‘Frankenstein’: conversa de Guillermo Del Toro com seu pai influenciou o filme

Cheyna Corrêa (Texto: André Luiz Fernandes)

‘Frankenstein’: conversa de Guillermo Del Toro com seu pai influenciou o filme
Divulgação: Netflix

A história de Frankenstein é uma das mais famosas e recontadas do mundo, sempre com base no livro de Mary Shelley, publicado em 1818. Mas para Guillermo Del Toro, a adaptação tem um tom ainda mais pessoal, já que tem relação com uma conversa muito séria e particular que teve com seu pai a respeito de um sequestro sofrido.

Em entrevista ao Entertainment Weekly, Del Toro revelou que Frankenstein é um filme que ele vem querendo fazer há tempos. O cineasta diz que uma conversa que teve com seu pai, Federico Del Toro, falecido em 2018, foi importante para a história que será contada no longa:

Meu pai foi sequestrado em 1998, e quando ele voltou, ele não falou sobre isso. E então, antes de ele falecer, eu disse: ‘nós precisamos nos sentar e você tem que me dizer o que aconteceu’. Isso foi muito importante para mim, para entender o homem.

Guillermo faz a ponte com a história de Frankenstein, que também é um conto sobre pais e filhos, de certa forma. Hoje o diretor enxerga também que a demora para a produção era algo necessário:

O que você percebe é que o rancor faz dois prisioneiros e o perdão liberta duas pessoas. Eu pensei que poderia fazer o filme (antes), mas então eu disse: ‘não, graças a Deus não aconteceu até agora’.

O drama da humanidade

A ideia inicial de Del Toro era fazer dois filmes sobre Frankenstein, um sob a perspectiva do cientista, o Dr. Victor Frankenstein (Oscar Isaac) e outro na visão do monstro (Jacob Elordi), mas ambas as visões foram unidas em uma só produção. Guillermo explica, sobre o sentido por trás da trama:

Toda vez que você tem drama em um filme é ótimo. Toda vez que você tem drama em sua vida, isso vem de uma compreensão falsa da vida. Ou você pensa que merece mais ou que não merece isso. E a palavra ‘merecer’ não tem nada a ver com viver. Apenas é. E o filme tenta mostrar essas coisas.

Frankenstein é, basicamente, um drama sobre a humanidade. Embora tenha como base um livro de 1818, os conflitos seguem os mesmos. Del Toro continua:

Nós vivemos em uma época de terror e intimidação, certamente. E a questão principal no livro é ‘o que é ser humano? O que nos torna humanos?’ Não há tarefa mais urgente do que permanecer, em uma época em que tudo é colocado em um entendimento bipolar de nossa humanidade.

Guillermo Del Toro faz uma conexão entre o século XIX de Mary Shelley e a ascensão da inteligência artificial no século XXI. Diz o diretor:

O filme tenta mostrar personagens imperfeitos e o direito que temos de permanecer imperfeitos, e o direito que temos de compreender uns aos outros sob as circunstâncias mais opressivas. Não tenho medo da inteligência artificial. Tenho medo da estupidez natural.

Del Toro comanda um elenco com Oscar Isaac, Jacob Elordi, Mia Goth, Christoph Waltz, Lars Mikkelsen, Charles Dance, Ralph Ineson e muitos outros. Frankenstein chega aos cinemas em 17 de outubro, mas estará disponível na plataforma da Netflix já em 7 de novembro.

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