Quarenta anos após o lançamento de ‘De Volta para o Futuro’, Michael J. Fox relembra um dos bastidores mais surpreendentes da história do cinema: sua entrada repentina no papel de Marty McFly, substituindo o ator Eric Stoltz já com seis semanas de filmagens concluídas.
Em entrevista à Entertainment Weekly, o astro canadense — que lançou o livro ‘Future Boy’ em coautoria com Nelle Fortenberry — detalhou o caótico processo que marcou sua chegada ao set do clássico dirigido por Robert Zemeckis e produzido por Steven Spielberg.
Eu não tive tempo para pensar sobre isso. Fui chamado às pressas, seis semanas depois do início das gravações, e entrei direto em cena. Não deu nem tempo de conversar com ninguém sobre o personagem.
Na época, Fox conciliava as filmagens do filme com as gravações da série ‘Caras e Caretas’ (Family Ties), o que tornou a transição ainda mais desafiadora. Segundo Fortenberry, a produção tentou manter em segredo a troca de atores o máximo possível.
Eles conseguiram esconder o fato de que Eric tinha deixado o filme e que Michael estava entrando até o momento em que ele começou a gravar. Mas logo uma matéria em um grande jornal revelou a mudança, chamando o longa de ‘produção problemática’. Muita gente achou que o filme seria um desastre.
Uma troca que mudou o rumo do cinema
Fox se lembra de conhecer o elenco principal diretamente em cena, sem ensaios prévios — incluindo Christopher Lloyd, o icônico Doc Brown.
A primeira vez que vi o Chris foi quando ele pulou da van no meio da gravação”, contou entre risadas. “Eu pensei: ‘Santo Deus, ele é completamente maluco — isso vai ser ótimo!’
Os colegas Lea Thompson e Crispin Glover, que já haviam filmado várias cenas com Stoltz, também precisaram se adaptar rapidamente à nova dinâmica. Ainda assim, Fox lembra com carinho da recepção calorosa do elenco:
Logo ficou tudo muito leve, especialmente com a Lea. Ela era mágica.
Em ‘Future Boy’, o ator explica que Stoltz não sabia da substituição até o último momento, e que Spielberg e Zemeckis preferiram manter as filmagens ativas até que o acordo com Fox fosse fechado — uma estratégia para evitar que o projeto fosse cancelado pelo estúdio Universal Pictures.
Zemeckis conversou pessoalmente com Stoltz em janeiro de 1985, e, apesar do choque inicial, a equipe logo percebeu a mudança de tom que Fox trouxe ao papel.
O que o Eric fazia era uma versão mais trágica, mais dramática”, disse Fox. “Eu não tinha isso no meu repertório. Fiz o que sabia fazer — e trouxe leveza.
Essa nova energia acabou definindo o sucesso de ‘De Volta para o Futuro’, transformando Fox em um ícone global e consolidando a trilogia como uma das mais queridas da história do cinema.
Respeito e amizade após o passado
Quatro décadas depois, Fox afirma que não há ressentimentos entre ele e Stoltz — pelo contrário, os dois se tornaram amigos.
O que aconteceu não nos tornou inimigos nem rivais. Fomos apenas dois profissionais dedicados que colocaram a mesma energia no mesmo papel. O resto não tinha nada a ver conosco. No fim, tínhamos mais em comum do que imaginávamos.
O resultado dessa troca inesperada foi uma das performances mais icônicas do cinema dos anos 1980.






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