por Cheyna Corrêa
A história do Oscar é marcada por obras que não só brilharam nas telonas, mas também expuseram lacunas no sistema de premiação. Ao longo dos anos, dez filmes provocaram revisões nas regras da Academia, corrigindo votos, criando categorias e redefinindo critérios de elegibilidade. Conheça os cases que obrigaram o Oscar a se reinventar.
Votos e indicações reformuladas
Sonho de Uma Noite de Verão (1935) conquistou o Oscar de Melhor Fotografia mesmo sem indicação, graças à prática dos write-ins, votos livres para qualquer nome. No ano seguinte, a categoria passou a aceitar apenas votos para indicados oficiais. A Última Fronteira (1940) levou o terceiro Oscar de Melhor Ator Coadjuvante de Walter Brennan, impulsionado pelos votos do sindicato de figurantes. Para coibir influências de grupos específicos, essas votações foram suprimidas. Lady Be Good (1941) tinha a canção “The Last Time I Saw Paris” como Oscar de Melhor Canção Original, apesar de não ter sido composta para o filme. A partir de 1941, só músicas escritas originalmente para os longas podem concorrer.
Novas categorias no pódio
O Homem Elefante (1980) realçou a importância da maquiagem cinematográfica ao celebrar John Hurt sem contemplar Christopher Tucker, seu maquiador. Assim nasceu o prêmio de Melhor Maquiagem em 1981. A Fuga das Galinhas (2000), animação de stop motion que quase entrou em Melhor Filme, inspirou a estreia da categoria de Melhor Animação no Oscar de 2001, vencida por Shrek.
Ampliação e atualização dos prêmios
Encantada (2007) teve três músicas indicadas a Melhor Canção Original, situação que se repetiu em Dreamgirls. Para evitar saturação de um único filme, o Oscar limitou duas indicações por longa nessa categoria. Pequena Miss Sunshine (2007) mostrou a incoerência de premiar apenas três entre cinco produtores de um longa indicado a Melhor Filme; a partir daí, todos os produtores receberam a estatueta. Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008) escancarou a exclusão dos filmes de super-herói da principal categoria, e o Oscar expandiu de cinco para dez indicações em Melhor Filme. O. J.: Made in America (2016), documentário exibido em cinco partes, levou o Oscar de Melhor Documentário, mas a Academia proibiu séries ou obras segmentadas de concorrer. Bohemian Rhapsody (2018) dominou com quatro prêmios nas categorias de som, o que resultou na fusão de Edição de Som e Mixagem de Som em uma única estatueta, Melhor Som, a partir de 2021.
O Oscar evolui quando o cinema inova ou denuncia falhas em seu próprio processo. Essas mudanças garantem que a premiação continue relevante, celebrando com justiça as maiores contribuições para a sétima arte.
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