Diretor de ‘Holy Spider’ e ‘O Aprendiz’ critica excesso de dramas históricos e quer cinema mais conectado ao presente

Andre Cananea

Diretor de ‘Holy Spider’ e ‘O Aprendiz’ critica excesso de dramas históricos e quer cinema mais conectado ao presente

O cineasta iraniano-dinamarquês Ali Abbasi, conhecido por obras como Holy Spider e O Aprendiz (indicado a 2 prêmios Oscar), fez críticas contundentes à atual indústria cinematográfica durante uma masterclass no Galway Film Fleadh, realizada sábado passado (12). Para ele, há uma fixação excessiva por histórias do passado e pouco interesse em retratar o presente turbulento e dinâmico que vivemos, conforme reportou o Screen Daily. Ele afirmou:

Passamos os últimos 20 anos fazendo dramas históricos demais — eu mesmo sou culpado disso. Estamos vivendo tempos extremamente empolgantes e caóticos. Há mais acontecendo em um único ano hoje do que em uma década nos anos 80 ou 90. E ainda assim, o cinema não reflete isso.

Apesar de sua crítica, Abbasi apresentou no Festival de Cannes de 2024 o filme O Aprendiz, que examina a complexa relação entre o jovem Donald Trump e o advogado Roy Cohn, nos anos 70 e 80. A produção é uma coprodução entre Canadá, Irlanda e Dinamarca.

Antes de escalar Sebastian Stan para o papel principal, Abbasi considerou ideias ousadas — como o uso de próteses pesadas ou até uma mulher no papel de Trump, à la Cate Blanchett interpretando Bob Dylan em Não Estou Lá. No fim, descartou a abordagem por achar “gimmicky demais”.

“Quero entender o agora”

Ali Abbasi ainda não revelou qual será seu próximo filme, mas indicou que pretende olhar mais de perto para o presente. “No momento, estou tentando entender o que está acontecendo, para então poder reagir”, afirmou, reforçando sua vontade de se afastar dos dramas históricos.

Ao refletir sobre sua filmografia — que inclui, ainda, o premiado Border — o diretor identificou um fio condutor em seus trabalhos:

Gosto de cinema explícito. Não me interesso tanto pelo meio-termo. Talvez meu ponto em comum seja buscar humanidade em lugares onde geralmente ninguém procura.

Com um estilo provocador e pouco interessado em convenções, Ali Abbasi se consolida como uma das vozes mais inquietas do cinema contemporâneo — agora disposto a trocar o passado por um retrato mais urgente do presente.

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