Em 1985, De Volta para o Futuro foi um fenômeno global, se tornando o filme de maior bilheteira daquele ano.
O grande sucesso foi impulsionado pela incrível química entre os protagonistas Michael J. Fox e Christopher Lloyd, além da excelente escalação de outros membros do elenco, como Crispin Glover, que interpretou o carismático George McFly.
Contudo, o que parecia ser uma fórmula de sucesso também levou a um conflito legal que mudaria a indústria cinematográfica para sempre.
Quando as discussões para a sequência começaram, o elenco original de De Volta para o Futuro estava praticamente garantido. No entanto, Crispin Glover e Claudia Wells, que interpretava a namorada de Marty, Jennifer Parker, não retornaram.
Enquanto Wells optou por não participar devido à doença de sua mãe, Glover se envolveu em um impasse com os produtores por questões salariais.
O papel de George McFly, que teve grande destaque no primeiro filme, teria uma presença menor na sequência. Inicialmente, Glover demonstrou interesse em retornar, mas a proposta de US$ 125,000 oferecida pelos produtores estava muito abaixo do que outros membros do elenco receberam.
O motivo foi que seu personagem teria um papel reduzido, o que levou a um desentendimento sobre a remuneração.
Embora o ator tenha se negado a voltar, ele também expressou publicamente que não concordava com a mensagem do filme.
Em 2013, durante uma entrevista ao Opie and Anthony Show, Glover declarou: “Eu não retornei porque discordava da mensagem do filme. Ele recompensa os protagonistas com ganhos financeiros, e não com o amor da família e dos amigos”.
Com a ausência de Glover, o diretor Robert Zemeckis teve que encontrar uma solução criativa. Ele optou por reescalação, trazendo Jeffrey Weissman para o papel, mas com um visual modificado para se assemelhar mais a Glover, utilizando um queixo, nariz e maçãs do rosto falsos.
Além disso, o personagem foi colocado em segundo plano, com algumas cenas onde ele aparece em posições estranhas, como pendurado de cabeça para baixo.
A situação legal se complicou quando Glover soube que os produtores usaram moldes de seu rosto, feitos durante as filmagens do primeiro filme, para criar a aparência de Weissman.
Isso resultou em um processo judicial contra os produtores Bob Gale e Neil Canton, alegando que eles usaram sua imagem sem permissão. O caso foi resolvido fora dos tribunais, mas gerou uma mudança significativa nas regras da indústria.
O impacto desse processo foi profundo. O Sindicato dos Atores (Screen Actors Guild) passou a incluir cláusulas em seus acordos coletivos que proíbem o uso de métodos para replicar a aparência física de um ator sem seu consentimento.
Esta mudança se tornou ainda mais relevante com o avanço de efeitos digitais e o uso de inteligência artificial no cinema.
Hoje, qualquer tentativa de usar a imagem de um ator em filmes posteriores sem seu envolvimento ou pagamento extra é combatida oficialmente, algo que se deve, em grande parte, à recusa de Glover em retornar para a sequência.
Embora muitas das previsões do filme, como o uso de hoverboards ou carros voadores, não tenham se concretizado, o impacto de sua história nos bastidores é inegável.
A tentativa de replicar a aparência de Crispin Glover sem sua permissão acabou mudando a indústria para sempre, estabelecendo novos parâmetros para a proteção dos direitos dos atores e o uso de efeitos visuais e digitais.
De Volta para o Futuro 2 continua sendo um marco no cinema, não apenas por sua narrativa, mas também pela controvérsia que ajudou a moldar as leis e práticas da indústria cinematográfica.
FONTE: ComicBook
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