por Cheyna Corrêa
Nem todo filme de impacto gera uma franquia duradoura. Muitos longas iniciais mudam para sempre o cinema e a cultura pop, mas suas sequências acabam se afundando em roteiros repetitivos, personagens esquecíveis ou em tentativas forçadas de reviver a nostalgia. A seguir, cinco casos emblemáticos de como o brilho de um primeiro título não garantiu a persistência de sua qualidade.
Jurassic Park
Em 1993, Jurassic Park misturou animatrônicos e CGI para dar vida a dinossauros com realismo sem precedentes, arrecadando mais de US$1 bilhão. Spielberg equilibrou ciência e aventura, criando personagens icônicos como Dr. Alan Grant e Ian Malcolm.
Mas O Mundo Perdido (1997) e Jurassic Park III (2001) diluíram a fórmula em roteiros inconsistentes e ação vazia. A reativação com Jurassic World (2015) e suas sequências lucrou mais de US$1,6 bilhão, porém apostou em nostalgia e efeitos grandiosos, sacrificando inovação e coesão narrativa.

Jurassic Park III (Reprodução)
O Exterminador do Futuro
Lançado em 1984 por James Cameron, o primeiro O Exterminador do Futuro revolucionou a ficção científica e eternizou Arnold Schwarzenegger como o implacável T-800. Sua sequência, O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final (1991), superou expectativas ao introduzir o T-1000 e combinar ação frenética com dilemas existenciais.
Porém, a partir de O Exterminador do Futuro 3 (2003) até Destino Sombrio (2019), a franquia se perdeu em roteiros confusos, personagens pouco carismáticos e dependência excessiva de efeitos visuais. Cada tentativa de renascimento – incluindo o retorno de Linda Hamilton – falhou em reproduzir a mágica original, tornando a série um alerta sobre o esgotamento criativo.
Matrix
As irmãs Wachowski redefiniram a ficção científica em 1999 com Matrix, unindo filosofia, estética cyberpunk e a revolucionária técnica de bullet time. Neo e Morfeu tornaram-se símbolos de rebeldia existencial e ação estilizada.
Matrix Reloaded (2003) divertiu com perseguições espetaculares, mas se perdeu em complexidade excessiva e diálogos herméticos. Matrix Revolutions (2003) tentou amarrar pontas soltas com batalhas grandiosas, mas fechou a trilogia com a sensação de perguntas sem resposta. A tentativa de ressuscitar a saga em Matrix Resurrections (2021) resultou em narrativa confusa, ação apática e recepção morna, confirmando o desgaste de um universo que já parecia completo.
Tubarão
Quando Tubarão estreou em 1975, sob o comando de Steven Spielberg, sua trilha sonora icônica de John Williams e o suspense construído pela ausência do monstro marinho criaram o primeiro grande blockbuster de verão. A narrativa de perigo invisível cativou o público e arrecadou mais de US$470 milhões.
As duas primeiras continuações, Tubarão 2 e Tubarão 3, não conseguiram manter o clima de tensão: roteiros genéricos e efeitos amadores diluíram o terror original. Tubarão 4: A Vingança (1987) mergulhou no absurdo ao transformar a vingança de um tubarão “fantasma” em drama familiar, enquanto Tubarão no Espaço (Jason X) levou o predador a bordo de uma nave futurista, selando o naufrágio criativo da franquia.

Tubarão 3 (Reprodução)
Sexta-Feira 13
O original de 1980 criou o modelo slasher em Crystal Lake, apresentando Pamela Voorhees como vingadora e instituindo Jason Voorhees como ícone do terror.
Nas continuações, Jason evoluiu de vingativo a anti-herói sobrenatural: em Jason toma Manhattan (1989), a promessa de caos em Nova York se esvaiu num navio; em Jason vai para o Inferno (1993), o assassino virou espírito errante; e em Jason X (2002), ganhou upgrade cibernético no espaço. Cada desvio de sua origem diluiu a ameaça original e transformou a franquia num espetáculo involuntário de absurdos.
Esses exemplos demonstram que o êxito de um filme singular não assegura a longevidade de sua franquia. Manter o frescor exige equilíbrio entre inovação e fidelidade ao espírito original – um desafio que muitos estúdios não conseguem vencer.
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