O cineasta dinamarquês Christian Tafdrup, responsável pelo filme original Não Fale o Mal de 2022, demonstrou sua insatisfação com o desfecho do remake americano, atualmente em cartaz nos cinemas.
O longa, dirigido por James Watkins, tem recebido críticas positivas, mas Tafdrup não compartilha do entusiasmo, especialmente devido às mudanças no final da história.
Em entrevista ao programa de rádio dinamarquês Kulturen, o diretor expressou sua decepção com o rumo mais otimista dado à versão americana.
“Quando vi o filme ontem, percebi que eles nunca conseguiriam sucesso com um filme onde os personagens são apedrejados até a morte, como acontece no nosso filme”, disse Tafdrup.
Ele acredita que a escolha de um final mais esperançoso é reflexo da necessidade cultural dos americanos de ver os “mocinhos vencendo”. Para ele, a ideia de que “as pessoas [na versão dos EUA] precisam lutar por suas famílias e derrotar os vilões” está profundamente enraizada na cultura do país.
Na versão original dinamarquesa, a trama gira em torno de um casal que é convidado para passar um fim de semana na casa de outro casal.
Contudo, o que parecia ser uma visita amigável acaba se transformando em um pesadelo, quando os anfitriões revelam ser assassinos em série, que mutilam a filha do casal e matam os pais brutalmente.
Já na adaptação americana, os protagonistas conseguem sobreviver e derrotar os vilões. Louise, a personagem principal, chega a matar um dos vilões com uma pedra, após a filha deles usar uma seringa com cetamina para imobilizá-lo.
Tafdrup notou uma diferença marcante nas reações das audiências. “Vi pessoas saindo do cinema completamente entusiasmadas, aplaudindo, rindo e vibrando. Foi como estar em um show de rock”, relatou o diretor.
Ele comparou essas reações com as que observou em seu próprio filme, onde o público saiu “traumatizado”. Segundo Tafdrup, o contraste se deve ao fato de que, na versão original, o final é muito mais sombrio e impactante, enquanto o remake busca um desfecho mais reconfortante.
Por outro lado, Watkins defendeu sua abordagem e as mudanças feitas na narrativa. “Haverá pessoas que verão o filme original e dirão: ‘Por que ele não fez um remake fiel? Por que não seguiu com aquele final implacável e impactante?’”, comentou o diretor em entrevista à revista SFX, conforme reportado pela GamesRadar.
“Mas eu diria que, com os meus personagens e sua jornada, estou seguindo a trajetória deles em termos de agência e como reagiriam. O que eu trouxe do filme de Christian foi a sátira, a exploração das regras sociais e como reagimos a elas”.
Não Fale o Mal segue em cartaz nos cinemas, com um elenco que inclui Mackenzie Davis, Scoot McNairy, James McAvoy e Aisling Franciosi. O filme promete continuar gerando discussões sobre as diferenças culturais e as expectativas do público para com as adaptações cinematográficas.
FONTE: GamesRadar
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