O gamer de 21 anos Neto Silva, que tomava 3 litros de refrigerante por dia para conseguir jogar Free Fire por 18 horas seguidas, está com osteoporose.
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Segundo os médicos, é bastante incomum uma pessoa desenvolver a doença tão cedo, mas os hábitos nada saudáveis de Neto acarretaram no diagnóstico precoce.
“Todos os dias, eu tomava 3 litros de refrigerante e mais 1 litro de café, além de energéticos. Cheguei até a substituir a água para beber refrigerante. Eu precisava disso para me manter acordado e jogar durante 18 horas para me manter no top 1 global de Free Fire“, contou Neto Silva ao portal ‘R7’.
O esforço foi tanto que Neto Silva chegou a faturar mais de R$ 1 milhão com o jogo. Mas a que custo? Ele deixou os hábitos saudáveis de lado e começou a se tornar completamente sedentário, se alimentando mal e vivendo quase sem nenhuma exposição à luz solar.
Para conseguir ficar acordado para jogar Free Fire, Neto Silva começou a tomar muito refrigerante, café e também energéticos. Algum tempo depois, começou a sentir muita dor no corpo – e foi aí que ele procurou um hospital e o diagnóstico veio: osteoporose.
“Comecei a sentir muitas dores no corpo, não encontrava muito bem uma posição [confortável] pra dormir, sentia o osso doendo. Um dia, inventei de sair para correr e comecei a torcer os pés logo nos primeiros passos. Já sentia muita dor nas costelas antes de dormir, mas achava que era por conta da má postura, por ficar muitas horas sentado na cadeira. Mas, quando aconteceu isso, durante a corrida, fui para o hospital no mesmo dia”, disse Neto na entrevista.
Ele fez um exame de densitometria óssea, para avaliar a densidade dos ossos. Os médicos constataram que o gamer estava mesmo com osteoporose primária do tipo 2 – também conhecida como osteoporose senil, que consiste na deficiência de cálcio.
Osteoporose é rara em jovens
Acontece que não havia histórico do problema na família do gamer. A endocrinologista Vívian Simões, da Beneficência Portuguesa de São Paulo, explicou que a ocorrência de osteoporose em jovens é muito baixa. Quando acontece, costuma estar ligada a outras doenças.
“Como as reumáticas (lúpus ou artrite reumatóide); distúrbios alimentares (anorexia ou bulimia); doenças intestinais (Crohn ou Doença inflamatória intestinal); a tratamentos com corticoides; ou em pessoas com restrições alimentares, como vegetarianos ou veganos, o que interfere no consumo de cálcio. Essas situações estariam ligadas à perda de massa óssea ou má absorção de cálcio e vitamina D”.
O ortopedista Guilherme Chohfi de Miguel, responsável pelo diagnóstico e acompanhamento do gamer, explicou melhor a situação.
“Inicialmente, ficamos surpresos com um paciente com osteoporose nessa idade, pois não é o que esperamos de rotina. Mas, por conta do estilo de vida e seus hábitos, foi possível estabelecer uma ligação que levasse à osteoporose”.
Portanto, os hábitos de vida adquiridos por Neto Silva – em prol do objetivo de jogar incessantemente – o levaram ao sério problema de saúde. Segundo os médicos, os costumes têm influência direta na saúde óssea.
Existe elevação de risco quando a alimentação não é saudável, a pessoa não consome alimentos com cálcio e não se expõe ao sol com frequência. Tudo isso leva à diminuição da absorção de vitamina D pelo organismo.
A falta da prática de exercícios físicos também influencia na absorção dos nutrientes e no fortalecimento muscular, importantes para diminuir as chances de fraturas.
“A quantidade de cafeína consumida por dia deve ser de até 400 mg. Quando atingimos mais de 800 mg, já temos comprovação de que teremos malefícios ao corpo. Lembrando que nessa quantidade devemos contar o café, refrigerante (tipo cola), energéticos, pré-treinos ou qualquer outro produto que possa conter cafeína. Quando consumimos 100 ml de café coado, estamos consumindo cerca de 85 mg de cafeína; 250 ml de energético, entre 80 e 90 mg, 350 ml de refrigerante tipo cola são em torno de 35 mg de cafeína”, disse o ortopedista.
Depois do diagnóstico de osteoporose, o gamer de 21 anos precisou tomar alguns medicamentos e mudar completamente seus hábitos de vida.
Neto Silva afirma que começou o tratamento medicamentoso, repondo cálcio e vitamina D. Ele ainda iniciou uma rotina de atividades físicas, alimentação saudável e melhora na qualidade de sono. O jovem já notou melhora clínica significativa depois disso.
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