O cinema de super-heróis vem de uma fase de altos e baixos. Após anos de domínio absoluto nas bilheterias, tanto Marvel quanto DC enfrentaram críticas, queda de audiência e sinais de desgaste no público. Ainda assim, com a chegada de James Gunn ao comando do DCU e o movimento da Marvel para reorganizar sua Saga do Multiverso — incluindo até o retorno de Robert Downey Jr. —, a chama pode voltar a crescer.
Mas há um desafio: será que apenas novos crossovers e sagas dentro de cada universo serão suficientes para manter os fãs presos às telonas? Talvez não. Pode ser que seja preciso algo maior do que Thanos, Darkseid ou Doutor Destino. Algo que reúna os maiores ícones da cultura pop em um mesmo evento: DC vs Marvel.
Quando os quadrinhos mostram o caminho
Nos anos 90, o mercado de HQs viveu uma de suas fases mais turbulentas. O chamado boom especulativo transformou gibis em investimento: capas variantes metálicas, holográficas e douradas eram vendidas como itens raros, enquanto promessas de “novos heróis revolucionários” faziam fãs comprarem caixas fechadas de revistas.
Exemplos como X-Force #1 venderam milhões, mesmo sem grande relevância hoje. Megas sagas obrigavam o leitor a acompanhar dezenas de títulos, e a febre parecia sem fim. Até que, por volta de 1993 a 1996, o público saturou: histórias confusas, excesso de variantes e queda de interesse derrubaram o mercado. Em 1996, a própria Marvel pediu falência.
Diante dessa crise, algo impensável aconteceu: Marvel e DC, rivais históricas, se uniram para criar um dos maiores crossovers de todos os tempos.
O crossover que mudou tudo
Publicado em 1996, DC vs Marvel colocou frente a frente batalhas que todo fã sonhava:
- Superman vs Hulk
- Batman vs Capitão América
- Wolverine vs Lobo
- Thor vs Shazam
Alguns resultados foram definidos por voto popular, o que aumentou ainda mais a participação dos leitores. A saga não resolveu a crise da indústria, mas foi um sucesso comercial e entrou para a história como símbolo de união em tempos difíceis.
O paralelo com o cinema atual
Mais de 25 anos depois, a situação guarda semelhanças. A Marvel Studios enfrentou críticas pela saturação de filmes e séries interligadas, que afastaram parte do público. Já a DC busca se reorganizar após várias tentativas frustradas de consolidar seu universo cinematográfico.
Hoje, o mercado parece estabilizado, mas a ameaça da saturação ainda paira no ar. Tanto Marvel quanto DC sabem que, em algum momento, pode ser necessário dar um passo ousado para manter o interesse do público.
DC vs Marvel funcionaria nos cinemas?
Imaginar Superman contra Hulk, ou Batman contra o Homem-Aranha, é o tipo de espetáculo que nenhum fã de super-heróis deixaria passar. O segredo para o sucesso, porém, não estaria apenas nas lutas, mas na força da narrativa.
Se a história for construída com propósito, emoção e peso — e não apenas como fanservice —, DC vs Marvel poderia não só repetir o impacto dos quadrinhos, mas também inaugurar uma nova era no cinema de heróis.
O passado mostra que, quando a indústria chega perto da saturação, unir forças pode ser o diferencial que salva a popularidade do gênero. Se o futuro do cinema de super-heróis pedir algo maior que o Multiverso, a resposta já existe nos quadrinhos: um épico DC vs Marvel.
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