Uma das decisões criativas para o tão aguardado filme Deadpool & Wolverine gerou intenso debate entre fãs e críticos: a escolha de não incluir visualmente as mortes de alguns personagens dos X-Men.
Em uma entrevista, o diretor Shawn Levy e o astro Ryan Reynolds compartilharam as razões por trás dessa escolha artística.
Em entrevista ao Collider, Levy explicou: “Sim, nós discutimos sobre isso. Acabamos fazendo com uma paisagem sonora e design de som. Nós conversamos sobre isso. No final das contas, sentimos que os detalhes dessas mortes de personagens não importam tanto para esta história quanto o impacto que têm em Logan. Então escolhemos manter o foco nele”.
Levy destacou a escolha deliberada de focar no impacto emocional e psicológico em Logan, interpretado por Hugh Jackman.
Em vez de representações explícitas de morte, o filme utiliza o poder do design de som e elementos atmosféricos para transmitir a gravidade das perdas dos X-Men. O público sente a imensidão das perdas através da reação de Logan e não pela brutalidade das cenas
Reynolds elaborou sobre o poder do que permanece não visto, explicando que a ausência de confirmação visual pode ser mais impactante. “É um pouco do que você não vê que é mais assustador do que o que você vê”, comentou.
Ele expressou preocupação de que mostrar as mortes poderia “baratear” o peso emocional, sugerindo que o foco deveria permanecer nas lutas internas do personagem.
“Talvez eu esteja errado, Shawn. E senti que seria banal se você estivesse vendo, sabe, todas essas pessoas, essas crianças, esses adultos”.
Reynolds também explicou o significado do traje icônico de Wolverine, referindo-se a ele como uma “camisa de penitência”, usada simbolicamente como uma forma de se penitenciar.
“Agora, eu amo que usamos o traje como uma camisa de penitência, você sabe, como uma espécie de punição que ele está vestindo”, explicou Reynolds.
A decisão visava capturar o intenso sentimento de culpa que Wolverine estava transmitindo, semelhante a um traje preto de luto.
Outro elemento importante mencionado é a “fúria Berserker” de Wolverine, uma característica adotada dos quadrinhos que o mostra em uma raiva feroz.
“Realmente coçando aquela coceira de Wolverine, sabe, como a ideia de que a fúria Berserker toma conta, ele mata, e pode ser até certo ponto, indiscriminado sobre isso”, observou Reynolds.
Isso é aprofundado pela personagem Cassandra Nova, interpretada por Emma Corrin, que tortura Wolverine mentalmente, destacando que sua raiva não apenas prejudicou seus inimigos, mas também causou danos colaterais.
A decisão de não mostrar as mortes dos X-Men dividiu os fãs. Alguns acreditam que as representações visuais poderiam ter dado mais peso ao enredo, enquanto outros apreciam a abordagem mais nuançada que Levy e Reynolds escolheram adotar.
Focando no emocional em vez dos eventos em si, o filme busca ser mais introspectivo e centrado nos personagens.
O estilo geral de Levy e Reynolds parece exemplificar uma tendência no cinema onde a ressonância emocional é favorecida em detrimento de descrições detalhadas de violência.
Isso funciona tematicamente com a ênfase na luta pessoal e redenção, mantendo o público investido na jornada de Logan, em vez de sobrecarregado pelos detalhes da tragédia que o acomete.
Fonte: Collider
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