Nos últimos anos, estamos com a impressão de que Hollywood parece depender cada vez mais de marcas e franquias estabelecidas para atrair a atenção do público. No entanto, enquanto que algumas séries de filmes conseguem manter coisas novas e frescas de um título para outro, chega um momento em que isso não funciona mais. Anteriormente, discutimos por que a franquia Velozes e Furiosos precisa terminar (clique aqui para ler). E essa conversa pode se estender para outra série popular: Piratas do Caribe
Alguns críticos e cinéfilos acreditaram que uma versão em filme da popular atração dos parques da Disney seria mais uma forma da empresa ganhar alguns milhões. Só que Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra chocou o mundo do cinema com um intrépido conto com visuais impressivos, um roteiro afiado e bastante ação. O mais impressionante de tudo foi o desempenho inesquecível de Johnny Depp, que criou um ícone moderno a partir do moralmente ambíguo Capitão Jack Sparrow, o que fez com que ele ganhasse sua primeira indicação a um Oscar.
Um par de sequências – filmadas em conjunto – também fizeram sucesso com o público, apesar de não serem idolatrados como o filme original. De qualquer forma, mesmo que pareçam inchados e um pouco fora de tom, essas sequências aumentaram a popularidade de personagens como Will Turner (Orlando Bloom) e Elizabeth Swann (Keira Knightley), e ao lado do primeiro título, serviram de base para uma trilogia coerente.
Só que desde então, a franquia Piratas do Caribe parece estar ladeira abaixo. Sim, Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas – o quarto filme da série – arrecadou mais de US$ 1 bilhão em bilheteria, mas fez isso em meio a avaliações pouco receptivas da crítica. O excêntrico charme e senso de aventura que marcaram a franquia parecem terdesaparecido. Isso deu espaço a uma experiência vazia, que pareceu uma tentativa desesperada de estender a marca e ajudar nos lucros da Disney em 2011, ano em que o filme foi lançado.
Direto ao ponto: a série se tornou aquilo que os críticos apontaram antes mesmo do lançamento do primeiro filme.
Até mesmo Depp parece estar sem novas ideias, já que parece querer repetir a mesma receita filme atrás de filme. Na realidade, o ator não fez mais do que algumas variações na persona de Jack Sparrow em todos os demais títulos, e a aparente natureza sem fim de Piratas do Caribe apenas agravou essa incapacidade do ator. Apesar do personagem já ter sido misterioso, surpreendente, sarcástico e divertido, agora ele não chega muito perto de ser o que era.
O lançamento de Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar – que chega aos cinemas na próxima semana – parece que continuará a levar a franquia ladeira abaixo. Orlando Bloom, Geoffrey Rush e Kevin McNally retornam a série, enquanto que Javier Bardem interpretará o novo vilão.
Como a sinopse oficial descreve, Bardem estará no papel do Capitão Salazar, que escapa do Triângulo do Diabo “determinado a matar qualquer pirata do mar, incluindo seu arqui-inimigo, Jack Sparrow”. A única maneira de o irreverente capitão escapar da morte é colocar suas mãos no lendário Tridente de Poseidon, um poderoso artefato que dá ao seu detentor controle total dos mares.
Apesar da ótima escalação de Bardem, alguns detalhes divulgados do filme não parecem ser suficientes para dar novas esperanças a franquia. Até mesmo seu título no original (Dead Men Tell No Tales – Homens Mortos Não Contam Histórias) parece ser uma versão renovada da atração turística dos parques da Disney. No entanto, existe uma chance do novo título revigorar a franquia. Se não conseguir, a melhor coisa que Depp pode fazer é seguir seu rumo e acabar com o desejo da Disney de fazer novos filmes da série.
O ator e a franquia precisam dar um tempo, pelo menos em consideração aos fãs, que já estão cansados de uma aventura marítima que se tornou vazia e rasa.
Texto adaptado do artigo de Robert Yaniz Jr., para o site CheatSheet
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