Neon Genesis Evangelion sempre foi uma das séries mais aclamadas do anime, explorando temas profundos como depressão, isolamento e trauma, mas sua identidade pode estar sendo comprometida pelo excesso de parcerias comerciais. A franquia, que nasceu como um fenômeno artístico e filosófico, se transformou em uma máquina de merchandising, com produtos cada vez mais bizarros e desconectados de sua essência.
Lançado em 1995, Evangelion rapidamente se tornou um marco na cultura pop japonesa. No entanto, mesmo após o fim da série original e do filme The End of Evangelion, a franquia permaneceu extremamente popular, sustentada principalmente por sua vasta linha de produtos. Desde figures e roupas até colaborações inesperadas, como maquiagens temáticas e até kits de pesca, Evangelion se transformou em um verdadeiro império do consumo.
Isso não é incomum no mundo do anime. Séries populares geram grandes quantidades de mercadorias para sustentar a indústria, e Evangelion, sendo uma das franquias mais bem-sucedidas do Japão, não seria exceção. O problema, porém, é que a natureza de sua narrativa não combina com essa exploração comercial desenfreada.
Personagens traumatizados viraram mascotes felizes?
Enquanto personagens como Goku ou Luffy podem se encaixar facilmente em produtos infantis, Evangelion não foi concebido para esse tipo de abordagem. Um dos exemplos mais emblemáticos do uso estranho de seus personagens foi a parceria de 2012 com a Schick, onde um Gendo Ikari sorridente aparece fazendo a barba. Quem assistiu à série sabe que Gendo é um dos personagens mais cínicos e calculistas, tornando esse tipo de campanha publicitária um contraste absurdo com sua verdadeira personalidade.
Outras parcerias estranhas incluem ração militar temática, brinquedos do McDonald’s e até um EVA que se transforma em um hambúrguer. A questão que fica é: será que Evangelion está se tornando apenas uma marca comercial, sem qualquer respeito por sua mensagem original?
O risco de Evangelion perder sua identidade
Ao longo dos anos, a reputação da série como uma obra profunda e filosófica começou a se diluir devido ao excesso de produtos comerciais que não têm relação com seu significado original. Imagine tentar apresentar a série para alguém cuja única referência é um brinquedo do McDonald’s ou um pacote de lâminas de barbear. Como convencer alguém de que Evangelion é um drama psicológico complexo e impactante, quando a própria franquia parece mais preocupada em vender produtos aleatórios?
Se essa tendência continuar, há o risco de Evangelion ser visto mais como um mascote comercial do que como uma obra revolucionária do anime. Para manter sua relevância e legado, a franquia pode precisar reconsiderar sua abordagem ao merchandising antes que seja tarde demais.
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