Lançado pela Netflix e dirigido por Jacques Audiard, o longa-metragem Emilia Pérez vem dividindo opiniões desde sua estreia no Festival de Cannes 2024.
Misturando drama e musical, a produção é falada principalmente em espanhol e conquistou dois prêmios importantes no Globo de Ouro 2025: Melhor Filme em Língua Não Inglesa e Melhor Atriz Coadjuvante, para Zoe Saldaña. No entanto, a vitória não foi suficiente para evitar críticas e controvérsias que cercam o filme, especialmente em relação à sua abordagem cultural e escolhas de elenco.
Escolha do idioma e modernidade cultural
Um dos principais pontos de discussão está na forma como Emilia Pérez retrata o México. Embora a história se passe no país, os críticos apontam que o filme não representa de forma fiel o idioma e a cultura locais. Segundo Gaby Meza, crítica de cinema mexicana, a produção falha em capturar as nuances linguísticas que são parte essencial da identidade mexicana.
“Se eu assistir a um filme japonês, pode parecer uma boa atuação, mas não consigo entender a intenção das palavras, se a entonação está correta ou não, nem as nuances, porque não falo essa língua”, declarou Meza à BBC, explicando que o mesmo ocorre com o espanhol apresentado no longa.
Controvérsias sobre o elenco
Outro ponto levantado é a escolha do elenco. Selena Gomez, uma das atrizes principais, não fala espanhol fluentemente, apesar de sua ascendência mexicana. Apenas Adriana Paz, do elenco principal, é nativa do México. Essa decisão gerou críticas, com muitos questionamentos por que a produção não priorizou atores locais.
A diretora de elenco Carla Hool afirmou que a busca por talentos foi ampla, abrangendo México, América Latina e Estados Unidos, mas justificou as escolhas como as “melhores opções”. Ainda assim, a justificativa não convenceu o público e especialistas.
Respostas inflamaram as críticas
As respostas dos envolvidos também se desenvolveram para o descontentamento. A protagonista Karla Sofía Gascon usou sua conta no X (antigo Twitter) para minimizar as críticas, chamando-as de “uma meia dúzia de gatos pingados”. A declaração gerou repercussão negativa e intensificou o debate.
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Para agravar a situação, o diretor Jacques Audiard admitiu publicamente que não fez pesquisas aprofundadas sobre o México antes de dirigir o filme. Embora o longo trato de temas delicados, como o tráfico de drogas e desaparecimentos, muitos consideraram uma abordagem superficial e insensível.
Acusações de exploração
De acordo com Gaby Meza, o filme foi percebido por muitos mexicanos como uma exploração das tragédias recentes do país. “A diferença aqui tem a ver com tudo o que os elementos se combinam: um diretor francês que disse não ter treinado o México porque o que sabia era o que precisava saber; […] uma tentativa de empatia com as vítimas de desaparecimento descobrindo que o vilão se arrependeu e fica tudo bem”, analisou a crítica.
Repercussão e expectativa no Oscar
Apesar das polêmicas, Emilia Pérez segue como um dos favoritos na corrida pelo Oscar 2025 de Melhor Filme Internacional. A competição inclui o brasileiro Ainda Estou Aqui, entre outros fortes candidatos. A lista oficial dos indicados será revelada em 17 de janeiro, enquanto o vencedor será anunciado em 2 de março.
Enquanto isso, o debate sobre representatividade cultural e escolhas criativas em Emilia Pérez continua a repercutir entre críticos e espectadores.
Fonte: TecMundo
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