Funcionários da EA zombam da obsessão da empresa por IA

Cheyna Corrêa (Texto: Vinícius Miranda)

Funcionários da EA zombam da obsessão da empresa por IA
AI image generated by Canva

A Electronic Arts, uma das gigantes do mundo dos videogames, parece enfrentar uma verdadeira crise interna. Segundo informações recentes, a empresa estaria pressionando seus quase quinze mil funcionários a adotar inteligência artificial em praticamente todas as áreas de trabalho — desde linhas de código até conversas sobre assuntos delicados, como aumentos salariais e promoções.

De acordo com fontes ligadas à EA, essa política teria gerado insatisfação e até deboche entre os colaboradores, que enxergam o movimento como uma tentativa de reduzir custos e, possivelmente, substituir parte da força de trabalho humana no futuro.

A pressão por IA dentro da EA

Segundo um relatório publicado pelo Business Insider, os executivos da EA passaram o último ano incentivando o uso da ferramenta interna chamada “ReefGPT”, um chatbot corporativo desenvolvido para auxiliar nas tarefas do dia a dia. A ideia era aumentar a produtividade e reduzir o tempo gasto com processos manuais.

O problema é que, na prática, o sistema tem apresentado erros graves, gerando códigos falhos e informações inconsistentes — os chamados “delírios” das IAs. Funcionários afirmam que precisam constantemente revisar e corrigir o que o próprio programa produz, tornando o processo mais trabalhoso do que antes.

E o pior: quem atua em áreas criativas, como design de personagens e cenários, relata que está sendo orientado a “alimentar” o sistema com suas próprias criações, o que levanta um grande medo — o de que, no futuro, a IA aprenda com esses exemplos e torne seus cargos desnecessários.

Medo de demissões e clima de desconfiança

Esse sentimento não é infundado. Um ex-funcionário da Respawn Entertainment, estúdio da EA responsável por títulos como Apex Legends e Star Wars Jedi: Survivor, afirmou que a inteligência artificial pode ter contribuído diretamente para sua demissão.

Segundo ele, o sistema conseguiu automatizar parte do seu trabalho como analista de controle de qualidade, revisando e resumindo feedbacks de centenas de testadores de jogo — uma tarefa que antes exigia horas de análise humana.

A partir daí, a preocupação se espalhou. Muitos acreditam que o uso excessivo da IA não é apenas uma tentativa de inovação, mas sim um ensaio para reduzir equipes e cortar custos.

O deboche dentro da empresa

O clima entre os colaboradores teria se tornado tão tenso que, segundo o Business Insider, até memes começaram a circular pelos canais internos de comunicação.

Um dos mais compartilhados mostra um personagem perguntando a três CEOs o que eles querem. Todos respondem em coro: “IA!”. Quando o homem pergunta “IA pra quê?”, os executivos retrucam: “Não sabemos!”. E, por fim, ao questionar “Quando queremos?”, os três gritam novamente: “Agora!”.

O meme rapidamente ganhou dezenas de reações de risadas, refletindo o tom de ironia e frustração que tomou conta dos bastidores da EA.

EA ainda não se pronunciou oficialmente

Até o momento, a Electronic Arts não fez nenhum pronunciamento público sobre o assunto. O silêncio apenas aumenta as especulações e o desconforto entre os funcionários, que temem o impacto dessa política a longo prazo.

Enquanto a indústria dos videogames tenta equilibrar o uso da inteligência artificial com a preservação da criatividade humana, casos como o da EA acendem um alerta: até que ponto a tecnologia deve substituir o talento das pessoas?

O que era pra ser uma revolução tecnológica está se transformando em um motivo de piada — e talvez em uma das maiores crises internas da história recente da empresa.

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