Documentário revela o legado de Jeff Buckley, o gênio musical que partiu cedo demais

Andre Cananea

Documentário revela o legado de Jeff Buckley, o gênio musical que partiu cedo demais

O que faz um artista se tornar eterno? No caso de Jeff Buckley, talvez seja justamente o que não foi vivido. Com apenas um álbum lançado em vida e uma morte precoce aos 30 anos, o cantor se transformou em uma figura quase mitológica — um talento raro que brilhou intensamente por pouco tempo, mas o suficiente para deixar uma marca indelével na história da música.

É esse mistério em torno de sua curta carreira que o novo documentário It’s Never Over, Jeff Buckley, da cineasta Amy Berg, tenta desvendar. Com imagens inéditas, gravações ao vivo e depoimentos de familiares, amigos e artistas influenciados por sua música, o filme traça um retrato íntimo do cantor que arrebatou Nova York no início dos anos 1990 com sua voz de cinco oitavas, seu carisma melancólico e seu repertório emocionalmente devastador.

A trajetória de Buckley ganhou forma em lugares como o pequeno Café Sin-é, onde se apresentou pela primeira vez solo em 1992. Com uma guitarra emprestada e uma presença tímida, ele subiu ao palco e, em poucos minutos, transformou o ambiente: sua voz oscilava entre falsete etéreo e um rugido poderoso, sua performance transcendia gêneros — misturando blues, punk, jazz e música oriental. Era impossível ignorá-lo.

Com o lançamento do disco Grace em 1994, a promessa virou realidade. Jeff Buckley conquistou crítica e público, virou referência para artistas como Thom Yorke e Robert Plant e passou a lotar clubes como CBGB, Knitting Factory e Maxwell’s. Seus shows, intensos e catárticos, costumavam terminar com uma performance inesquecível de “Hallelujah”, de Leonard Cohen — que ele praticamente redefiniu para uma nova geração.

O documentário também explora o lado pessoal de Buckley: sua curiosidade, gentileza, possíveis batalhas contra a depressão e a relação conturbada com a fama. Filho do também falecido cantor Tim Buckley, Jeff parecia carregar uma herança artística e emocional que ele mesmo tentava entender — e que agora o filme tenta iluminar.

Diferente de outros membros do chamado “clube dos 27”, Jeff Buckley deixou pouco material gravado, o que apenas alimenta o fascínio em torno de sua figura. Seu legado não está em uma vasta discografia, mas na intensidade de sua curta jornada, que o documentário transforma em um mergulho poético sobre arte, dor e transcendência.

It’s Never Over, Jeff Buckley estreia nesta quinta-feira (7) no circuito comercial norte-americano. Ainda não há previsão de lançamento no Brasil.

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