Um caso chocante chamou a atenção dos brasileiros neste domingo (30). Uma adolescente de 13 anos maltratou, torturou e ateou fogo em um gato sob o incentivo de usuários do Discord, uma plataforma de chat em tempo real.
Como consequência, ela acabou incendiando a própria casa enquanto transmitia as cenas de violência contra o animal.
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O caso, que ocorreu em setembro do ano passado, foi divulgado na última edição do ‘Fantástico’, na TV Globo.
A adolescente estava transmitindo ao vivo de sua residência, na grande São Paulo, atos cruéis que vinha cometendo contra um gato encontrado na vizinhança. A comunidade virtual onde aconteceu o crime é composta por cerca de 16 mil pessoas.
Vestindo uma máscara de caveira, a garota tentou sufocar, esfaquear e queimar o animal. Segundo uma veterinária que denunciou o caso, a menina incendiou um pedaço de papel e ateou fogo no gato, causando o incêndio que atingiu a casa.
No programa exibido neste domingo (30), o ‘Fantástico’ informou que as políticas do Discord têm incentivado comportamentos violentos e criminosos entre os usuários.
De acordo com a reportagem, menores de idade estão sendo expostos a conteúdos perturbadores na plataforma, incluindo vídeos e conversas que incentivam automutilação, crueldade contra animais e até pedofilia.
O Discord tem sido muito utilizado pois, lá, os agressores se sentem protegidos pelo anonimato (diferente de outras redes sociais) e, a menos que alguém grave a tela, nada fica registrado. As publicações são incentivadas como uma espécie de desafio entre os usuários.
A falta de monitoramento e a dificuldade de fiscalização permitem que a plataforma continue sendo palco para esses conteúdos violentos.
Em resposta ao ‘Fantástico’, o Discord afirmou: “Estamos colaborando ativamente com o governo e agências de aplicação da lei no Brasil e nos Estados Unidos, enquanto trabalhamos para o objetivo comum de prevenir danos”.
É fato que se multiplicaram os casos de comentários e publicações violentas nas redes sociais no mundo todo. Existem comunidades em diferentes redes sociais formadas por pessoas que concordam e apoiam esse tipo de comportamento.
Recentemente, o Telegram foi bloqueado no Brasil após recusar o fornecimento de dados para uma investigação da Polícia Federal sobre grupos neonazistas na plataforma.
A SaferNet, associação que recebe denúncias de violações aos direitos humanos na internet no Brasil, declarou que é perceptível o crescimento da violência no país.
“A gente tem visto uma escalada, não só do número de denúncias de violência, de conteúdo extremista na internet, mas também uma escalada do nível de crueldade e sadismo, muitas vezes, desse conteúdo. A fiscalização, ou digamos o controle disso, é muito precário”, disse Thiago Tavares, presidente da SaferNet Brasil.
No momento, no Brasil, as plataformas digitais não têm responsabilidade sobre o material compartilhado nelas, sendo obrigadas a remover o conteúdo apenas mediante ordem judicial.
Entretanto, uma proposta legislativa visando estabelecer normas para a regulamentação dessas plataformas está sendo votada na Câmara dos Deputados.
Discord desperta preocupações
Nos Estados Unidos, o Discord vem sendo acusado de acolher discursos de supremacistas brancos e facilitar a disseminação de pornografia infantil. A empresa também se encontra no centro de uma investigação sobre vazamento de documentos do Pentágono.
O que mais atrai os internautas ao Discord, de acordo com especialistas em segurança digital, é a falta de supervisão. Não existe uma entidade que exerça controle total sobre a plataforma.
Fundada em 2015 em São Francisco (EUA), a empresa começou como uma plataforma para interação entre jogadores online, mas se tornou um porto seguro para usuários descontentes com as redes sociais mais convencionais, como Facebook, Instagram e Twitter.
O Discord permite que as comunidades estabeleçam os chamados “servidores“: espaços virtuais onde os usuários podem conversar, compartilhar arquivos de mídia e se conectar com outros usuários com interesses semelhantes.
Especialistas consideram a plataforma um “habitat natural para os renegados“.
Também nos EUA, o Discord e outros aplicativos estão sendo processados pela família de uma menina de 11 anos, que foi vítima de exploração sexual online e tentou cometer suicídio depois disso.
Se você presenciar qualquer ato de violação dos direitos humanos em um aplicativo ou rede social, não hesite em denunciar através do telefone (Disque 100), da delegacia mais próxima ou pelo canal oficial do Ministério da Justiça.
Caso esteja tendo pensamentos de automutilação, procure ajuda no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de sua cidade.
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