Por Cheyna Corrêa
Em Naruto, há jutsus incrivelmente poderosos como o Rasengan e as Bijuudamas, além de técnicas altamente complexas como Izanami e Izanagi. Apesar dessas habilidades exigirem entendimento profundo, ainda é possível compreendê-las dentro da lógica do universo ninja. No entanto, um jutsu básico permanece cercado de questionamentos: o Jutsu de Substituição.
Como funciona o Jutsu de Substituição?
O Jutsu de Substituição é uma das técnicas fundamentais ensinadas na Academia Ninja, ao lado do Jutsu de Transformação e da Técnica de Clonagem. Todos pertencem ao Rank E, o nível mais básico de habilidades ninjas.
Segundo os databooks, esse jutsu permite que o usuário troque de lugar com um objeto próximo – normalmente um tronco de madeira – no momento em que está prestes a ser atingido por um golpe. Essa substituição cria uma ilusão de ótica, enganando o inimigo e oferecendo ao ninja uma oportunidade de contra-atacar ou fugir.

Substituição da Água (Reprodução)
A grande inconsistência dessa técnica
O conceito do Jutsu de Substituição é interessante e até remete a táticas reais dos ninjas do Japão antigo, que usavam bonecos e manequins para despistar inimigos. No entanto, sua execução no anime e no mangá apresenta problemas evidentes.
A principal questão está na forma como o jutsu é ativado. Em teoria, o ninja precisa, no último segundo antes do ataque, encontrar um tronco de madeira, posicioná-lo no lugar exato, e escapar sem ser notado. Mas e se não houver troncos próximos? O personagem carrega um estoque de toras de madeira consigo? Ele invoca o tronco de um pergaminho?
Outro ponto absurdo é a agilidade necessária para que a técnica funcione. Se um ninja consegue, em frações de segundo, encontrar e posicionar o objeto no local correto antes do ataque acertá-lo, será que ele não poderia simplesmente desviar ou contra-atacar em vez de perder tempo com a substituição?
Exemplo de substituições absurdas
A aplicação incoerente do Jutsu de Substituição acontece várias vezes ao longo da série, mas algumas situações são especialmente questionáveis.
Na luta entre Jiraiya e Pain, por exemplo, Pain estava completamente imobilizado pelo cabelo de Jiraiya, preso e sem mobilidade. Após longos segundos de diálogo, Jiraiya decide finalizar o inimigo, mas ao atacar, o corpo de Pain desaparece em fumaça e um tronco de madeira surge no lugar.
A inconsistência aqui é evidente:
- Como Pain conseguiu se substituir se estava preso?
- E de onde saiu o tronco? A batalha acontecia dentro de um prédio na Vila da Chuva, um local conhecido por sua arquitetura metálica e ausência de árvores.
Outro momento estranho acontece no começo da série, quando Kakashi enfrenta os Irmãos Demônios. Os inimigos claramente enrolam Kakashi com correntes, tornando impossível qualquer movimentação. No entanto, ele, de alguma maneira, se substitui por um tronco sem explicação lógica.

Jutsu de substituição de Tronco de Madeira (Reprodução)
A técnica como um “escape de roteiro”
Diante desses exemplos, fica claro que o Jutsu de Substituição muitas vezes funciona como um dispositivo narrativo para livrar personagens de situações impossíveis. Se um ninja precisa escapar de um ataque mortal, mas o roteiro exige que ele sobreviva, a técnica entra em cena para salvar o personagem.
Essa falta de coerência fica ainda mais evidente ao lembrar que Neji, um dos ninjas mais habilidosos da série, morre atingido por destroços de madeira sem sequer usar o jutsu. Se até ninjas comuns conseguem se salvar com essa técnica, por que Neji não pôde utilizá-la nesse momento crítico?
O Jutsu de Substituição deveria ser repensado?
Diante das contradições, o Jutsu de Substituição poderia ter sido melhor desenvolvido para evitar inconsistências. Em vez de parecer um teletransporte conveniente, a técnica deveria ter regras claras sobre sua ativação e os requisitos para ser utilizada.
Ainda assim, ele continua sendo um dos jutsus mais icônicos da franquia, mesmo que sua lógica esteja longe de ser perfeita. Afinal, em um universo ninja repleto de técnicas absurdas e poderes sobrenaturais, uma substituição inexplicável pode ser apenas mais um detalhe no meio do caos.
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