O fracasso de Mulher-Gato: a história por trás do filme

William Prado

O fracasso de Mulher-Gato: a história por trás do filme

Mulher-Gato deveria ser um sucesso garantido. No início dos anos 2000, aproveitando o embalo de uma década de êxitos com Batman, a Warner Bros. deu sinal verde para o tão esperado filme.

O projeto contava com um novo diretor, Jean-Christophe “Pitof” Comar, conhecido por seu estilo de filmagem não convencional e hiper-realista, e a estrela de Hollywood Halle Berry, que já havia encantado o público como Tempestade nos filmes dos X-Men.

Inicialmente planejado como um spin-off de Batman: O Retorno com Michelle Pfeiffer reprisando seu papel icônico como Selina Kyle, o filme passou por inúmeras transformações.

Com a saída de Pfeiffer, a história foi alterada para focar em uma nova personagem, Patience Phillips, interpretada por Berry.

Patience é uma funcionária de escritório tímida que, após descobrir um segredo de sua empresa, é assassinada por seu empregador.

Ressuscitada por um grupo de gatos, ela renasce como Mulher-Gato, determinada a vingar-se de Laurel Hedare (Sharon Stone), uma ex-modelo transformada em guru de cuidados com a pele cuja nova linha de produtos literalmente desfigura seus clientes.

Os desafios começaram cedo. O projeto enfrentou atrasos na produção, um roteiro reescrito às pressas e efeitos especiais que deixaram a desejar.

O diretor Pitof, falando sobre o filme, disse: “Uma personagem feminina como heroína principal. As pessoas não estavam prontas para isso”.

O roteirista John Rogers refletiu: “Era para ser uma história de vingança sombria e de gênero, mas acabamos não fazendo nada disso”.

O resultado foi um desastre de bilheteria e crítica. Com um orçamento de US$ 100 milhões, Mulher-Gato arrecadou apenas US$ 82 milhões e atualmente detém uma pontuação de 8% no Rotten Tomatoes.

O filme foi criticado por sua representação superficial de uma protagonista feminina. A personagem de Halle Berry foi retratada mais como um objeto de desejo sexual e fetiche do que como uma heroína forte e poderosa.

Rogers comentou sobre a abordagem do estúdio: “Queríamos mostrar confiança, mas o estúdio queria um visual sexy e curto. Isso não representa confiança para uma mulher, apenas parece sexy para você”.

Apesar do fracasso, Mulher-Gato levantou questões importantes sobre a indústria cinematográfica e sua capacidade de lidar com protagonistas femininas de forma significativa e respeitosa.

“Foi muito popular na Turquia”, lembrou Rogers, destacando a falta de representação de mulheres negras em filmes na época.

“Foi um sinal de quão monstruosamente ruim era a representação afro-americana em filmes de gênero naquela época”.

Pitof, refletindo sobre a reação ao filme, afirmou: “Odiar o filme é uma coisa, mas sentir que as pessoas estão se tornando pessoais é realmente horrível. Eu sou o mensageiro, não a mensagem”.

Embora tenha sido um fracasso, o filme abriu caminho para discussões importantes sobre gênero e representação em Hollywood.

FONTE: Inverse

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