A Netflix lançou um de seus documentários mais completos sobre grandes nomes da comédia: Eu, Eddie, produção que mergulha profundamente na história pessoal e profissional de Eddie Murphy, ícone absoluto do humor americano e protagonista de sucessos como Um Tira da Pesada, O Professor Aloprado e Um Príncipe em Nova York. Dirigido por Angus Wall, o filme mostra como o artista se tornou uma lenda ao longo de quase 50 anos de carreira — e como conseguiu fazer isso mantendo sua vida privada longe dos holofotes.
A ascensão de uma lenda do humor
O documentário volta às origens de Murphy, mostrando suas primeiras apresentações de stand-up em Nova York e a explosão no programa Saturday Night Live, nos anos 1980. Ali, ele redefiniu o que significava ser um comediante negro na TV americana, abrindo portas e criando personagens que marcaram gerações. O filme acompanha sua transição para o cinema, culminando no papel que mudou tudo: o policial Axel Foley em Um Tira da Pesada (1984).
Murphy comentou em um dos depoimentos mais fortes do documentário:
Por anos, era um só o cara negro que chegava aos grandes filmes.
A obra destaca como ele assumiu responsabilidades que ultrapassavam o humor: negociar salários iguais aos dos grandes astros brancos, exigir papéis complexos e reescrever os limites do que Hollywood esperava de um protagonista negro.
Traumas, disciplina e reinvenção
Entre os momentos mais marcantes está o relato sobre o assassinato de seu pai, um evento que, segundo Murphy, moldou tanto sua sensibilidade quanto seu senso de humor. A relação com o padrasto Vernon Lynch aparece como uma “redenção familiar”, um alicerce importante para sua formação emocional.
Outro ponto poderoso do filme é como Murphy evitou os vícios que assolaram tantos artistas de sua geração. Ele conta que sempre teve “pavor” de perder o controle e, por isso, escolheu uma rotina disciplinada — distante de festas, excessos e da cultura de drogas que tomou Hollywood nos anos 80 e 90.
A força da família
Embora seja uma celebridade global, Eu, Eddie reforça que Murphy sempre colocou a família no centro de tudo. O documentário mostra momentos com seus dez filhos, depoimentos de parentes e uma rotina marcada por estabilidade e afeto. Para um astro que cresceu entre tragédias e incertezas, construir esse ambiente foi parte fundamental de sua identidade. “Nunca imaginei que teria dez filhos, mas agora é a melhor coisa do mundo”, diz ele, de forma afetuosa.
Depoimentos de gigantes
O filme ainda reúne grandes vozes da comédia americana — Adam Sandler, Chris Rock, Dave Chappelle, Jamie Foxx e Jerry Seinfeld — todos reforçando a influência e a genialidade de Murphy, seja no timing cômico, na versatilidade de interpretar múltiplos personagens ou no impacto cultural gerado por sua trajetória.
Com 103 minutos de duração, Eu, Eddie é um retrato íntimo, honesto e emocionante de uma figura que moldou a comédia mundial. Para quem gosta de cinema, história ou cultura pop, é uma obra obrigatória.





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