Antes de os super-heróis dos quadrinhos dominarem as bilheterias, o cinema foi marcado por outro tipo de protagonista: os heróis dos filmes de ação das décadas de 1980 e 1990. Personagens interpretados por nomes como Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger e Bruce Willis se tornaram símbolos de uma era, protagonizando histórias centradas em confrontos diretos, força física e missões praticamente impossíveis. No Brasil, esse estilo de personagem acabou recebendo o apelido popular de “brucutus”.
Esse tipo de filme se consolidou com narrativas simples, geralmente focadas em um único personagem enfrentando grupos fortemente armados. Mesmo em situações extremas, esses protagonistas conseguiam avançar com poucos ferimentos, estabelecendo uma fórmula que se tornou característica do gênero. Essa estrutura narrativa foi um dos principais traços do cinema de ação dos anos 80, permanecendo reconhecível até hoje.
Personagens como Rambo, Snake Plissken e John McClane passaram a ser vistos como equivalentes a super-heróis, apesar de não possuírem poderes sobrenaturais. Eles salvavam reféns, derrotavam antagonistas e impediam grandes ameaças, sempre apresentados como humanos comuns levados ao limite. Essa condição ajudava o público a se identificar com os protagonistas, mesmo diante de situações pouco realistas.
Diversas franquias surgiram e se consolidaram nesse período. Entre as mais lembradas estão ‘Rambo’, ‘O Exterminador do Futuro’, ‘Duro de Matar’, ‘Máquina Mortífera’, ‘Soldado Universal’, ‘Robocop’ e ‘Mad Max’. Também ganharam destaque produções como ‘Braddock’, ‘Fuga de Nova York’ e ‘Fuga de Los Angeles’, além de filmes isolados como ‘Cobra’, ‘Comando para Matar’, ‘Invasão USA’, ‘McQuade, o Lobo Solitário’ e ‘O Grande Dragão Branco’.
Esses longas ajudaram a consolidar astros que seguem conhecidos até hoje, como Kurt Russell, Jean-Claude Van Damme, Mel Gibson e Wesley Snipes. Dentro desse grupo, Chuck Norris se destacou não apenas por seus papéis, mas também por se tornar um fenômeno cultural, impulsionado por piadas e histórias exageradas que circularam amplamente na internet ao longo dos anos.
Apesar do sucesso, esses personagens raramente se encontraram em produções conjuntas no cinema. Diferente do que ocorre atualmente com universos compartilhados, cada franquia funcionava de forma independente. Houve alguns encontros em mídias paralelas, como quadrinhos e videogames, incluindo confrontos entre Robocop e O Exterminador do Futuro, mas nada chegou às telas dos cinemas.
Mas a ideia de reunir esses personagens em um grande crossover chegou a ser cogitada. Kurt Russell revelou em entrevistas que pensou em um projeto que uniria vários atores reprisando seus papéis mais conhecidos. No entanto, a proposta não avançou na época e acabou arquivada. Anos depois, o sucesso de franquias interligadas mostrou que o conceito poderia ter encontrado espaço no mercado atual.
Com o passar do tempo, muitas dessas franquias perderam força ou foram encerradas. Algumas, no entanto, continuaram ativas ou ganharam novos formatos. ‘O Exterminador do Futuro’ e ‘Rambo’ receberam novos filmes nos anos mais recentes, enquanto franquias como ‘Máquina Mortífera’ foi adaptada para a televisão em formato de série.
Paralelamente, novos nomes assumiram o protagonismo do cinema de ação. Jason Statham se destacou com ‘Carga Explosiva’, Vin Diesel com ‘Velozes e Furiosos’, Dwayne Johnson em diversas produções do gênero, e Keanu Reeves consolidou uma nova fase com franquias como ‘Matrix’ e ‘John Wick’.
O grande encontro simbólico dos astros do passado aconteceu com a franquia ‘Os Mercenários’. Idealizada para reunir atores consagrados dos filmes de ação das décadas anteriores, a série buscou resgatar o estilo clássico do gênero, combinando homenagem e referência direta aos longas que marcaram época.
Mesmo com menos espaço no cinema atual, os filmes protagonizados pelos chamados brucutus seguem como parte importante da história do gênero de ação, representando um período anterior à ascensão dos universos compartilhados e dos super-heróis nos cinemas.
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