Do controle à emoção: histórias que só os jogos contam

Cheyna Corrêa

Do controle à emoção: histórias que só os jogos contam
Divulgação/ PlayStation Publishing LLC

Desde os tempos dos fliperamas mais simples, os videogames sempre nos ofereceram algo que nenhuma outra mídia conseguia entregar: a interação direta com o universo da trama. Não se trata apenas de apertar botões para ver um boneco pular, mas sim de uma experiência imersiva onde você é o verdadeiro protagonista das narrativas que estão sendo contadas na tela. Essa evolução transformou o simples passatempo em uma forma de arte complexa e poderosa, capaz de gerar conexões emocionais profundas com o jogador de uma maneira totalmente única e inigualável.

A grande diferença do universo dos games para o cinema ou a literatura reside exatamente neste controle ativo que o jogador exerce sobre os acontecimentos. Quando o roteiro exige um sacrifício doloroso ou uma vitória emocionante, é a nossa própria ação que impulsiona o momento, o que torna a recompensa ou a perda muito mais impactante para a nossa memória afetiva. Por causa disso, as histórias que só os jogos contam têm o poder de ficar em nossas mentes por muito mais tempo, afinal, nós realmente vivemos cada parte daquele enredo.

A Jornada Pessoal e a Imersão pelo Controle

Imagine a sensação de acompanhar a jornada épica de personagens como Kratos de God of War ou a saga de Arthur Morgan em Red Dead Redemption 2, onde cada passo dado é decidido por você e não por um diretor de cinema. Essa imersão pelo controle transforma a história de algo que é apenas visto para algo que é integralmente sentido pelo jogador, tornando as dificuldades e os triunfos do protagonista igualmente seus. A capacidade de explorar vastos mundos abertos e de interagir com o ambiente fortalece a sensação de que aquela aventura é genuinamente sua, um fator crucial para o sucesso da narrativa interativa.

Esta conexão pessoal é o que faz as histórias que só os jogos contam serem tão marcantes para o público gamer, permitindo que cada pessoa tenha uma experiência levemente diferente dentro do mesmo universo.

Escolhas Difíceis e as Consequências Narrativas

Uma das ferramentas narrativas mais poderosas dos jogos é, sem dúvida, a liberdade de escolha, que coloca o peso das decisões diretamente nas mãos do jogador. Em títulos focados em narrativa forte como The Witcher 3 ou Mass Effect, muitas vezes somos forçados a tomar decisões morais que não têm um lado certo ou errado bem definido, gerando um conflito emocional interno muito intenso. Essas escolhas difíceis moldam o destino dos personagens e alteram o rumo da história de forma significativa, garantindo que o jogador sinta responsabilidade total pelo caminho seguido.

Sentir o impacto das suas ações no mundo virtual é o que garante o engajamento contínuo e a profundidade emocional, algo que filmes e livros não conseguem replicar com a mesma eficácia. Essa mecânica de consequências narrativas é o ingrediente secreto que leva as histórias que só os jogos contam a um nível superior de envolvimento.

Personagens que Sentimos: A Empatia Além da Tela

A conexão duradoura que criamos com personagens icônicos dos jogos, como a dupla Joel e Ellie de The Last of Us, acontece porque passamos dezenas de horas controlando-os, protegendo-os e compartilhando suas dores mais profundas. A proximidade gerada pelo tempo de jogo e a interatividade constante cria uma empatia poderosa que transcende a tela da televisão ou do computador, fazendo-nos chorar ou vibrar com seus sucessos e fracassos. Essa projeção emocional é o resultado direto de ser parte integrante da vida e dos desafios do personagem durante toda a jornada.

É por essa razão que o momento de despedida ou a conclusão de uma saga em um videogame é muitas vezes mais forte do que o fim de um filme, comprovando que as histórias que só os jogos contam são um tesouro da cultura pop atual.

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