A recente polêmica envolvendo o uso de inteligência artificial para replicar o estilo visual dos filmes do Studio Ghibli continua gerando reações fortes na indústria do anime. Agora, Henry Thurlow, animador e diretor conhecido por trabalhar em séries como One Piece, Naruto, JoJo’s Bizarre Adventure e Castlevania, se posicionou de forma contundente contra a nova onda de artes geradas por IA inspiradas em Hayao Miyazaki.
Nas redes sociais, Thurlow disparou: “Não sei exatamente o que essas pessoas que fazem imagens Ghibli com IA acham que estão conquistando, além de ofender e irritar os artistas originais (dos quais supostamente são fãs). Você não pode – e nunca vai – fazer filmes lucrativos com isso. É como trollagem.”
Rejeição à IA cresce entre grandes nomes da animação
A crítica de Thurlow acontece em meio à divulgação massiva de imagens geradas com ferramentas como o ChatGPT, que recentemente lançou uma atualização permitindo que usuários gerassem imagens no estilo Ghibli a partir de fotos. O uso intensivo desse recurso nas redes sociais foi visto por muitos artistas como uma forma de apropriação indevida da estética construída por décadas de trabalho artesanal.
Thurlow não parou por aí e foi ainda mais direto: “Se você não tem tempo para se dedicar a se tornar um chef incrível, não merece uma estrela Michelin. Se não tem tempo para atuar, não merece um Oscar. E se não tem tempo para se dedicar à animação ou arte, então fiquem fora da minha indústria.”
A posição do diretor de One Piece está em sintonia com as declarações antigas de Hayao Miyazaki, cofundador do Studio Ghibli. Em um documentário da NHK exibido em 2019, Miyazaki já havia expressado repulsa por animações geradas por IA: “Quem cria essas coisas não tem ideia do que é dor. Estou completamente enojado. Nunca gostaria de incorporar essa tecnologia no meu trabalho. Sinto profundamente que isso é um insulto à própria vida.”
Associações da indústria também se manifestam
A Nippon Anime and Film Culture Association (NAFCA) também se posicionou recentemente contra o uso de IA generativa na produção de conteúdo. Em nota oficial, a associação alertou que será difícil garantir distribuição justa de lucros e reconhecimento de autoria em obras criadas por IA que misturam elementos de múltiplas franquias: “Mesmo que uma criação gerada por IA com 100 personagens gere muito lucro, não há um mecanismo bom de compartilhamento de receita e aprovação com os criadores desses personagens.”
A discussão segue ganhando força, especialmente após o relançamento de Princesa Mononoke em IMAX, que vem se destacando nas bilheteiras mesmo sem o apoio de tecnologias modernas. O movimento reforça a valorização da criação artística humana frente à automação desenfreada.
Fonte: Henry Thurlow
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