Flow: como um filme feito em software gratuito revolucionou o Oscar

Maysa Vilela

Flow: como um filme feito em software gratuito revolucionou o Oscar

Uma produção independente da Letônia fez história no Oscar 2025, levando a estatueta de Melhor Animação e colocando o país no mapa da indústria cinematográfica global: Flow.

O filme, dirigido por Gints Zilbalodis, surpreendeu ao ser produzido inteiramente com o Blender, um software de modelagem 3D gratuito e acessível a qualquer pessoa com conexão à internet.

A vitória representa um marco não só para a Letônia, mas também para animações independentes ao redor do mundo.

Em um setor geralmente dominado por estúdios gigantes e orçamentos milionários, o feito do longa-metragem prova que criatividade, talento e ferramentas acessíveis podem levar produções menores aos palcos mais importantes do cinema mundial.

A utilização do Blender como ferramenta principal chamou atenção do mercado e inspirou profissionais da área. No Brasil, Carlos Vizeu, fundador da Noches Produções, vê essa conquista como um momento histórico para a indústria.

“O uso do Blender em um filme dessa magnitude prova que a tecnologia acessível pode nivelar o jogo entre produções independentes e grandes estúdios”, afirma o produtor.

Para Carlos, a mensagem é clara: “Isso democratiza a produção de animação e mostra que talento e criatividade são os verdadeiros diferenciais”. 

Flow: uma história contada sem palavras

Além da inovação técnica, a produção também se destacou por sua narrativa ousada. Sem diálogos, o filme apostou em uma linguagem totalmente visual e sensorial para se comunicar com o público.

Essa escolha permitiu que a história fosse compreendida e sentida por plateias de culturas diversas, sem barreiras de idioma.

“A ausência de falas torna a experiência ainda mais universal e emocionante”, destaca Carlos.

Para ele, essa abordagem reforça a ideia de que emoções ultrapassam palavras e que a conexão entre filme e espectador acontece de forma direta, através da imagem e da trilha sonora.

Flow - filme Melhor Animação

O reconhecimento de Flow não se limitou ao Oscar. O longa também brilhou em outras premiações importantes, como o Globo de Ouro, o César e o prestigiado Festival de Annecy, considerado um dos maiores eventos do mundo da animação.

Nas salas de cinema da Letônia, o filme bateu recordes de público, levando o governo local a ampliar seus investimentos no setor audiovisual.

Esse fenômeno, segundo especialistas, pode ter efeito direto no fortalecimento de novos talentos e produções fora dos polos tradicionais.

A Letônia é um país do leste europeu, localizado na região do Báltico, entre a Estônia, ao norte, e a Lituânia, ao sul. Também faz fronteira com a Rússia e a Bielorrússia, além de ter seu litoral banhado pelo Mar Báltico.

A capital é Riga, conhecida por sua arquitetura histórica e vida cultural vibrante. Com uma população de cerca de 1,8 milhão de habitantes, a Letônia é um dos menores países da União Europeia em termos populacionais.

Sua posição geográfica estratégica faz dela um ponto de conexão entre a Europa Ocidental e a Rússia.

“Quando um filme independente atinge esse nível de reconhecimento, ele valida a qualidade técnica e artística das produções fora do eixo dos grandes estúdios”, explica Carlos.

Ele reforça que sucessos como esse criam um ciclo positivo: “Isso abre portas para novos talentos e incentiva países a investirem mais no setor”. 

Onde assistir ao filme Flow?

No Brasil, o público já pode conferir o fenômeno de perto. O longa chegou aos cinemas em 20 de fevereiro e ainda segue em exibição em algumas salas, despertando o interesse de quem acompanha a evolução da animação independente. Também há previsão de que o filme chegue ao streaming Filmelier+ em abril.

Enquanto o filme segue conquistando plateias, o diretor Gints Zilbalodis já olha para o futuro. Em uma entrevista recente, ele confirmou que seu próximo projeto também será produzido com o Blender.

“Nos últimos seis meses, não trabalhei muito com o Blender, mas já estou desenvolvendo meu próximo projeto e pretendo usá-lo para isso”, revelou o cineasta.

A trajetória do filme mostra que a era onde apenas grandes estúdios dominavam o mercado de animação pode estar com os dias contados.

Com criatividade, ferramentas acessíveis e boas histórias, produções independentes ganham espaço e reconhecimento, abrindo novos caminhos para o futuro da animação mundial.

Com Zilbalodis reafirmando sua confiança no Blender e inspirando criadores ao redor do globo, o futuro da animação independente nunca pareceu tão promissor.

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