explicou.
Essa colaboração criativa permitiu que o personagem mostrasse diversas facetas ao longo das temporadas:
- O pai protetor e autoritário;
- O detetive estilo anos 80 (‘Magnum PI’);
- O guerreiro brutal e ressuscitado na quarta temporada.
Para o ator, o segredo da longevidade da série reside na capacidade do roteiro de desenvolver personagem e trama simultaneamente, além de reinventar tropos clássicos do cinema.
“Hopper é Han Solo, é Indiana Jones, é Gandalf, o Cinzento”, compara Harbour, destacando como a série utiliza arquétipos amados do público para criar algo novo.
O Custo da Popularidade: “Arestas Suaves”
Apesar de celebrar o alcance global e as oportunidades em franquias como o Universo Cinematográfico Marvel (com ‘Viúva Negra’ e os futuros ‘Thunderbolts’ e ‘Vingadores: Doomsday’), Harbour reconhece que o sucesso massivo impõe certas limitações.
Segundo o ator, quanto maior o público, maior a necessidade de suavizar o conteúdo. Ele cita como exemplo o fato de seu personagem ter parado de fumar, uma mudança direta causada pela popularidade do show.
Grandes públicos exigem arestas suaves”, pontua. “Para mim, as liberdades daquela primeira temporada, quando estávamos apenas esculpindo e ninguém esperava nada, em oposição às pressões sob as quais estávamos na quinta temporada, sabe, eu preferiria as liberdades daquela primeira temporada.
Ainda assim, ele reforça que seu objetivo central permanece o mesmo desde os tempos do teatro: “Contar histórias bonitas e estranhas que abram as pessoas”.
O Futuro Pós-Hawkins
Com o fim das gravações da última temporada de ‘Stranger Things’ em 2024, Harbour já mira novos horizontes.
Sua agenda para 2026 inclui a minissérie da HBO ‘DTF St. Louis’, ao lado de Jason Bateman, e a sequência do filme de ação natalino ‘Noite Infeliz’.




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